Reta final

Capítulo XIII

Lena Luthor POV'S

Acordo ao sentir o vento frio que entrou pela janela queimando minha pele. Virei um pouco o corpo e vi que meu celular estava tocando horrores, agora eis a questão: levanto ou não levanto?

Não vale apena levantar. Kara está dormindo totalmente agarrada ao meu corpo, ambas nuas debaixo do edredom. Depois do encontro de ontem, Kara e eu viemos pra minha casa, e tivemos uma noite incrível. Se eu levantar, provavelmente ela vai acordar, e como eu não a deixei dormir a noite inteira, ela deve estar cansada. Aliso o seu rosto com o polegar e admiro o anjo que está agora em meus braços. A pele tão liza quanto a de um bebê, os cabelos loiríssimos brilhando a luz do Sol. Havia um pequeno sorriso em seus lábios, daqueles de quando você tem um sonho bom, sabe?

Tão linda, tão especial e, acima de tudo, tão minha.

Dou um beijo em sua testa e acabo pegando no sono também. Só acordo as dez, estou atrasada? Sim, mas não importa, eu sou a dona daquele lugar.
Kara não estava mais na cama, mas pude ouvir sons lá embaixo, é ela.
Levanto, vou ao banheiro e faço a minha higiene diária... Quando terminei de escovar os dentes, senti um mal estar e aquela tontura estava voltando. Dessa vez sem dor de cabeça. Senti meu corpo extremamente fraco, e minha cabeça girar e girar. Na verdade, estava tudo girando quando comecei a tossir e novamente aconteceu, sabe... O sangue. Está mais escuro dessa vez. Sou médica a tempo suficiente pra saber que essa mudança drástica na coloração sanguínea de um dia pro outro é muito preocupante. Tentei me manter calma, mas é tão desgastante tudo isso. É imensamente desgastante me levantar pela primeira vez no dia e já me sentir exausta, é imensamente desgastante carregar esse segredo só pra mim, é imensamente desgastante viver com a dúvida de se eu vou morrer ou sobreviver. Tudo isso é desgastante e por um momento eu quis que tudo aquilo acabasse. Eu quis que minha vida acabasse, que eu estivesse livre dessa doença que está praticamente me destruindo.

Pensamentos como esse invadiram minha mente com uma intensidade que eu não consegui controlar. Não sei como, tudo que eu sei é que já estou sentada no chão, abraçada aos joelhos e chorando. Também não sei dizer quanto tempo se passou até a Kara se dar conta de que eu não estava mais deitada e me procurar.

- Lena, amor... Você está bem?

Ela definitivamente não pode me ver nesse estado.

- Ei, meu amor, me diz o que está acontecendo... Eu sei que tem algo errado, eu vejo nos seus olhos todos os dias que tem algo errado, e eu posso te ouvir chorar daqui.

Arranquei forças não sei de onde pra me levantar e lavar o rosto.
Na verdade, eu sei de onde tirei forças. Tirei do amor que sinto por Kara, eu levantei por ela.

Me olho no espelho e é... Acho que não estou tão mal assim.
Abro a porta e saio do banheiro.

- O que... - Interrompo ela com um beijo. - Lena! - Coloco minhas mãos na sua nuca e a puxo pra mais perto. - Lena para!

Ela segura forte nos meus punhos, me afastando.

- Você não pode tapar o problema com sexo sempre que quer esconder quando algo como isso acontece! - Me abraçou. - Vamos, por favor... Conversa comigo...

Não consegui conter as lágrimas naquele abraço, porque era tudo que eu precisava. Eu estou pronta pra falar toda a verdade, estou pronta pra dizer que estou doente e que estou tentando sobreviver com todas as minhas forças.

- Amor, não chora... - Me afastou um pouco pra olhar nos meus olhos e enxugou minhas lágrimas. - Me parte o coração te ver assim, e eu fico sem saber o que fazer pra te ajudar porque você não me conta.