Epílogo

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Epílogo

Três meses se passaram desde a morte de Ivan, ainda é difícil lembrá-lo como meu tio, por isso eu apenas o lembro como um cara louco. Demorou alguns meses para decidirmos voltar para a casa, Raze consertou a porta com a ajuda de Ryan, enquanto Asafe apenas observava a distância.

Quando finalmente nos mudamos decidi que o quarto de Abel passaria ser de Ollie. Não foi fácil encaixotar tudo, foi como se uma ferida tivesse sendo aberta novamente, porque realmente estava. Apesar de ter Manda e Raze me segurando todo momento, eu consegui não desabar ao fechar a última caixa. Assim como eu temia, tudo o que me rodeava era o vazio, mas eu ainda o sentia contra meu peito. As caixas foram para o porão, onde eu ainda ia todos os dias certificar que estavam seguras e longe de qualquer coisa que as ameaçassem.

Raze garantiu que era um lugar seguro longe de qualquer infiltração. Ainda não estou pronta para doar suas coisas, talvez nunca esteja, mas um passo de cada vez. É assim que funciona. Conseguimos abrir mais duas filiais do restaurante, contratamos mais seis funcionários, entre eles Abbi que se mostrou ser uma boa garota apesar do olhar perdido em seus olhos. As vezes eu consigo ver a velha Paige nela.

Eu e Manda estamos tentando ganhar sua confiança, talvez um dia ela confie em nós o suficiente para confessar seus medos. Enquanto isso não acontece continuamos mantendo-a ao nosso lado.

A boate de Raze está ganhando cada vez mais sua identidade, uma vez ele confessou que o lugar foi ideia de Abel, por isso ele o homenageou com colocando o significado do seu nome na boate. Aos poucos ele também vai contando histórias de quando ambos estavam na implantação, entre elas como eles conheceram Asafe.

As vezes consigo senti-lo perto de mim, mas guardo esse sentimento apenas para mim. Sei que no fim de tudo vai ser apenas um sentimento bom. Asafe também tem feito um ótimo trabalho no restaurante, dividindo seu tempo entre servir e fazer cupcakes. Ele realmente tem uma obsessão pelo de cor laranja e me fez prometer que nunca mais o venderia, no inicio eu apenas rir, mas então Raze acenou para mim e eu vi que ele estava falando realmente sério.

Desde então nada de cupcakes de cobertura laranja para o mundo apenas para Asafe. Ele está cada vez mais empolgado a aprender, mas desde que as primeiras fornadas não deram certos, ele acredita que para fazer funcionar eu preciso tocar pelo menos em um ingrediente. Não estou empolgada em lidar com sua personalidade obsessiva por isso apenas sigo suas instruções, ao mesmo tempo em que o observo extremamente concentrado misturando a massa.

A vida tem o poder de dar reviravoltas que nem ao menos temos tempo de nos segurar. Às vezes é como uma fase difícil do Candy Crush, e demoramos a perceber que só precisamos criar estratégias para sair dela para passarmos para o próximo nível.

— Olha quem chegou — Manda sussurra meio cantando carregando um Ollie sorridente ao encontrar sua fonte de leite. Raze vem logo atrás deles carregando a bolsa de fralda e me encarando com seu olhar sexy. Hoje o médico finalmente nos liberou, para fazer você sabe o que quer que a biologia nos presenteou. Não que eu esteja com medo, mas é surreal que meu sonho de adolescência esteja acontecendo. Estou namorando o meu melhor amigo e temos um filho juntos. Eu não poderia estar mais feliz por isso, às vezes sinto culpa por esse sentimento, mas a terapia está me ajudando a superar o trauma.

— Meu bebê veio visitar a mamãe. — Faço cócegas em sua barriga e ele tentar se esconder curvando-se contra meu ombro.

— Sua vez. — Olho para Asafe concentrado em misturar a massa completamente aéreo ignorando nossos visitantes.

— Claro. — Misturo a massa superficialmente e ele sorri satisfeito, sim ele sorriu, com todos os dentes. Raze nos encara impressionado e dou de ombros satisfeita. Sim, baby. Eu fiz seu amigo durão sorrir.

Depois de preencher as forminhas Asafe nos expulsa da minha cozinha do restaurante querendo ficar sozinho para observar a massa se formando no forno. Todos saem até a entrada, onde Abbie sorrir levemente para Ollie antes de desviar os olhos envergonhada.

— Será que posso te levar para um lugar agora? Quero mostrar algo para você e Ollie. — Beija o topo da minha cabeça posicionando o gorro de Ollie no lugar.

— Claro.

***

Raze

Não tenho a menor ideia de qual vão ser as consequências das minhas ações nas próximas horas, mas eu simplesmente não posso continuar olhando todos os dias para Paige só para encontrá-la perdida em meio a dor de perder seu irmão. Sei melhor do que ninguém o quanto ela está tentando, mas essa dor nunca fica melhor. Talvez eles me odeiem, mas pela primeira vez eu vou fazer algo que não vou me arrepender.

Quando chegamos ao parque o lugar está vazio como o esperado, os levo em direção a um banquinho afastado e espero ansioso por sua chegada. Paige brinca com Ollie no colo apontando tudo, enquanto ensina o nome de todos os objetos mesmo que ele não entenda nada.

Paige volta a sentar ao meu lado e eu olho para seu rosto feliz segurando nosso filho, uma lembrança que quero lembrar para sempre.

— Eu vou me casar com você. — Encaro seus olhos escuros que me encaram sorrindo.

— Isso foi um pedido? — pergunta mudando Ollie de braço.

— Apenas um aviso — olho para frente sorrindo quando finalmente o encontro. Como um fantasma ele tem nos seguido em todos os lugares, ele nunca mais falou comigo ou respondeu minhas mensagens. Eu não posso assisti-lo se perder novamente, a primeira vez foi o suficiente.

— Estou esperando o momento. — Brinca, com os olhos brilhando com amor. Eu sou um filho da puta sortudo por tê-la ao meu lado. Aproximo meus lábios do seu beijando-a delicadamente.

— Preciso que você saiba que eu te amo, assim que tudo isso terminar, eu vou levá-la para a igreja mais próxima e colocar um belo anel no seu dedo. Nem as estrelas vão duvidar que você é minha mulher, porque eu serei eternamente seu. Seu amigo, seu companheiro, seu marido. Eu vou ser o cara que vai olhar as estrelas todas as noites com você, até que o último suspiro saia dos meus lábios. Não importa se você me odiar depois daqui, porque isso é uma probabilidade, — sorrio sem graça. — eu ainda vou continuar te amando. As estrelas me guiaram até você naquela noite. Eu estava literalmente perdido da na floresta quando iluminaram meu caminho até o seu.

— Raze, você está me assustando — há um brilho de lágrimas em seus olhos e sei que ela está lutando duramente para se manter forte.

— Eu sei, baby, Mas preciso que você se concentre. Consegue ver aquele homem parado na segunda árvore atrás do balanço?

Suas sobrancelhas franzem, mas ela consegue olhar discretamente em direção a pessoa escondida.

— Sim, ele parece um pouco triste. Certo? — Pego o pequeno Abel de seus braços, que resmunga um pouco antes de se acomodar em meu peito.

— Por que você não vai atrás dele?

— Eu? — Sua mente deve está além de confusa depois de tudo o que falei e agora estou mando ir atrás de outro homem.

— Sim, baby. Sua estrela voltou para casa.

Não preciso repetir duas vezes para que ela saia correndo em direção a ele. Abel não tem tempo para se preparar antes de ser atingindo pelo furacão Paige. Suas pernas o prendem ao redor da sua cintura, suas mãos afastam o capuz do seu rosto deixando todas as cicatrizes e marcas expostas, mas ao contrário do que ele acreditou que faria. Paige beija seu rosto várias vezes sem deixar nenhuma marca de fora.

Devagar, levanto do banco onde estávamos levando a bolsa de fralda e o pequeno Ollie para conhecer seu tio. Quando Paige esconde seu rosto no pescoço do irmão, ele me encara como se eu o tivesse traído, mas há o brilho está de volta em seus olhos. Eu o trouxe de volta para casa. Finalmente somos uma família.

Eu prometi que nunca contaria a Paige que ele sobreviveu ao acidente, mas no fim de tudo eu nunca fui muito bom em cumprir promessas.

Promessas quebradas podem destruir vidas, mas a minha o salvou.

Fim.

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora