Capítulo 6

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Paige

Apesar de todos os traumas em minha vida, nunca fui considerada uma adolescente rebelde. Talvez de alguma forma, tudo o que aconteceu com Abel e Raze podem ter influenciado nesse meu interesse em seguir regras, mesmo quando não tinha regras. Mesmo tento crescido órfão, fui completamente protegida de tudo o que acontecia ao redor do mundo, por isso que ao parar em frente a um prédio velho e parcialmente abandonado, não posso evitar os calafrios que percorrem pelo meu corpo.

Olho mais uma vez para o a tela acesa do celular com o endereço de Raze para conferir se não estou enganada, no entanto, o endereço continua o mesmo, mas não se parece com um prédio comercial. Um ponto de drogas, talvez.

Engolindo todos os meus medos e preconceitos, ignorando os sinais de alerta. Avanço em direção a um portão cor de ferrugem, enxugando minhas mãos suadas no tecido da minha calça jeans, antes de bater. Olho para rua abandonada me perguntando se é realmente uma boa ideia vim até aqui.

Demora um pouco mais de três batidas, até que um homem careca, uma cópia de Vin Diesel, apareça com uma expressão completamente assustadora. Uma tatuagem cobre a metade do lado esquerdo do seu rosto e seus lábios se dividem mostrando seus dentes amarelados ao sorrir enrugando os cantos dos seus olhos.

— Você está perdida, querida?

Não gosto da maneira como seus olhos analisam meu corpo, recuando alguns passos, aperto minhas mãos ao lado do meu corpo tentando transparecer uma atitude confiante.

— Raze trabalha aqui? — Olho o prédio, mas ele é completamente fechado sem nenhuma janela. Os olhos do homem serram desconfiado, antes dele avançar na minha direção levando-me para dentro do prédio. Grito desesperada, tentando me desvencilhar do seu aperto, mas isso só o faz se divertir ainda mais já que um riso assombroso escapa do seu corpo. Quando tento atingir suas costelas com meu cotovelo, ele pressiona algo dura contra minha coluna fazendo-me congelar no lugar.

— Isso mesmo, gatinha. Você não vai querer que eu puxe o gatilho, não é mesmo? — Seu hálito quente e podre contra meu rosto me faz acenar, porque de alguma forma ridícula ainda tenho esperança de que Raze está dentro.

Sou arrastada por um corredor escuro e úmido, o cheiro de mofo faz meu nariz coçar atiçando minha alergia. Ele me empurra para dentro de uma sala mal iluminada, onde um grupo de homens estão sentados ao redor de uma televisão velha. O barulho cessa quando todos olham para mim, encarando-me como um pedaço de carne. Dou um passo para trás, mas isso só faz com que eu fique pressionada ainda mais contra o homem asqueroso atrás de mim.

— Onde você encontrou essa coisinha, Spark? — Um cara loiro, um pouco mais alto do que o homem atrás de mim pergunta.

— Ela veio atrás de Raze. — O homem levanta na minha direção e leva tudo de mim para continuar firme, mesmo que o desespero me faça querer gritar e chorar de medo.

— Raze? — Aceno mesmo sem saber se a pergunta foi direcionada a mim, seus olhos não são tão escuros como o do homem atrás de mim, ele parece uma pessoa comum, se ignorarmos as cicatrizes cobertas por tatuagens em seus dedos. — O que você está fazendo aqui, boneca?

— Eu...eu preciso falar com Raze. — Os homens atrás deles riem alto como hienas, deixando-me ainda mais nervosa.

— Quem é Raze, querida? — Sua pergunta me faz questionar se estou no lugar certo, eu não deveria ter vindo aqui sozinha, nunca imaginei que poderia haver outros Raze Lewis. Não tenho tempo de responder, pois sou jogada no chão e o cara que estava em cima de mim me coloca sobre meus joelho puxando-me pelo meu cabelo. Grito tentando afastar suas mãos de mim que mantém um aperto doloroso puxando os fios da raiz. — Spark...

O homem loiro fala com um tom de aviso que é ignorado por Spark.

— Ele não está aqui, Asafe. Olha essa coisinha. — Apertando seus dedos contra meu queixo, ele aproxima seu rosto do meu fazendo algumas gotículas de cuspe atingirem meu rosto, enquanto fala. — Você já teve um pau de um homem na sua boca?

De repente eu não consigo mais me segurar, soco seus testículos com um punho, mas o movimento só faz com que ele se irrite ainda mais. Meus braços são segurados por dois homens, enquanto ele começa a desfazer sua calça, no momento em que ele coloca seu membro para fora, desvio o olhar sentindo repulsa e nojo, mas suas mãos ásperas voltam a segurar meu rosto na sua direção, tento lutar, mas é impossível vencer. Quando ele força meus lábios a abrirem pressionando minhas bochechas, faço uma prece silenciosa para Abel e antes que Spark consiga colocar seu pênis em minha boca, a voz da pessoa que nunca mais pensei que fosse ouvir o faz se afastar.

— Que porra é essa? — Spark volta a fechar sua calça antes de virar para Raze.

— Chefe, eu...

Um soluço alto escapa dos meus lábios, quando ambos os homens soltam meu braço e caio no chão, usando minhas mãos para evitar bater meu rosto no chão. Sou levantada por braços fortes e grito imaginando ser um dos meus agressores, mas o sussurro de Raze me acalma.

— Sou eu, garotinha. — Aperto meus punhos em sua camisa puxando-o contra mim, ainda em seus braços, ele dar ordens aos homens e me leva em direção a um corredor antes de entrar em um quarto, colocando-me na cama e a ajoelhando-se aos meus pés.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto quando consigo puxar ar o suficiente para voltar a me acalmar. O Raze que eu conhecia não ia se envolver com homens como esses.

— Aqui é o meu trabalho — afasta os fios soltos do meu rosto enxugando as lágrimas que insistem em cair. Inclino contra ele sentindo cheiro do seu perfume contra meu nariz.

— Seu cheiro é estranho. — Falo enrugando o nariz, esfregando-o contra meu braço.

— Por que? — Há uma carrando em seu rosto ao levantar os braços para sentir seu próprio cheiro. — Não é tão ruim assim, tomei banho antes de vim para cá.

— Ele faz meu nariz coçar. — Afasto dele ainda coçando meu nariz.

— Oh, é isso. — Seu rosto para ainda mais aliviado, antes de puxar para seu corpo pressionando meu rosto contra seu pescoço, tento me libertar do seu aperto gritando fielmente, antes de Abel sair da água e nos encarar com os olhos preocupados, só para revirar os olhos e voltar para o rio deixando-me sozinha com Raze na ponte.

— Onde você estava? — Acordo das memórias na nossa infância sorrindo para seu belo rosto.

— Por lugares que você não quer imaginar. — O olhar torturado em seus olhos fazem meu peito apertar e tudo o que quero é tê-lo de volta em meus braços, mas não somos mais as mesmas pessoas de oito anos atrás.

— Seu perfume ainda faz meu nariz coçar. — Seus olhos brilham pela primeira vez desde que nos encontramos, não posso dizer o que me levou a fazer isso, mas só sigo meus instintos e me jogo contra seu corpo querendo sentir seus lábios contra os meus. Não era para eu estar sentindo isso, principalmente depois do que aconteceu na sala, mas não posso evitar. Meu corpo não está pensando corretamente. Talvez seja algum sintoma de estresse pós-traumático, mas nesse homem tudo o que preciso é de Raze.

— Paige...

— Eu preciso do seu toque, eu preciso de você. — Isso parece ter feito sua resistência quebrar, pois nos tira do chão, antes de colocar meu corpo com cuidado sobre a cama me olhando com reverência. Eu posso culpar o evento traumático de mais cedo, ou a saudade de oito anos. Mas tudo o que quero nesse momento é sentir seu toque contra mim. Não ligo se ele foi a pessoa que me ajudou a comprar meu primeiro tampão, ou se ele vai ser o meu primeiro beijo e meu primeiro homem. Raze é o meu primeiro tudo. 

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora