Capítulo 18

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Capitulo 18

Caio e eu dividíamos o quarto, ele havia colocado o sofá em frente a porta, a bloqueando, o sol já havia se posto a horas, as cobertas e roupas que havíamos trocado estavam com cheiro de poeira, um cheiro estranho.

Havíamos combinado de tomar banho sendo rápido, por conta da água gelada, tiramos somente a sujeira de nosso corpo, caio aproveitou o lugar e encontrou uma tesoura, cujo usou para aparar a barba e o cabelo, que não estava muito grande.

Pode ser estranho, mas dormir naquela cama sozinha me trazia uma sensação estranha, mas eu não iria pedir para ele deitar-se em meu lado, ele poderia acabar confundido as coisas, me contentava com o travesseiro, cujo abraça com certa força

—É tão estranho —A voz de caio me fez abrir os olhos — Ficar aqui — ele sorriu — essa casa estava boa, arrumada —sorriu — limparam ela — fez uma pausa — mas por que? — fiz um barulho, mostrando não saber

—Arrependimento?

—Pelo o que? — o escutei sentar-se, o sofá de couro fez um som estranho — por ter ficado vivo? — tornei a fazer um som, em seguida curvei-me para a frente, não estava com sono

—Quem sabe — o ouvi respirar com certa frustração — mas também acho esse lugar esquisito — fiz uma pausa — não sei porque

—Está com medo?

—Eu queria que eles estivessem aqui — Falei depois de alguns segundos, ouvi o barulho do sofá novamente, Caio continuou a se mover por alguns momentos

—Esse sofá é uma bosta — o escutei levantar-se, em seguida senti a cama afundar um pouco mais, continuei virado em sua direção — Não vou dormir ali — senti um rápido aperto no peito, eu queria dividir a cama com alguém, mas agora a ideia parecia tão estranha.

"Eu deveria ir dormir lá?" pensei, continuei olhando no lugar em que ele deveria estar sentindo meu coração bater de forma estranha, percebi que na verdade queria sentir o calor de seu corpo, não, queria sentir o calor de qualquer corpo.

—Bruna —escutei sua voz — tudo bem se eu dormir aqui? —concordei com um som, continuava a sentir meu corpo estranho, um nervosismo, passei a sentir calor

—Não trouxemos água —falei depois de alguns segundos de silencio — Não é? — concordou com um som, virei-me de costas para ele— Que horas você acha que é?

—Oito — ele falou em tom baixo — talvez nove — balancei a cabeça negativamente, não conseguiria dormir tão rapidamente —Você não acha estranho? — o escutei sorrir — entrar em uma casa e dormir nela. Sem saber quem já morou aqui

—É melhor do que lá fora — virei em direção a ele —pelo menos temos um teto agora — sorri — e uma cama... além dos feijões — ele discordou com um som, sabendo que eu estava debochando de suas habilidades culinárias, já que o feijão que ficara na parte inferior da panela depressão havia queimado

—Você não quis comer as ervilhas — A voz dele soou baixa, funguei e balancei a cabeça negativamente, disfarçava um sorriso, mesmo sabendo que ele não conseguia ver meu rosto

—Caio? — Falei um bom tempo depois, o escutei fazer um som baixo, mostrando que estava acordado, movida pelo momento estendi minha mão, tocando em seu braço, recuei de imediato

—O que foi?

—Frio — resolvi menti, queria mesmo sentir seu corpo contra o meu, me sentir segura novamente, a verdade é que eu estava com medo, mesmo sabendo que não teriam infectados ali. Não era medo, era uma sensação de solidão.

E pra ser sincera, venho sentindo isso a alguns meses, como se não estivesse viva de verdade, queria toca-lo, queria que ele me tocasse.

Senti ele me cobrir com sua coberta, engoli em seco sabendo que ele estaria descoberto, virei de costas, aguardando que ele buscasse espaço abaixo da coberta, abri os olhos segundos depois, percebendo que ele continuava imóvel.

Continuava a sentir a mesma sensação, pensava em ir até ele, dividir a coberta com ele, criei coragem para ir até ele, encobrindo seu peitoral com a coberta, o senti recuar o corpo levemente para o outro lado, achando que eu só queria encobri-lo.

Coloquei-me em seu lado, estava virado em sua direção, mas nossos corpos ainda não se tocavam, minha respiração estava direcionada na direção no corpo dele, que continuava deitado de barriga para cima.

—Quer que eu vire de costas? —ele falou em tom baixo, respondi aproximando-me dele e atravessando minha mão por seu corpo, sentindo a sensação ficar ainda mais forte em meu estomago, engoli em seco e criei forças para curvar meu corpo sobre o dele, posicionando minha cabeça sobre o seu peito direito.

Seu cheiro estava diferente, pude escutar seu coração batendo de maneira rápida, assim como o meu, e não poderíamos arranjar desculpas, dizendo que era por conta dos infectados, pois estávamos seguros.

A verdade era que queríamos estar juntos.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora