Capítulo 9

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Capitulo 9

Os infectados se chocavam contra o vidro de tempos em tempos, Caio e Eu já estávamos nervosos, mas continuávamos olhando para os infectados com certo receio

—Não dá pra fazer nada — Caio falou em tom baixo —temos que esperar aqui —engoli em seco, Caio estava tranquilo quanto os infectados, mas o grunhido deles me incomodava, ainda mais ao veloz disputando espaço.

Havíamos fechados as portas e desligado o carro, afim de diminuir o barulho que faríamos, mas eles continuavam ali, já havia mais de duas horas que estávamos parados

—Eles sabem que estamos aqui?

—Não... só estão se batendo contra o carro porque se mexeu, essas coisas —sorriu — não deve ser mais inteligente que — sorriu — aranhas? — forcei um sorriso, mas não senti tranquilidade alguma

—Mas sabem que estamos aqui?

—O carro se mexeu — ele falou em tom baixo — eles têm certeza de que algo está errado..., mas o carro não sangra... o que eles devem achar estranho — sorriu — estão tentando matar o carro... querem conseguir um pouco de sangue

—Um pouco?

—Na verdade eles querem arrancar nossa carne, já viu o que eles fazem quando alcançam alguém? — Engoli em seco, havia assistido a alguns ataques na internet, mas nunca havia presenciado um ataque que acabara em morte

—Eu já vi alguns — forcei um sorriso, que pelo nervosismo

—Já viu os restos? — ele falou antes de me fitar, fazendo-me desviar o olhar e forçar um sorriso, encostei por completo no banco e fechei meus olhos, acomodei no banco o descendo um pouco mais

—É muito bizarro — o garoto falou alguns momentos depois — você não tem ideia do que eles fazem... quando o sangue cai neles —sorriu — já vi um deles consumir a própria carne

—Por causa do sangue? — ele assentiu, fazendo-me engolir em seco — Significa que não tem como sair daqui? — Caio balançou a cabeça negativamente

—Vamos torcer para que vão embora... é o melhor que podemos fazer

—O melhor? —falei com deboche, Caio fungou e desviou o olhar, desceu o banco e deitou-se, me fitou por um breve momento, virei em sua direção, permitindo que nossos olhos se encontrassem por um longo momento

—Você tem quantos anos? — ele falou

—Dezoito — falei em tom baixo, ele assentiu e olhou para o teto — E você?

—Vinte e três — A voz dele soou calma, duvidei de suas palavras, com aquela barba, aparentava ter no mínimo trinta, meu sorriso expressou isso — Não acredita?— ele fungou e mexeu no bolso de sua calça, retirando uma foto dobrada em quatro partes, a entregou para mim, que pude observa-la.

Caio estava ao lado de outros dois garotos, estes mais novos que ele, deviam ter algo entre sete e oito anos na época, Caio também parecia estar mais jovem, muito mais jovem

—Seus irmãos? — ele balançou a cabeça negativamente

—Minha mãe me adotou — sorriu — na verdade, a irmã dela morreu, daí ela me criou como filho. estes são os filhos de verdade dela — ele suspirou e balançou a cabeça negativamente

—Onde estão?

—Mortos... eu enterrei cada um deles — Caio pegou a foto com certa lentidão, tornou a dobra-la e guardou em seu bolso, em seguida fechou os olhos, desviei o olhar para o teto, ouvindo o grunhido dos infectados, que continuavam agitados.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora