Capitulo 20

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Capitulo 20

Nove dias depois, espiávamos os infectados pela janela da sala que era protegida com uma grade, eles não se posicionavam em frente à casa, pois os lençóis haviam sido queimados durante no segundo dia.

Tínhamos esperança de que os infectados fossem embora, mas eles continuavam perdidos, indo de um lado a outro e tumultuando o bairro

—Não é estranho? — falei em tom baixo, Caio concordou em tom baixo, estava sem dizer nada a alguns minutos — eles não sabem que o sangue veio daqui — sorri — mas continuam procurando

—Ainda bem —sorriu —derrubariam esse portão fácil — ele colocou a mão em meu ombro e sinalizou o sofá com a cabeça, saiu da janela e caminhou até lá, continuei na janela por um breve momento, sentei-me ao lado dele, que passou a mão por cima de meu ombro e me puxou em sua direção, me deixando inclinada a cima de seu corpo, acabei deitando deixando minha cabeça em seu colo, em seguida o olhei

—O que você fazia antes disso? — ele sorriu e balançou a cabeça negativamente

—Trabalhava no campo — A voz dele soou baixa — Quer dizer — ele inclinou a cabeça para baixo, olhando em meus olhos — eu ajudava minha tia, tínhamos uma pequena plantação de milho, eu ajudava ela

"Homem do mato?" eu sorri e ergui meu corpo para a frente, em seguida tornei a sentar-me em seu lado, olhei para ele, avaliando seu corpo, era consideravelmente magro, mas tinha seu corpo definido

—E você?

—Assistia series, ia para a escola e fazia curso de inglês — ele balançou a cabeça negativamente — O que? — ele continuou a balançar a cabeça — não acredita é?

—Eu nunca terminei o fundamental — A voz dele soou baixa — mas sou inteligente — sorriu — eu acho — o fitei e sorri — você chegou a terminar o ensino médio? — balancei a cabeça negativamente

—Estava no terceiro quando aconteceu, deveria ter me formado no fim do ano —eu sorri — planejava ir para a Califórnia — ficamos em silencio por um longo momento, até que o som de um infectado chocando-se contra algo atraiu nossa atenção, fomos a janela e vimos que o número de infectado na rua havia triplicado.

Os infectados andavam de um lado a outro, esbarravam uns nos outros, um deles estava contra o portão, tentava sair a todo momento, mas era empurrado pelos outros infectados que iam de um lado a outro

—Qual a chance dele tentar entrar? —falei em tom baixo, Caio sorriu e sinalizou o quarto com a cabeça

—Vamos ficar lá? — ele sorriu, balancei a cabeça negativamente, não queria ficar deitada naquela cama, caminhei para o rack e abri suas gavetas, retirei alguns papeis e os deixei no chão, retirando também um celular descarregado e um controle remoto, os deixei em cima da pilha de papeis,

—O quintal — falei em tom baixo — A gente pode ficar lá um pouco — ele hesitou, mas assentiu, havíamos olhado para o quintal largo, tinha cerca de seis metros de comprimento e cinco de largura, varais vazios o enfeitavam, além das maquinas de lavar que ficavam em frente a um tanque

—Temos de pegar um pouco de sol — Ele falou em tom baixo, concordei assentindo, ele sinalizou o sofá, que bloqueava a porta — quer levar para lá? —sacudi a cabeça negativamente, se os infectados passassem pelo portão, o sofá bloqueando a porta iria atrasa-los por alguns momentos, peguei os papéis utilizando minhas duas mãos e tomei rumo a cozinha, sendo seguida por ele, que adiantou-se para abrir a porta

—Não deve ter mais muito tempo de sol — ele falou em tom baixo — talvez duas horas — colocou a mão em minha costa, fomos juntos ao centro do quintal, ele sentou-se no chão, segundos depois deitou-se

—Vou pegar uma cadeira — falei antes de deixar os papeis na pia, em seguida peguei uma das quatro cadeiras que estavam na mesa e a levei para o lado e fora, sentei-me em frente a ele, que mantinha seus olhos fechados — Não deveríamos estar fazendo algo para nos proteger caso eles entrem aqui?

—Ainda tem a porta —Caio abriu os olhos — depois o sofá... eles não conseguirão passar do portão, não se preocupe com isso — ele se esforçou para me olhar — se bem que podemos usar o outro sofá pra bloquear a porta por completo, eu assenti, achando ser uma boa ideia, depois do que havia acontecido, não iriamos dormir separados

—Depois a gente faz isso — Falei em tom baixo, o vi sentar-se e virar a cabeça em minha direção

—O arroz está vencido a um tempo — A voz dele soou baixa — mas podemos cozinhar — sorriu — acho que não vai fazer mal — assenti, já estávamos comendo feijão vencido, que mal o arroz poderia fazer?

—A gente precisa achar mais comida —falei em tom baixo, restavam três pacotes de feijão e um de arroz, além de quatro embalagens de macarrão, cujo havíamos combinado deixar em último caso, afinal usaria mais agua no preparo, além do óleo que não tínhamos.

—Temos tempo — A voz dele soou baixa — podemos começar explorando as casas do lado — ele sorriu para mim, que concordei — Nós pegamos primeiro as coisas, usamos o gás e agua que tiver lá — ele desviou o olhar — vai ser trazer as coisas para cá — fez uma pausa — vamos ter de pular os muros com as coisas — concordei assentindo

—E se fizermos buracos na parede? — Falei em tom baixo — para ligar as casas? — ele balançou a cabeça negativamente

—Difícil, perderíamos muito tempo — ele levantou-se em meio a um gemido, caminhou para o lado da porta e encostou-se, ficando na sombra, olhei para ele e discordei — E não seria muito seguro

—Por que? — ele balançou a cabeça negativamente — Acha que vão ter zumbis do outro lado? — ele sorriu e veio em minha direção, parou em minha frente e curvou-se para a frente, me deu um beijo na lateral do rosto

— É um risco — ele sorriu — é melhor vermos se o lugar é seguro mesmo — desviou o olhar e sinalizou os maquinas de lavar com a cabeça — acha que aguentam você? — dei de ombros, a tampa não parecia muito resistente — A geladeira, ele entrou na casa com passos calmos, em seguida arrastou a geladeira que rangia com suas puxadas, chegou ao lado de fora e eu passei a ajuda-lo, atravessando o quintal empurrando a geladeira, que foi encostada ao lado de uma das maquinas, se subíssemos nela poderíamos observar a outra casa

—E ai? — ele falou depois de alguns segundos — quer tentar agora? — sorriu, mostrando seus dentes, tentava me passar confiança, assenti, ele colocou a mão ao lado da máquina, subi com lentidão, em seguida subi na geladeira com certo esforço, encostei meu corpo no muro, que acabava na altura de meu peitoral, o outro quintal tinha roupas no varal, além dos restos mortais de um cachorro que estava preso em uma coleira e uma cadeira de balanço.

A porta da casa era de vidro, as janelas estavam abertas.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora