Capítulo 15

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Capitulo 15

—Eles vão passar — Caio falou em tom tremulo, querendo se convencer de que ficaríamos bem, eu engoli em seco e recuei, os infectados continuavam a se chocar cada vez mais violentamente contra o veículo, alguns deles eram empurrados por seus companheiros

"Não vão não" pensei, em seguida recuei levemente para trás, encostei no banco, continuei curvada para frente, olhei para a lataria ao ver a figura de um infectado que se chocou violentamente contra o vidro, arrastando a poeira junto a sua saída

—Deveríamos fazer algo? — falei em tom tremulo, meu coração batia rapidamente, sem saber como agir, Caio estava tão assustado quando eu, ele sorriu e balançou a cabeça negativamente, afastando-se brevemente da janela, virou-se para o lado, vendo a figura dos infectados que continuavam a passar

—Ficar calmos e — ele parou de falar quando um infectado se chocou com força contra o veículo, trincando o vidro ainda mais — rezar — ele sorriu e inclinou-se para trás, tentando se esconder ao máximo da figura dos infectados

—Esse carro não vai durar— Falei em tom baixo, atraindo a atenção dele, que concordou com um som, desviou o olhar para o teto e sorriu, sem acreditar que havia se colocado naquela situação

—Temos que continuar aqui... É isso ou tentar sair pelo seu lado — sorriu — mas estão vindo de trás... podem acabar nos vendo — fez uma pausa — quer arriscar? — balancei a cabeça negativamente

—Ainda bem que paramos aqui — falei em tom baixo, tive minha atenção tomada por um infectado que se chocou violentamente contra o veículo, amassando o vidro que já estava trincado

—Não vai aguentar muito — Ele falou em tom baixo — Temos que sair daqui — ele me olhou, soube que não havia chance de fugir — ou nos afastar daqui — olhou para mim e balançou a cabeça negativamente

—Nos afastar daqui? — Falei com duvida

—Isso aí — ele balançou a cabeça e sinalizou o banco com receio — vamos ter que dividir — o fitei, acreditando que ele estava brincando, Caio balançou a cabeça negativamente e posicionou-se levemente para a frente — Vai mais pra lá

—O que!? —falei em tom baixo, outro infectado chocou-se contra o veículo, me fazendo perceber que aquela era a única saída, ou o que fosse nos garantir um pouco mais de tempo, para quem sabe resistir a passagem daquelas coisas.

—Vem — falei ao me esforçar para me levantar, firmando minhas pernas no veículo e apoiando a mão no banco, permitindo que ele sentasse na beira do banco, sentei-me no outro lado, sentindo meu corpo no espaço entre o banco e a porta, ele apoiava sua mão no outro banco, afim de não cair

—Não deve durar muito tempo — ele falou em tom baixo — assim que essas coisas saírem, a gente vai pra uma dessas casas, é melhor do que — ele parou de falar quando um infectado se chocou com força bruta contra o veículo, trincando ainda mais o carro e abrindo um buraco onde estava a cabeça do infectado. Que voltou a seguir o caminho, indo em direção aos outros.

Caio sentou-se mais para o meio do banco, eu levantei-me brevemente, deixando que acomodar no banco, em seguida tornei a me sentar, ficando com minhas pernas a cima das deles, continuava encostada na porta do carro, queria evitar contato o máximo possível, mas aos poucos o esforço para me manter afastada dele me cansava

—Eu não mordo — A voz dele soou baixa, em seguida sorri e balancei a cabeça negativamente, ele reparava no vidro, olhava fixamente para a janela —Mas eles mordem... se você continuar aí, vão acabar te vendo

"É claro que vão" pensei, ele estava certo, mas não queria me aproximar dele. Mas entre isso e acabar sendo devorada, acabei relaxando e encostando um pouco mais nele, deixando meu peitoral encostar no seu, fazendo-o recuar por completo no banco, mantive minha cabeça perto de seu ombro, mas evitei encostar nele, minha mão esquerda estava no espaço entre o banco e a porta, já a direita estava a cima de meu corpo.

O cheiro dele era forte, seu peitoral ainda estava manchado de suor, senti o cheiro de minha urina, imaginando se ele também estaria prestando atenção nele, aos poucos acabei cedendo e encostando a cabeça em seu ombro, Caio estava inquieto, olhando fixamente para a figura dos infectados que continuavam a correr

—Devem estar acabando — A voz de caio soou baixa, sua boca estava distante de minhas narinas, mas senti seu hálito forte, o meu também deveria estar do mesmo jeito, ou quem sabe pior

"Esperar um pouco" pensei, reparando no cheiro forte dele, que não saia de minhas narinas "Vão parar de passar?" fechei meus olhos brevemente, sentia o coração dele bater, estava acelerado e parecia bater como uma britadeira

—Você está nervoso? — Falei em meio a um sorriso, ele forçou um sorriso e concordou com um som, outro infectado chocou-se contra o veículo, permaneceu no lugar do impacto, que me fez engolir em seco e descer a mão direita para o corpo dele, a deixando na região de seu peito, sentindo seu coração, que havia acelerado ainda mais

—Você não? — falou quando o infectado saiu, me fazendo concordar com um som, continuei com a mão a cima de seu peito, distraindo-me com seu cheiro

—Acho que o carro era mais seguro — Falei com um sorriso, tentando disfarçar meu nervosismo, ele concordou com um som, mostrando que não estava muito afim de conversar — ou do outro lado da ponte

—Qualquer lugar é mais seguro do que aqui — A voz dele soou baixa e tremula, mostrando todo seu nervosismo, olhávamos fixamente para o buraco no vidro que havia sido empurrado levemente para dentro, o vidro era resistente, mas não conseguiria resistir a muitos esbarrões.

—Demos sorte de estar aqui — Falei — você queria sair... a gente ia estar no meio da rua, essas coisas teriam nos pegado — ele balançou a cabeça levemente

—Ou teríamos passado por eles e estaríamos em uma casa — sorri, dando relevância a sua opinião — tranquilos e a salvos... em segurança — ergui a sobrancelha esquerda, percebendo que ele estava mesmo falando sério

—Mas estamos aqui — Falei em tom baixo, fazendo-o fungar, outro infectado chocou-se contra o carro, dessa vez contra a lataria — Acho que gosto daqui — eu o vi olhar para mim, ignorando meu flerte que era composto de puro nervosismo

—Eu não —A voz dele soou calma — preferia estar preso em um banheiro cheio de bosta, mas que soubesse ser seguro a estar no meio de uma rua com essas coisas passando a todo instante

—Eu também. mas estamos aqui — ele concordou com um som, em seguida desviou o olhar e virou seu pescoço levemente em direção a janela, fazendo com que meu olhar fosse voltado a ele, percebi uma cicatriz que descia para seu peitoral

—Infelizmente — A voz dele soou baixa, dando origem ao silencio durador.

Os infectados continuaram a passar por horas, com o mesmo pique, mostrando que eram incansáveis, mostrando que o alcance do sangue era gigantesco.

—Já foram quantos? — Falei em tom baixo, atraindo a atenção de Caio, que olhava o vidro, que estava inclinado para dentro — Dois ou três mil? —sorri, o vi balançar a cabeça negativamente

—Estamos aqui a mais de três horas — ele sorriu — ao menos eu acho — o sol estava em nosso rosto, devia ser por volta de cinco da tarde — é praticamente o mesmo fluxo, essa rua é larga, devem estar passando duzentos por minuto

—Não —falei em tom baixo, sem querer acreditar naquilo — se isso for verdade, já passaram mais de quarenta mil — ele concordou com um som, me fazendo sentir medo.

—E vão passar bem mais — A voz dele soou tremula — porquê vamos dormir aqui hoje — engoli em seco e recuei a cabeça levemente, afastando-me de seu pescoço, prestei atenção nos infectados que pude reparar através da janela.

Sabendo que era questão de tempo para que acabassem de quebrar o restante do vidro, mas teríamos de passar a noite ali.

Com ou sem vidro.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora