Capítulo 2 - Noite de Jogos

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"Que comecem os jogos, Tobin!", disse meu pai, por saber que, depois dele, eu era o membro mais competitivo na família.

"Que comecem os jogos, Sr. Heath!"

O jogo da vez era banco imobiliário. À essa altura, todas as propriedades já tinham dono e as negociações estavam a todo vapor. Eu tinha acabado de gastar uma boa grana em uma Avenida, quando caí numa casa com hotéis do meu pai. Eu estava no sal.

"Como vai ser, filhota?" Ele adorava esse jogo, porque ninguém nunca ganhava dele.

"Parece que a menininha do papai está em apuros..." Meu irmão sussurrou, mas alto o suficiente para sabermos que ele não estava querendo esconder nada. Revirei os olhos.

Comecei a fazer as contas. Não valia a pena hipotecar minhas coisas, porque nem assim conseguiria pagar.

"Eu te dou o que tenho em dinheiro, mais a propriedade que te falta pra completar o azul escuro." Fiz minha primeira proposta.

"Quero sua fileira de verdes, mais o dinheiro que você tem." Foi a contra-proposta. Dessa forma, eu fiz as contas e na próxima rodada, eu também cairia em alguma propriedade dele. Não tinha como aceitar aquilo.

"A propriedade azul, metade do que tenho em dinheiro, mais a laranja, e aí você só precisa negociar com a mamãe." Pus na mesa a cartas. Ele estudou o jogo e deu um sorriso que só podia significar uma coisa: não existia "menininha do papai" quando se tratava de Banco Imobiliário.

"Proposta final, filha." Ele se encostou na cadeira, como fazia quando tinha a mão boa no pôquer. "Você me dá todas as suas propriedades..." Emiti um som nasal para que ele continuasse. "E eu te deixo com 2 dólares." O resto da família gargalhou enquanto eu sentia meu rosto esquentar. Não era possível.

"E eu faço o quê com esse dinheiro?"

"Você pode reconstruir seu império, filha. Confio no seu potencial." Seu tom era inocente, como se ele realmente achasse que eu era capaz e isso só me deixou mais brava. Era impossível!

"Você vai deixar ele fazer isso comigo?" Olhei para minha mãe que cuidava do banco, ela ainda recuperava o fôlego.

"Nunca me envolvo nos negócios do seu pai, meu anjo." Foi sua resposta diplomática, junto de um carinho no meu rosto.

"Então eu abro falência." Dei todas as cartas para ela.

"Você prefere abrir falência a fazer negócio comigo?" Ele riu. Cruzei os braços para mostrar que eu estava realmente brava. "Minha linda, você nunca receberia uma proposta tão generosa."

"Tanto faz..." Levantei e pus o moletom que estava amarrado em minha cintura. "Cansei desse jogo, vou descer. As pessoas do hotel não vão me maltratar, diferente do meu próprio pai." Saí do quarto dos Heaths mais velhos e consegui ouvir a risada dos cinco mesmo depois de fechar a porta.

Resolvi aproveitar que não precisava ter 21 anos para beber aqui e fui até o bar do hotel. Estava olhando as opções quando me peguei prestando atenção no que acontecia a poucos metros de mim.

"Eu faço 18 anos em poucos meses, só quero uma margarita. Uma só!" A menina estava quase implorando para o barman.

"Sinto muito, senhorita." Ele finalizou a discussão apontando para a placa atrás dele que dizia que era proibido a venda de bebidas alcoólicas para menores. Ela suspirou frustrada e girou o corpo, como se acompanhasse o movimento dos olhos, que reviravam em suas órbitas..

Percebi que era a mesma que esbarrou em mim mais cedo.

"Um Blue Moon, por favor" Pedi quando fui atendida. Acompanhei a garota com os olhos enquanto ela ia para a piscina. Uma brisa leve fez seu vestido florido e seu cabelo balançarem e, mesmo podendo ver apenas suas costas, eu senti meu estômago de um jeito engraçado. "E uma margarita também." Talvez isso me causasse problemas, mas eu faria valer a pena.

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora