Narradora POV'S
Quase dois meses se passaram desde o pedido e o ano já está alcançando seus últimos dias.
Kara tem andado tão animada com as coisas do casamento, Alex e Sam também estão como ela, ajudando-a em tudo.
— Lucy! — Kara chama a mulher que já estava prestes a entrar no carro — Eu preciso da sua ajuda...
— Hm? — Fechou a porta do carro, e se encostou na mesma — Se for sobre a Lena ter passado o cargo dela pra mim, Kara, eu juro que não tenho nada a ver. Eu tentei recusar, mas ela não quer voltar pro hospital.
— É sobre isso também... — Respirou fundo antes de continuar — A Lena tem estado meio quieta esses dias e ela não quer conversar comigo... Você a conhece a mais tempo, são praticamente irmãs e...
— Você quer que eu tente conversar com ela?
— Isso. Ela ama o que faz, no começo eu achei que fosse normal, achei que estivesse só tirando uns meses de férias só que de repente ela abre mão do emprego e passa o cargo pra frente? Não faz sentido.
— Está bem. Eu vou pra lá agora, você vem?
— Não, meu turno ainda não acabou. Eu espero que consiga algo com ela.
Kara volta para o hospital, e Lucy da partida até a mansão de sua amiga, onde a encontra sentada no sofá com uma garrafa de whisky na mão e assistindo algo aleatório na televisão.
— Esse vai ser um looongo dia. — Esbravejou ao pensar em como vai ser difícil tirar algo da amiga.
[...]
Lena Luthor POV'S
É triste ver Lucy se empolgar tanto em tentar me convencer a voltar pro hospital e no final de tudo, falhar. Eu podia ver esperança brilhando em seus olhinhos, e tudo que eu quis no momento foi me enfiar debaixo de um cobertor e sumir. Incrivelmente irritante perceber que até quando eu não faço nada, eu decepciono as pessoas ao meu redor.
Eu tenho tentado, eu juro que sim. Durante dias, semanas, meses, eu tentei encontrar a Lena Luthor apaixonada pelo trabalho e pela vida, eu tentei trazê-la de volta, eu tentei recuperar a minha animação pra voltar a trabalhar, só que simplesmente... Eu não consegui. É triste acordar todo dia de manhã e não encontrar o amor que eu sentia por ir ao LCorp e salvar vidas, e o mais irônico nisso tudo é que nem a minha própria vida eu tenho conseguido salvar. Ver Kara tão feliz com o casamento me dói, vê-la fazendo planos e desejando um futuro pra nós é mais doloroso do que qualquer coisa que já fora sentido por mim na vida porque eu não sei se vou conseguir manter minhas pilastras erguidas até lá.
Eu me sinto fraca. Me sinto a vergonha da família porque Luthor's são sempre fortes e irredutíveis. Durante 26 anos eu fui forte para engolir minhas mágoas e dores, fui forte para aceitar que o amor e a felicidade não são pra mim, mas agora que os dois chegaram, eu simplesmente perdi minhas forças. Eu busquei um psicólogo, sem contar a ninguém, mas a verdade é que eu não consegui me abrir pra ele. Eu nunca me abri e nunca conversei sobre as coisas que me corroem aqui dentro com ninguém, durante quase três décadas. É muita dor, muitas palavras, muito medo e muitas angústias guardadas dentro do meu peito. Vinte e seis anos foram o suficiente para me sobrecarregar.
É, é assim que eu me sinto. Sobrecarregada, me afogando nesse mar que tenho aqui dentro, e eu me encontro quase sem fôlego para continuar nadando.
Dou mais uma golada na segunda garrafa de whisky do dia, enquanto dou risadas assistindo um filme de comédia que a Lucy colocou na TV. É assim que eu tenho passado os últimos dias, afogada no álcool. Acho que estando bêbada é o único jeito que eu consigo não pensar demais, afinal, minha mente é a minha doença e quando eu penso demais, eu fico mais e mais doente.
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Reta final
Fanfiction"Mais tequila, mais amor, mais tempo, mais qualquer coisa. Mais é melhor."