Capítulo 22

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Raze

— Essa garota vai destruir você.

Minha mãe gostava de repetir essa frase desde que esbarramos no corredor do super mercado depois que levei Paige para comprar alguns ingredientes para sua torta de chocolate com limão. Ela queria fazer algo para comemorar o aniversário de Abel e só me deixou quieto depois que dirigi durante 15 minutos para encontrar todos os ingredientes ás dez horas da noite.

Eu estava empolgado por tê-la sozinha comigo, sem o olhar vigilante de Abel sobre nós, até que minha mãe apareceu saindo do corredor de bebidas, com seu rosto manchado com maquiagem carregando duas garrafas de vodca. Bebidas mais caras do que ela poderia pagar, se ao menos a nossa alimentação fosse prioridade na sua lista. Se não fosse por Abel, ou Paige querendo me alimentar a todo momento, eu estaria definhando de fome ou buscando dinheiro nos lugares errados.

Seus olhos analisaram o pequeno corpo de Paige coberto por uma das minhas camisas de futebol e seus shorts pretos que deixam suas pernas lisas expostas para o mundo. A ideia de tê-las ao redor de mim sempre me deixou animado, mesmo que fosse um sonho distante, nunca me incomodou que outras caras poderiam ter o mesmo pensamente, porque Paige sempre foi minha. Paige, a garota que sorria animadamente para a minha mãe, a garota que nunca conseguia ver a maldade nas pessoas.

— Por que você não tenta encontrar o que estava procurando? Eu estarei logo atrás de você — não desvio os olhos da minha mãe com medo que posso machucar minha garota. Paige aperta minha mão duas vezes antes soltá-la com relutância e seguir em direção ao corredor.

— Essa garota vai destruir você.

— Não tanto como você já faz — foi minha resposta encarando seus olhos manchados por rímel e lápis. Seus lábios rachados dividem em um sorriso amarelado pelo uso constante do cigarro.

— Aquela garota não é para pessoas como você. Você é um garoto do lixo.

— Não é um lugar que me define quem sou.

— Você só vai se machucar, querido — afasto do seu toque fazendo-a se afastar. — Não volte para casa hoje noite, tenho convidados.

Continuo encarando o lugar onde seu corpo ocupava segundos atrás imaginando como minha noite vai ser longa por precisar dormir na velha camionete mais uma vez. Chutando o ar, viro para caminhar em busca de Paige, mas a encontro escondida atrás da prateleira mordendo o polegar ao ser pega por mim. Inclino minha cabeça sentindo meu peito esvaziar de todo a tensão que minha mãe trouxe.

— Você pode dormir lá em casa hoje.

— Abel não ia permitir que eu fique na mesma casa que você. — Não depois que eu disse que estava gostando de sua irmã, nossa amizade não ficou balançada, mas ganhamos algum espaço de distância.

— Ele não precisa saber, minha cama é grande é o suficiente para nós dois. — Mordo meu lábio tentando reprimir um gemido que ameaça escapar por imaginá-la em seu short curto de dormir comigo ao seu lado.

— Eu vou ficar bem na minha camionete.

— Se você não for, eu conto para Abel que você tentou me beijar — diminuindo a distância entre nós, enrolo os fios longos de seu cabelo em meus dedos sentindo sua respiração.

— Está ciente que eu termino assassinado em todas as opções que você me deu? — Sua atenção está toda focada em meus lábios, por isso descarto o seu aceno como resposta. A vontade de beijá-la é enorme, mas ela ainda continua sendo a irmã mais nova do meu melhor amigo. Cruzar a linha nos leva muito além de onde estamos preparado, por isso sempre recuo antes de deixar seus lábios tocarem os meus, porque será um caminho sem volta.

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora