Capítulo 30

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Paige

Dez dias se passaram desde que enterramos Jefred, é incrível como o mundo continua enquanto a vida de outra pessoa para. Apesar de ser difícil, estou tentando seguir seus conselhos e continuar em pé, por ele. Se eu ficasse chorando em minha cama, tenho quase certeza que ele voltaria do seu mundo de mal humor só para puxar meu pé.

Por isso decidi cumprir minha promessa, por mais dolorosa seja seguir em frente. Fecho meus olhos levantando da cama, o pequeno homem pode nascer a cada momento e tento focar meus pensamentos na ideia de que em breve o terei em meus braços. Raze parece tão preocupado quanto eu, mas uma parte grita que ele está escondendo algo muito mais importante de mim.

O barulho da campainha me faz gemer porque a última coisa que quero é atender algum vendedor, enquanto minha bexiga grita por alívio. Estou quase no último degrau da escada quando não preciso me preocupar em abrir a porta, pois ela é arrombada por uma homem encapuzado segurando uma arma.

O celular da minha mão cai, e meu único reflexo é segurar o corrimão quando minhas pernas ameaçam ceder pelo peso do meu corpo.

— Vo...você pode levar o que quiser, mas por favor não me machuque. — Consigo olhar apenas para a parte branca do seu olho descoberta pelo tecido quando ele se aproxima. — Por favor...— gemo em desespero, quando sinto um líquido quente pelas minhas pernas.

— A única coisa que quero é sua vida — aponta a arma na minha cabeça e um grito estrangulado escapa dos meus lábios. — Mas Raze irá fazer isso por mim. — Se meu mundo já não estivesse ameaçando cair em meus pés, ele coloca seu celular na minha frente em um vídeo onde Raze e Asafe negociam minha morte para quando o bebê nascer. — Você não vai poder segurar esse bastardo para sempre. — Aponto para minha barriga e me curvo em uma tentativa inútil de proteger minha barriga quando meu coração foi completamente dilacerado pelo desconhecido.

Ele me empurra para trás fazendo com que meu corpo pesado cai batendo o quadril contra o degrau da escada. Grito de dor, assim como entrou, ele sai fechando a porta quebrada atrás de si e o alarme disparando ao redor. A voz gélida de Raze é como um disco ralado em minha mente negociando minha vida como se fosse algo tão banal quanto escolher qualquer recheio para Cupcake é o melhor. Se não bastasse o homem que eu amo negociar minha morte, minhas calças estão molhadas depois de me urinar de medo, mas então percebo que não é apenas urina. Sangue mancha minha calça de pijamas de ursinos.

Sentindo uma dilacerante contra meu útero busco pelo meu celular, mas tudo o que encontro é uma mistura de vidro quebrado. Tento levantar, mas a dor no quadril é agoniante e aos poucos começo a perder a consciência. Grito por ajuda, mas não há vizinhos por perto, meus olhos se fecham buscando alívio para dor.

— Hey, hey, hey. Fica comigo, fica comigo. — Uma voz me chama, mas estou com muita dor para obedecer, eu só preciso dormir. — Você vai dormir, querida, assim que colocarmos esse moleque no mundo.

Meu corpo flutua, enquanto minha mente tenta se agarrar a voz que fala comigo, Abel. A morte realmente veio me buscar?

—Não, querida. Não ainda. Você precisa ficar comigo. — É tudo o que escuto antes de apagar.

Quando acordo novamente estou deitada em um lugar quente, mas desconfortável. Tento mover meu corpo, mas sinto uma dor angustiante em meu abdômen, meus olhos tremulam contra a luz desconfortável.

— Baby? — Uma mão áspera aperta minha mão fortemente fazendo-me estremecer. A pessoa percebe e massageia minha palma antes de beijar meu rosto. — Paige?

Raze

Nossos olhos se encontram e por um momento eu sinto calma, até que as lembranças voltam zombando da minha cara.

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora