Capítulo XVII

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Kara Danvers POV'S

Voar pela primeira vez em anos está sendo libertador. Durante anos eu carreguei o peso de não usar meus poderes por medo deles ficarem descontrolados novamente, e isso colocou pra escanteio a pessoa que eu realmente sou. Eu deixei de lado a Kara que amava voar, que usava isso como uma escapatória pra tudo. Sempre foi tão bom estar mais alto que qualquer outra coisa, sem nada tocando meus pés, num lugar onde nada pode me alcançar. Estar fazendo isso novamente é como respirar pela primeira vez, é como me sentir verdadeiramente eu, é como finalmente estar livre depois de anos presa dentro de mim mesma. Aqui em cima é tudo mais calmo, sentir o vento bagunçar meu cabelo é libertador.

- Você está bem?

- Estou! É que... Não é nada, eu só tô aproveitando.

- E já está ficando tarde...

Solto um suspiro pesado, triste por saber que esse momento acabaria agora. Voei até a casa da Lena e a deixei na sacada do quarto dela, mas não entrei.

- Onde vai?

- Vou dar a volta no mundo, sinto falta de visitar vários países em menos de uma hora. Preciso aproveitar mais um pouco já que tive coragem de voltar a usar os meus poderes... Espera, você quer que eu fique?

- Não, não! Claro que não! Você vai, e aproveita bastante, okay? Só não chegue tão tarde, temos que ir para o hospital amanhã cedo. - Me puxou pela gola da camisa. - Eu te amo, amor. Eu te amo muito, do tamanho desse universo todinho!

Não perdi a oportunidade e a beijei. Quando eu percebi que já estava ficando tudo quente demais, resolvi parar, 5 segundos a mais e nós já estaríamos na cama.

- Eu também te amo, meu amor!

Levanto voo e me perco céu adentro, passando pelo mar e pelas montanhas do mundo.

***

Depois de passar a noite inteira voando, eu fui pra casa e pela manhã nós fomos para o hospital. Foi um dia cansativo, num nível extremo! Não sei explicar, mas eu fiquei mais cansada do que o normal. Como Kryptoniana, o sol da Terra me faz uma mulher super forte, mas é como se eu estivesse vivendo como humana. Eu até cheguei a apertar a lâmina de um bisturi com a mão pra ver se eu podia ser machucada, não foi como o esperado. Eu não consegui amassar a lâmina, não tive força pra amassá-la. A lâmina não chegou a cortar minha pele, mas doeu. Eu senti dor. Isso é extremamente raro, e estranho.

Sinto meu celular tocar no bolso e atendo rápido ao ver quem era.

- Oi, amor! - Digo entusiasmada.

- Oioi, meu bem! Já terminou tudo de hoje?

- Já sim. Te vejo na recepção pra irmos pra casa?

- Sim, sim! Vou trocar de roupa e descer.

Desligo a chamada e fico mexendo no celular até a recepção. Vejo no visor e me surpreendo... Hoje já é sexta?! Meu Deus, essas semana passou tão rápido que eu realmente não notei. Eu fiz um plantão de 72h, trabalhei algumas horas hoje e provavelmente vou passar o final de semana em casa.

Vejo que a Lena está demorando, então vou até as cadeiras e me sento.
Uns segundos depois a Sam senta ao meu lado, deitando o rosto sobre as mãos.

- Você está bem? - Pergunto.

- Estou.

- Tem certeza? Quer conversar?

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