Capítulo 11

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Capitulo 11

O infectado saltou sobre mim, me derrubando em cima de minha própria urina, senti o impacto, mas o mantive afastado de mim, levando minhas mãos a seu pescoço e o forçando a se afastar

—Caio — falei com toda minha força, continuava mantendo o infectado longe de mim — Me ajuda —senti lagrimas escorrerem por minha face, não acreditava que iria morrer daquela forma, ou pior, ser transformada em uma criatura sanguinária, vi a sombra de Caio na lateral, apontava a arma

—Não dá pra atirar — ele falou em tom firme, em seguida o vi puxar o infectado para longe de mim, o afastando no chão, acertou um tiro certeiro na cabeça do infectado, que cessou seus movimentos, ele olhou de um lado ao outro, preocupado com os infectados que haviam escutado o disparo, foi até mim e ofereceu sua mão a mim, que aceitei e entrei no carro, em seguida o vi dar a volta e entrar no carro, começou a dirigir, ainda com o banco deitado

—Você demorou — falei em tom baixo, ele me olhou confuso, avaliou meu corpo rapidamente, tentando ver se eu havia sido ferida — eu poderia ter sido mordida! — ele olhou para a rua e para mim rapidamente, parando o carro

—Eu —ele engoliu em seco —não sei — forçou um sorriso, sem saber como agir — sei eu tivesse atirado... você seria atingida. Eu não sei usar essa coisa — eu desviei o olhar, mas continuei a chorar, me livrando de toda a tensão daquele momento, que ficaria para sempre em minha memoria

—Você hesitou!?

—Não — ele falou em tom baixo — eu não — ele largou a arma e levou as duas mãos à cabeça, havia sim hesitado, havia pensado em pegar o carro e me abandonar ali com aquele infectado

—Você ia — me interrompeu

—Eu... — A voz dele soou tremula — não? — ele golpeou o volante, buzinando e assustando-se, sorriu e balançou a cabeça negativamente — eu não ia abandonar você!

—Eu quero minha irmã — ele assentiu e encostou a cabeça no volante, fazendo com que a buzina fosse acionada, mas não retirou a cabeça do volante, percebi que ele chorava, senti pena, mas continuava com raiva, ele havia cogitado me abandonar

—Eu matei aquele garoto — ele ergueu a cabeça, me fazendo suspirar por um breve momento, ele estava confuso — eu não ia largar você — seus olhos escorriam lagrimas de maneira veloz — mas eu o matei — ele tornou a levar as mãos à cabeça — e se existir uma cura? Eu terei o matado a troco de que?

"Está chorando por isso?" pensei, senti um aperto no peito, não havia notado a quanto tempo a sombra dele estava ali, minha atenção era para o infectado, não para uma sombra

—Ele era um garoto... eu o matei — Caio fungou, fazendo com que seu nariz escorresse um pouco de catarro, cujo limpou com seu antebraço — ele — engoliu em seco e balançou a cabeça negativamente

—Ei — coloquei a mão em seu ombro, comovida com a reação dele, contive minhas lagrimas, pensando no quão doloroso aquela situação deveria ter sido para ele, Caio aceitou meu afeto e continuou a derramar suas lagrimas por alguns momentos, até que um infectado se chocasse violentamente contra o carro, fazendo caio pisar no acelerador por instinto. Por conta da velocidade acabei sendo chocado contra o corpo dele, minha mão que antes estava em seu ombro desceu por seu corpo, parando na região de sua cintura

Senti minha mão encostar em algo gelado e molhado, levei alguns instantes para perceber e recuar meu corpo e minha mão, levei os olhos para a região do abdômen dele, vendo que seu pênis estava de fora. Ele mantinha os braços firmes no volante e não parecia ter ligado para a situação, ainda assim me incomodei com aquilo

—Por que você está... — dizia até que recordei do acontecido, ele estava urinando quando aconteceu, não teve tempo de guardar seu pênis em seu devido lugar, sorri e balancei a cabeça negativamente, ele continuou a dirigir — Guarde essa coisa!

Ele largou as duas mãos do volante por um momento, olhei para a cintura dele novamente e o vi frear o carro de forma rápida, fazendo com que nos dois fossemos lançados contra o painel do veículo,

—Você não — voltei ao meu lugar, o vendo subir o zíper de sua calça, o fitei ao perceber a expressão facial estranha que ele fazia

—Ótimo — Caio começou a dar risada, mostrando certa descontração, eu contive meu sorriso por um momento, mas também passei a acompanha-lo, não sabia porquê estávamos rindo

Aquela imagem substituiu o infectado que havia me atacado, não havia reparado bem, mas percebi que era completamente diferente do de Pedro, a primeira diferença era os pelos que cobriam parte dele, além de uma pele que cobria a glande de seu pênis. Até aquele momento imaginei que todos os homens eram circuncidados

—Está rindo do que? — ele falou ao conseguir cessar sua risada, eu dei de ombros, mas continuei a sorrir, o fazendo voltar a dar risada

—Seu pau — eu sorri e o olhei é estranho — tem essa pele aí — ele curvou o corpo para a frente e passou a dar risada com mais descontração, sendo afetado por minhas palavras — É estranho

—E você que esta mijada? — ele me fitou, sinalizou meu cabelo, que havia sido molhado com minha urina, além dele minhas costas também estavam molhadas, mas ele ainda não havia percebido.

—Seu pinto é estranho — eu o fitei, ele manteve o contato visual, me envergonhei no mesmo momento

—E você pegou nele? — ele sorriu com suas palavras, mas se arrependeu delas ao perceber meu desconforto, fazendo com que o carro ficasse em silencio

—Esquece isso — eu falei depois de alguns segundos — eu também vou — fui interrompida pelo mesmo infectado que se chocou contra a traseira do veículo, me fazendo olhar pelo retrovisor e voltar a dar risada.

Nossa descontração durou alguns momentos antes dele voltar a dirigir, não ligávamos para o infectado que estava no lado de fora, dezenas deles haviam tentado durante a noite, por que é que deveríamos temer um só?

O momento estranho havia me mostrado que eu poderia confiar nele, e acima de tudo, parar de considera-lo como uma ameaça. Pelo contrário, no momento ele é a melhor companhia que eu poderia ter no mundo, era minha melhor chance de sobreviver.

Além do mais, não era umaameaça.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora