Capítulo 7

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Paige

Seus lábios se afastam dos meus fazendo-me gemer em protestos, meu coração e minha mente estão a mil por hora e não consigo pensar claramente. Minha mente é uma mistura de pensamentos do dia que ele partiu e todos os eventos que sucederam.

— Baby, não — Suas mãos seguram meus braços para me afastar dele.

— Raze...

— Esse não é momento, não depois do que aconteceu com você. — Suas palavras me fazem retrair, afastando-me do seu toque. — Não posso me aproveitar de você nessa situação.

Olho ao redor tentando reconhecer o ambiente quando o choque da realidade começa a bater em mim.

— Quem são aqueles homens? — Sussurro. Sinto o toque dos seus dedos contra tecido da calça jeans.

— São pessoas com quem preciso trabalhar, mas não tenho nenhuma ligação com eles.

— Como você pode trabalhar com pessoas que deixam um homem tocar em uma mulher sem sua autorização? — Minha pergunta parece pegá-lo desprevenido, pois se afasta da sua posição do chão ficando de pé.

— Paige, eu não... — as palavras se perdem no silêncio e quando volta a olhar para mim seus olhos são um reflexo da sua alma torturada. — Você não deveria ter vindo aqui, isso não é um lugar para você.

— Mas é o seu? — pergunto ficando pé sentindo-me mais confiante e controlada. Apesar do episódio anterior ainda trazer arrepios para minha pele, ele está em segundo plano, principalmente quando minha mente está focada em tentar resolver o enigma na minha frente em forma de Raze.

— Eu não tenho pertenço a lugar nenhum, Paige. Você sabe...

— Você pertencia a nós! — o corto. — Erámos nós três contra o mundo, mas desde a morte do Abel tudo se desfez. Nós ainda podemos ficar juntos, era isso o que ele iria querer.

— O que ele queria era voltar para casa, Paige! Voltar para você! Se ele não pôde fazer isso, porque eu tenho que fazer?! — A dor em suas palavras é palpável sendo compatível com a dor em meu peito. Tudo em nós parece ter se desfeito quando enterramos o corpo de Abel, é como se uma cratera tivesse se formado entre nós.

— As coisas nunca mais vão ser as mesmas?

— Nunca mais, Paige. — Dessa vez as esperanças daquela garotinha de 15 anos se desfez para sempre. Tudo o que me agarrei para tentar permanecer sã se tornou meu pesadelo.

— Você pode responder uma última pergunta antes que eu saia por aquela porta e esqueça tudo o que vivemos para sempre?

— Sim. — Ele senta na cama. Por mais que sua resposta machuque e ele não se oponha a minha partida, ainda consigo controlar minhas emoções ao dizer as próximas palavras.

— Por que você partiu?

— Eu só queria te proteger.

— De que? — Sento ao seu lado e o movimento faz seus olhos encararem meu peito.

— Disso.

— O que... — O brilho é perdido quando algo em meu pescoço chama sua atenção, olho para tentar encontrar o que o incomodou, mas não há nada de diferente, a não ser pela corrente dog tag em meu pescoço.

— O que você veio fazer aqui? — Pergunta segurando a corrente em seus dedos. — Foi pela promessa?

— Will disse que você estava de volta. — Ele não parece convencido com minha resposta. — Eu não sabia que você estava de volta, até que Wiliam falou que eu precisava procurar por você. — Seus olhos voltam a escurecer, ele não parece mais o Raze que conheci. — No aniversário de morte do Abel, eu estava no cemitério quando aquele rapaz foi morto. Você prometeu que...

— Porra! — Passa as mãos no seu rosto parecendo completamente irritado. — Você precisa ficar longe de mim.

— Raze...

— Isso foi um erro, Paige.

— O que? — Minha voz é um sussurro fino, porque não sei se consigo falar mais alto do que as batidas do meu coração.

— Isso não deveria acontecido e a promessa, a promessa era uma mentira. Foi a única forma que consegui de me livrar de você. — Suas palavras são como um soco contra meu estômago e eu simplesmente não consigo respirar. Seus olhos desviam e por um breve segundo pergunto se ele está mentindo, assim como ele fazia quando éramos mais novos.

Minha boca abre quando tento puxar o ar várias vezes.

— Você está mentindo. — Há uma dor persistente em seu olhar quando me encara tentando esconder suas emoções. — Eu conheço você melhor do que ninguém...

— Você conhecia o Raze de 14 anos anos, Paige.

— Você tem razão. O Raze de agora anda com estupradores e Deus sabe lá mais o que. — Levanto da cama indo em direção a porta querendo fugir de tudo o que está acontecendo e poder voltar no tempo na esperança de que consiga preservar as memórias que a tanto tempo venho tentando guardar.

— Paige... — sua mão tenta tocar meu braço.

— Não! Você me prometeu! Você fez uma promessa e depois desapareceu por oito anos sem nunca dá sinal do seu paradeiro. Eu chorei dia e noite durante meses, — falo com meu corpo trêmulo e as lágrimas nublando minha visão, — Quem eu estou querendo enganar? — Pergunto para o teto. — Ainda choro por vocês, porque eu não só perdi Abel, mas também perdi você. Eu perdi TODOS que eu amei, e você me prometeu...você me prometeu...você apenas me prometeu....— Minha voz quebra por toda emoção que está passando pelo meu corpo.

— Eu era só uma criança tola, Paige. Você deveria saber disso.

— Meu irmão foi enterrado naquele dia...

— Eu estava lá. Você estava chorando e eu não podia permanecer naquele lugar depois de tudo o que aconteceu, eu nunca imaginei que você fosse acreditar em palavras, Paige. Palavras são vazias.

— Elas não são. — Enrugo meu rosto sentindo a dor de suas palavras me machucarem cada vez.

— Quantas vezes você acha que seu pai disse que amava sua mãe antes de puxar o gatilho? — Recuo para trás sentindo o peso das suas palavras, por um breve momento eu juro ter visto a humanidade de volta em seus olhos, mas é apenas minha mente tola tentando encontrar o meu antigo Raze.

Não consigo mais, suas palavras são cruéis, e seu silêncio machuca ele não é mais a pessoa que eu conheci, ele não é mais o meu Raze. Ele não é o garoto que entrava pela janela escondido para me colocar para dormir, quando Abel saia com suas namoradas. Ele não é o garoto que segurava minha mão, sempre que íamos visitar o tumulo de mamãe, ele não é o garoto que contava as estrelas comigo, quando Abel estava sem paciência. Ele não é mais o garoto de sorriso bonito que me segurava no colo, quando sentia saudade dos meus pais. Ele não é o garoto que passou três dias comigo na cama de Abel segurando minha mão, porque eu não conseguia me levantar. Aquele garoto morreu, como Abel, apenas esquecemos de enterrá-lo.

— Minhas palavras nunca foram vazias — sussurro. Saio do quarto sentindo-o me seguir, mas respiro aliviada quando não tenta me parar, na verdade ele apenas me segue até a saída. —Promessas foram quebradas todos os dias em nossas vidas, Raze. Você deveria saber melhor do que eu que nunca fomos apenas crianças. — Consigo falar antes de me distanciar para sempre dele.

Quando entro no meu carro, olho para ele com os olhos brilhando pelas lágrimas encarando seu rosto sereno com olhos perdidos.

Um soluço escapa do meu corpo fazendo-o abaixar a cabeça, ligando o carro saio sem nenhuma destino em mente, até que termino no único lugar em que posso me sentir amparada, apesar de tudo. Enrolo meu corpo como uma bola em cima do tumulo de Abel ao sentir os soluços machucarem meu corpo, ele seria a única pessoa a entender o que estou sentindo ao encontrar Raze naquela situação.

Ele com certeza chutaria sua bunda antes oferecer alguma bebida barata do supermercado, para poderem falar sobre seus sentimentos, mas ele não está aqui e tudo o que sinto agora é que perdi a última pessoa que me mantinha sã. Raze não quebrou só sua promessa, ele também quebrou meu coração.

Foi o meu primeiro amigo, meu primeiro beijo, meu primeiro homem e o último a arrancar meu coração com suas promessas quebradas. 

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora