Reta final

Capítulo VI

Lena Luthor POV'S

- Aah, Oi! Você acordou! Eu acordei cedo, você estava dormindo tão bonitinha que fiquei com pena de te acordar. Tomei a liberdade de ir na sua cozinha e preparar um café. - Entrei no quarto vendo que a Kara havia acordado.

Estiquei a mão e ela pegou a xícara.

- Que dia da semana é hoje? - Perguntou com a voz sonolenta.

- Domingo. Uma manhã de domingo fria. Peguei seu casaco, espero que não se importe.

- Ele fica mais bonito em você.

E achando que seria impossível Kara Danvers ficar ainda mais bonita aos meus olhos, mas parece que ela se supera a cada dia que passa.

- Vou pegar mais café, vai querer?

- Ah, já estou com o seu aqui, acho que não.

Saí do quarto, estou quase chegando na cozinha quando sinto minha visão embaçar. Desacelero o passo e me apoio na parede. Fecho os olhos por um instante e volto a abrí-los na esperança de que já tenha voltado ao normal, mas sem sucesso. Ao invés disso sinto tontura e tudo começa a ficar escuro. Fecho novamente os olhos e permaneço encostada na parede por um tempo. Aos poucos aquela sensação vai passando e minha visão normalizando.

- Lena, você está bem?

- É... Estou... Estou sim. Não foi nada.

- Certeza? Seus batimentos estão muito acelerados.

- Que? Você nem me tocou, como sabe a minha frequência cardíaca?

- F-foi só um p-palpite. - Seu rosto começou a suar, ela estava claramente nervosa, e mentindo pra mim, mas não vou insistir. - A minha irmã, a Alex, vai vir pra cá com a minha cunhada, nós marcamos de ir pra algum parque, sei lá. Quer ir como minha acompanhante no posto de segurar vela pra Alex e Maggie?

- Eu adoraria, Danvers. Maas, eu não posso. - Preciso, de alguma forma, saber o que foi esse "apagão" de agora.

Não era pra estar acontecendo. O tumor não devia estar me afetando nesse quesito. Se isso continuar, eu não vou poder mais operar. Só de pensar nisso meu corpo estremeceu e uma imensa vontade de chorar me apossou.

- Aaah, qual é, Leh! Vamos. Você precisa se divertir um pouco.

- Kara, você não me odeia? - Não é possível que ela ainda esteja tentando ser minha amiga depois da forma como eu a tratei nós últimos dias. - Sabe, depois de tudo que eu disse?

- Se eu te odiasse, você não estaria usando minha caneca preferida. - Apontou pras minhas mãos. - Não vou mentir, eu fiquei com bastante raiva no começo porque você me tratava como se eu não fosse nada, mas eu percebia que não era verdade. Eu não te conheço tão bem, mas conheço o suficiente pra saber que você falou aquelas coisas com a intenção de me afastar, e não de me machucar. Eu só não entendi uma coisa: você me disse que não éramos amigas, e dias depois aparece as três da manhã no meu apartamento e dorme comigo.

- Eu não queria ter te tratado daquela maneira.

- Está tudo bem. Agora, você quer que eu vá na sua casa buscar umas roupas?

- Se não for muito incômodo...

- Você nunca será um incômodo, Lena. Vou só vestir outra roupa e vou lá.

Ela colocou a xícara no balcão e saiu, enquanto prendia o cabelo em um coque folgado.

Me sentei numa cadeira, apoiei os cotovelos na mesa e deitei o rosto na mesa. O que eu estou fazendo aqui?
Toda essa proximidade com Kara me faz desejá-la ainda mais, me faz querer ficar com ela e ter mais noites como essa. Os olhos de Kara são perigosos! Eles estão ameaçando criar coisas perigosas em mim. Coisas muito perigosas, do tipo que até eu, Lena Luthor, tenho medo. Coisas chamadas "querer ter um futuro". Estou começando a criar sentimentos por ela, e isso é muito ruim. Eu não posso gostar de alguém agora, não posso permitir que aconteça algo entre nós por um único motivo: eu vou morrer. Eu. Vou. Morrer. A verdade é essa. Estar perto de Kara me faz ter esperança. Esperança e vontade de cogitar fazer a quimioterapia e todos os outros tipos de tratamentos possíveis só pra poder continuar vivendo. Isso é triste, porque mesmo com todos esses tratamentos, as chances de recuperação ainda são mínimas. Ter Kara por perto é a minha ruína, porque ela me faz acreditar na esperança. Ter esperança é como subir num pedestal, e voltar a estaca zero de saber que foi tudo em vão é como cair desse pedestal.