Capítulo 31

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Paige

Algumas semanas se passaram desde o nascimento de Ollie, necessariamente quatro semanas. Em poucos dias Ollie completa seu primeiro mês de vida. Muita coisa mudou desde o seu nascimento, nós nos mudamos para o apartamento de Raze até que o problema seja resolvido. Nunca tive conhecimento da existência de um tio, todo o nosso contato foi cortado com a outra parte desde a morte de nossa mãe. Saber que um homem que deveria nos proteger tirou a vida do seu sobrinho, assim como seu irmão fez com minha mãe me faz odiá-lo de todas as maneiras possíveis. Aos pouco fui entendo a morte da minha mãe e foi impossível não culpar meu pai. Ele não tinha direito de tirar a vida da mulher que o amava.

Lembrar dela ainda dói, apesar que a dor passou a ser saudade. Queria poder contar a ela sobre seu neto, mas por causa de cesárea de urgência e minha morte encomendada, o melhor a fazer é ficar dentro de casa em segurança. Segurança que passou a ter Asafe vigiando a casa, apesar de tudo o que aconteceu entre gente nos primeiros meses, não sinto mais ele como uma ameaça. Ele até gosta dos meu cupcakes laranjas.

Asafe fica em pé perto da janela todos os dias até que Raze chega e eles reservam, tento ignorar a tensão mas é cada vez mais difícil. Ainda bem que Ollie tem me mantido cada vez mais ocupada, entre as mamadas e as trocas de fraldas durante a noite, ficar acordada é quase impossível.

Raze tem ajudado bastante nessa parte, mesmo que sua fisionomia pareça completamente cansado e exausta, tudo o que eu queria era poder ajudá-lo de alguma forma, mas como Manda disse o melhor agora é recuar e deixar eles resolverem isso. Uma garota pós cesária não é de grande ajuda.

Mesmo que Raze esteja presente em corpo, sua mente está a milhões de distância, ele tenta sorrir e ficar próximo de Ollie sempre que está em casa, mas eu o conheço o suficiente para saber que algo está errado. Uma noite quando pensou que eu estava dormindo, eu pude vê-lo chorando. As únicas vezes que o vi assim foi quando sua mãe esqueceu seu aniversário e quando contou sobre a morte de Abel.

Continuo parada observando seus ombros tremendo, sentado na ponta da cama, mordendo a mão para não fazer barulho. Sentindo meu corpo completamente rígido consigo sair da cama, o que faz parar e congelar, enxugando seu rosto rapidamente. A cicatriz em meu abdômen deixa qualquer movimento desconfortável, mas consigo ignorá-la para lhe dar com a dor de outra pessoa.

- Venha. - Olho rapidamente para o berço onde pequeno Ollie dorme tranquilamente ao contrário de seus pais. Seguro a mão de Raze até que estamos na cozinha distante de Ollie o suficiente para que possamos falar sem acordar Ollie. - Temos dez minutos, antes que eu volte a ficar com raiva de você. – Ainda não consegui associar sua responsabilidade pela minha gravidez como uma alternativa para me salvar, as vezes sinto que se eu pensar demais sobre isso irei enlouquecer.

Com isso, ele aceita meu abraço, a diferença de tamanho não ser desconfortável desde que ele coloca seu rosto na curva do meu pescoço apertando meu corpo suficiente para não me machucar. Ele chora como uma pequena criança, que perdeu seu brinquedo favorito e eu só posso massagear seu cabelo na esperança de que isso o conforte.

- Shhh - seus soluços se tornam mais forte e não demora muito para que minhas próprias lágrimas comecem a cair também. Mordo meu lábio para impedir de fazer qualquer barulho, esse é o momento de Raze. O momento em que eu deveria ter feito com ele oito anos atrás quando ele trouxe o corpo do seu melhor amigo para enterrar. - Me desculpa. - Sussurro em seu ombro. - Eu não estive lá para você também.

Minha dor não deveria ser mais importante do que a dele, eu perdi meu irmão, minha família. Enquanto Raze perdeu seu melhor amigo, eu ainda tinha minha avó, mas ele não tinha ninguém. Nós nos perdemos em meio a dor e esquecemos um do outro.

Promessas Quebradas ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora