Capítulo 20

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Raze

— Eu estou com medo, Raze.

— De quem, garotinha?

— Do meu pai. — Aperto seu corpo apertado contra o meu balançando-a em um ritmo de uma música imaginária em minha mente.

— Ele não está mais aqui, baby. Não precisa mais se preocupar.

— Então, porque ele continua matando minha mãe em meus sonhos?

— Porque é tudo uma repetição do seu medo real, você precisa se libertar desse sentimento para conseguir não ter medo.

— E como eu faço isso?

— Você precisa perdoar a si mesma. — Assim como Abel, Paige também se culpa por não ter estado presente na hora que seu pai cometeu o assassinato-suicídio. Queria poder ajudá-los, mas não sei o que mais fazer além de estar lá para eles. Parado no batente da porta, Abel nos observa com os olhos tristes por não ter coragem o suficiente para resgatar sua irmã de um pesadelo.

— De quem, garotinha? — Volto a repetir a pergunta anos depois.

— Do Asafe. — Fecho meus olhos pressionando minhas mãos contra meus olhos. Tudo o que quero é ir até ela para poder acalmá-la, mas é como se o peso do mundo estivesse em meus ombros impedindo-me de me mover.

— Ele não vai te machucar.

— Vai sim, ele me prometeu nas cartas. Nosso filho também

— Filho da puta — murmuro imaginando forma de machucar o bastardo que ameaçou minha mulher, mas nada que eu fizer contra ele vai prejudicá-lo desde que ele parece um maldito demônio incapaz de sentir qualquer sentimento ou sensação. — Você vai me dizer o que estava nas cartas?

Peço em uma tentativa fraca de tentar aliviar o peso que está carregando, se eu ainda conheço bem, sei que está guardando consigo todos esses sentimentos como uma maldita bagagem que se recusa a abandonar. Com a voz trêmula começa a descrever todas as suas ameaças em cartas, inclusive sua ultima visita antes que eu descobrisse sobre sua gravidez.

. — Asafe não vai te machucar. Eu, ele e Abel servimos ao exército juntos há algo nele que o faz ser um pouco esquisito, mas no fundo há um coração dentro dele. Abel confiava cegamente nele, por isso posso dizer que ele é seguro. Tudo bem?

— Ele...ele...não vai me matar?

— Não, ele gosta apenas de brincar com as pessoas. — O silêncio volta a assumir, mas nenhum de nós desliga.

— Por que você sumiu?

Pisco com sua pergunta sendo pego completamente desprevenido. Incapaz de responder aquilo que pode nos juntar novamente.

— Acabei me perdendo durante o caminho, e não encontrei minha estrela guia.

— Eu preciso desligar...

— Não. — Peço desesperado.

— Quando meu Raze voltar, eu vou estar aqui.

— Eu ainda sou o mesmo Raze.

— Não, não. Meu Raze está morto, assim como Abel. — Paralisado, não consigo ter nenhuma reação. Por um breve momento eu me pergunto se ela realmente está certa. Sem chances para responder, ela desliga deixando sozinho com silêncio, até que Asafe retorna invadindo meu escritório.

— E ai? — Não me importo em responder a pergunta de Asafe, quando jogo meu punho contra seu rosto. Pego desprevenido, cai no chão, mas ao contrário do que eu esperava não reage. — Foi mais forte do que eu mereço.

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora