Capítulo 13

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Capitulo 13

—Cadê eles!?

—Calma... tinha muitos zumbis lá — ele engoliu em seco — eu — balançou a cabeça negativamente — estou nos tirando de lá — abri a porta do carro e desci, caminhei para o caminho de volta, o cheiro do rio tiete continuava o mesmo, na verdade estava pior.

—Bruna? — olhei para trás e o vi saindo do carro, caminhou com passos largos até a minha direção — pra onde você — parou de falar quando olhei para a frente, vi sua sombra se aproximando da minha

—Eles podem estar lá — Virei para ele, que parou de se mover, mostrou certa preocupação — você não — ele sorriu e balançou a cabeça negativamente

—Eu vi o prédio. Tinha centenas de infectados ao redor... eu não vou deixar — dei as costas a ele e voltei a andar, dessa vez apressando meus passos, percebendo que teria um longo trajeto até o outro lado

—Eu não preciso de sua proteção — me convenci disso enquanto falava — você não tinha o direito de ter — ele me ultrapassou com uma rápida caminhada, virou para mim e andou de costas

—O que você quer fazer? Você nem saberia chegar lá —sorriu — e eu também... tem centenas de prédios por aí, Como você vai encontrar aquele em especifico? — senti um aperto no peito, sabendo que ele estava certo, era um bairro qualquer e eu não sabia a direção em que teria de ir

—Você não tinha o direito — falei em tom firme — minha irmã poderia estar lá! — ele assentiu e sorriu de nervosismo, parou de se mover, eu o imitei, fitando-o com certa fúria

—Você ia querer ir lá — a voz dele soou baixa —eu só — balançou a cabeça negativamente — não dava pra tirar aquelas coisas de lá... nós — ele sorriu — morreríamos... nunca daria certo. A luz atraiu os infectados, eu te falei

—Era minha irmã quem estava lá — falei em tom firme, me convencendo daquilo — e você — ele suspirou e desviou o olhar, mostrando um misto de vergonha e arrependimento

—Eu quis proteger você — a voz dele soou baixa — se entraram naquele prédio... nunca vão conseguir sair — sorriu — eles não iriam subir tanto em algumas horas... você sabe disso — desviei o olhar, aceitando suas palavras

—Vamos voltar — minha voz soou firme, ele balançou a cabeça negativamente, me fitou com receio

—Não posso fazer isso — desviou o olhar — temos de continuar seguindo em frente... nos afastando daquelas coisas — ele sorriu — você quer voltar? — continuei o fitando — sabe que não daria certo... eu estou aqui fora a mais de um ano, eu sei como as coisas são. Se voltarmos, vamos acabar mortos. Temos de sair daqui

—Você não — me interrompeu

—Sua irmã — ele se aproximou com dois passos — acha que ela conseguiria subir as escadas? — engoli em seco — vamos lá Bruna. Você sabe que eu estou certo — desviei o olhar

—Eu preciso encontra-la — falei em tom baixo — ela precisa de mim — ele assentiu, concordando com minha opinião — temos que ir até lá — ele desviou o olhar e suspirou, olhou para o canto da via

—Vamos acha-los — A voz dele soou tremula, como se duvidasse de si mesmo — mas primeiro precisamos encontrar um lugar seguro — ele sorriu — entendeu? — eu hesitei, mas assenti, dei as costas a ele e voltei para o carro, subi o banco e coloquei o cinto, o vi entrar no carro com lentidão, parecia se envergonhar de si mesmo

—Você não quer voltar — falei em tom baixo, ele ligou o carro e começou a dirigir lentamente — Mas fica mentindo para mim — ele desviou o olhar e encostou-se no banco, parou o carro e fechou os olhos

—Estou tentando te proteger

—Eu não preciso de proteção... eu sei me cuidar — ele abriu os olhos e sorriu, em seguida curvou-se para a frente

—Se eu deixasse você partir, o que você iria fazer? Matar aqueles infectados? Atrair a atenção deles e correr? —sorriu — vão ter infectados lá dentro. Eu tenho certeza disso — suspirou — a troco de que?

—Pode ser minha irmã

—Não é sua irmã — A voz dele soou calma — você sabe disso, quem estava lá. Está a meses naquele lugar, não daria tempo de subir aquelas escadas. Ela teve um parto normal a quatro dias... acha que funciona assim?

"Ele está certo?" pensei, desviei o olhar brevemente, a expressão facial dele mostrava confusão, odiava a si mesmo por suas palavras. Mas sabia que tinha certeza

—Você quer ir atrás deles — a voz dele soou baixa — eu sei disso — sorriu — eu também não quero deixar o bebê lá. Mas temos que fazer isso. se tivermos sorte, vão estar vindo na mesma direção que nós... podemos encontrar tintas e zonear uma área

—Quando?

—Assim que encontrarmos um lugar — a voz dele soou calma, sorriu para mim e projetou-se levemente para a frente — confie em mim — ele desviou o olhar — está bem? — balancei a cabeça negativamente, temendo que estivesse nos afastando cada vez mais de minha irmã e meu sobrinho

—Quando? — falei, fazendo-o balançar a cabeça negativamente e sorrir de nervosismo, mostrava receio em responder, tornou a repetir o movimento, projetou seu corpo para a frente e colocou as mãos no volante, coloquei minha mão em seu ombro

—Vamos sair daqui primeiro... depois vemos o que faremos — A voz dele soou tremula — está bem? — eu assenti, apesar de não querer. Confiava nele

—Preciso trocar o absorvente — falei em tom baixo, peguei a embalagem no banco traseiro — desce do carro — ele deixou de acelerar, fazendo carro parar metros à frente, desceu sem dizer nada.

"Eu devia te deixar aqui" pensei, cogitando a ideia de tranca-lo do lado de fora do carro e continuar a dirigindo pela marginal tietê, afastei aquela ideia e troquei o absorvente, jogando o usado pela janela, sem reparar no tanto de sangue que tinha nele. Eu seguida buzinei, dando permissão para ele entrar.

Ele voltou a dirigir, com a mesma velocidade, acabamos chegando à ponte, que infelizmente tinha muitos veículos, bloqueando a nossa passagem, ao menos pelo veículo.

—Vamos continuar a pé — ele falou em tom baixo, em seguida desceu do carro, abriu a porta traseira e pegou a cesta, que ainda tinha duas latas de comida e uma garrafa d'agua, além de algumas embalagens de absorvente e pilhas.

—Ótimo — falei ao descer do carro, frustrada com aquilo. não bastava o cheiro forte que invadia o carro, teríamos de continuar a pé.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora