Capítulo 26

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Paige

- O que eu preciso fazer para que Ryan use um colete de couro como aquele? - Manda suspira sonhadora enquanto mistura a massa de waffle na tigela.

- O que aquele homem não faz por você? - Ela considera um pouco antes de concordar.

- Você está certa. - Derrama a massa sobre as formas antes de levá-las ao forno. - Mas só entre nós, acho que meus ovários estouraram de tanta emoção.

Não posso deixar de rir das suas palavras. Se eu não tivesse tão nervosa pelo o que estava acontecendo, talvez eu estivesse aproveitado um pouco mais. As lendas dos motoqueiros na cidade deixaram uma visão negativa sobre eles, no entanto, os que estão sentados do outro esperando por um café da manhã não parecem nada com os das histórias. Começando pelas crianças que parecem dominá-los pelos dedinhos.

A forma como eles as encaram é repleto de amor e carinho. Isso me fez ficar um pouco mais confortável ao redor deles. Ao contrário do que eu esperava, Asafe está servindo como um bom garçom, enquanto Raze auxilia o caixa recebendo o pagamento dos demais clientes.

Minhas pernas começam a latejar, mas apenas ignoro focando minha atenção nos ovos e salsichas em minha frente. Apoio minha cintura com a mão livre começando a sentir as dores nas costas por ficar metade do dia em pé.

- Será que estão só de passagem ou vão ficar mais tempo? Aquelas garotas parecem boas o suficiente para sairmos.

- Não seja tão sociável, Manda. - Termino de servir os pratos antes de seguí-la com a jarra de suco e a garrafa com com café. Ela consegue fazer um bom malabarismo ao carregar duas bandejas sem tropeçar. A garota com os cabelos pretos sempre para de falar quando nos aproximando e a passa a se comunicar com linguagem de sinais.

Consigo entender algumas partes e por mais que eu me sinta culpada não consigo desviar minha atenção. A interação entre eles e divertida. Manda estava certa ao falar das garotas, elas possuem uma fragilidade em seus olhos, mas não deixam de transparecer a guerra dentro delas.

Isso as deixam mais humanas. Não como aquelas mulheres poderosas que vemos em filmes, mas elas se tornam reais dessa maneira.

Manda sorri ao servir e os pratos ganhando atenção das crianças que ficam em êxtases. Coloco as jarras na mesa deixando-os a vontade para se servirem.

Retorno para o meu lugar no caixa buscando uma cadeira para sentar.

— Você não quer ir para casa? — Raze aproximasse de mim massageando minhas costas. Meu corpo inclina na sua direção querendo eternizar esse momento.

— Eu posso aguentar.

— Uma hora você vai ter que diminuir esse ritmo — inclino minha cabeça para olhar em seus e sorrio.

— Quando você se tornou tão mandão?

— No momento em que percebi algo faltando nessa cabecinha — Raze está certo. Minha obsessão pelo momento acaba me deixando aérea as demais situações, muitas vezes me prejudicando fisicamente. Enquanto não finalizo algo,é impossível consigo relaxar. Sorrio antes de olhar para os visitantes no restaurante.

— A presença deles está me deixando curiosa. Eles não parecem em nada com a história que minha vó contava.

— Eles podem ter evoluído, talvez.

— Asafe parece estar confortável com eles — a pequena garota continua o encarando com um sorriso no rosto. Seus pais continuam mantendo-a sobre seus olhos, mas em nenhum momento parecem incomodados com a cena diante deles, como se não o considerassem uma ameça. Para alguém não se sentir ameaçado por Asafe, só pode ser igual ou pior que ele.

— Talvez ela encontre algo que Abel também encontrou. — Apenas o nome do meu irmão faz com que a dor ressurja, mas dessa vez com menos intensidade. Assim como eu, Abel sempre foi reservado, por isso me assusta que ele tenha confiado em alguém de Raze durante sua implantação.

Quando a garota tentar tocar seu braço, Asafe recua deixando a bandeja sobre a mesa, caminhando em direção a saída.

— Rose! — o cara loiro grita por ela quando sai correndo em direção a Asafe, ela segura seu braço fazendo seu corpo estremecer como se tivesse sentindo dor, mas Rose não parece notar. Ela apenas o encara antes de entregar seu urso rosa, o homem atrás dela parece recuar antes de se aproximar com cuidado.

— Eu não quero isso — Asafe fala com a voz dura.

— Fica — a voz da menina tem uma entonação diferente e isso faz Asafe se aproximar um pouco mais. Gentilmente afasta as tranças expondo o aparelho auditivo rosa com desenhos.

— Rose, vamos sentar baby! — Seu pai aproxima colocando uma mão em seu ombro.

— Eu não preci...so. Pode continuar com ele.

— Por favor. — Rose empurra o coelho contra seu peito deixando-o sem opção além de segurá-lo.

— Você vai ficar bem — A garotinha volta correndo para mesa deixando todos os adultos boquiabertos com o que aconteceu. Asafe segura o coelho contra o peito sem mover um músculo desde que segurou o coelho.

Mark olha para o rastro que sua filha deixou antes de olhar para Asafe.

— Ela normalmente não é assim, mas esse coelhinho foi a última lembrança que sua mãe deixou antes de abandoná-la em um abrigo — seu tom diminui como se estivesse com medo que ela escutasse. — Hoje foi a primeira vez que ela insistiu para sair com ele desde que dei a presentei com um urso. De alguma forma Rose sabia que ia encontrar alguém que precisasse dele.

— Eu não preciso — a voz de Asafe é dura, mas ainda o mantém o coelho abraçado ao peito.

— Eu sei que não, mas mesmo assim o mantenha. — Apontando para a fora ele indica uma das motocicletas estacionadas em frente a calçado. — Se você não quiser ficar, apenas deixe-o dentro do capacete. Não o jogue fora, okay?

— Okay. — Sem dizer mais nada Asafe sai fechando a porta com um pouco mais de força, fazendo-me parada. Mark fica parado analisando a cena diante de nós, Asafe para em frente a motocicleta por um momento parece indeciso quanto sua escolha, mas logo desce a rua em direção a boate carregando o coelho rosa consigo.

— Ele não vai jogar fora?

— Não, ele teria feito se isso fosse realmente sua intenção. — Mark parece respirar aliviado antes de voltar para mesa, ele fala algo para a pequena que sorri antes de sentar em seu colo.

— Isso foi estranho. — Comento.

— Estou começando a ficar preocupado se nada em nossa vida pode ser um pouco normal.

***

Volto para boate horas depois que os motoqueiros se despedem. Collin deixa seu número comigo, caso eu tenha interesse em fazer negócios com o clube. A princípio não é algo que tenho em mente, mas não é uma possibilidade ruim.Se eles possuírem uma faísca do que as histórias que a avó de Paige contava, eles serão bons parceiros quando a bomba explodir com Ivan.

Olho ao redor em busca de Asafe, mas só encontro alguns barmans arrumando ao redor. Subo as escadas em direção ao escritório e ao abrir a porta encontro Asafe jogado no sofá com o coelhinho em suas pernas. Suas brincas com as orelhas.

— Você me acha parecidos com ele?

— Essa é a sua conclusão? Ela te deu ele por acha vocês parecidos? — far de ombros como sua resposta final. — Assim como ele ajudou ela de alguma forma, ela deve acreditar que vá ajudar você também.

— Eu não preciso de ajuda..

— Então não porque não devolveu o coelho?

Minha penso que minha única resposta será o silêncio, Asafe sussurra em seu lugar.

— Porque eu gosto de rosa. 

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora