Capítulo 9 - Irmãos e desconto no hotel?

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A ideia de conhecer a família Press me deixava nervosa. Apesar de meu pai ter passado quase o mesmo tempo que eu com um membro da família e Christen ter encantado a minha de forma que parecia definitiva, a ideia de conhecer o pai da garota por quem eu me sentia atraída era assustadora.

Sei que no lugar que estamos e com a intensidade que as coisas acontecem, nesse momento, era de se esperar que esse momento acontecesse. E no mais, eu não deveria me preocupar muito, afinal eu não era a namorada dela, era mais como uma boa amiga que fez durante o mês de julho.

Eu repetia isso para mim mesma, a fim de me convencer e me acalmar. Eu precisava me agarrar a algo. Precisava colocar um limite em toda aquela loucura que se passava dentro de mim. Era a única coisa que eu colocaria algum limite.

Assim que a chuva terminou seu pequeno show, o final de tarde se tornou úmido e convidativo. Press estava jogada em minha cama, usando uma camiseta branca que achou em minha gaveta e um shorts preto.

Conexão é algo engraçado, era surpreendente como aquela cena parecia natural, como se nos conhecêssemos há anos.

Ficamos largadas sobre a cama, sem fazer nada e falando sobre diferentes aspectos da vida. Ela falou de suas irmãs e como, apesar de ninguém acreditar, sua mãe era a mais competitiva e era quem a fizera ser daquela forma. Contei-lhe sobre minha escola e minhas melhores amigas; o que gostava de fazer no tempo livre e da minha relação com a minha família.

"Meu pai fala que eu fui o menor bebê que ele viu, e por isso sempre foi muito mais cuidadoso comigo." Expliquei porque eu era chamada de menininha do papai. "Minha mãe disse que ele ficou uma semana sem falar com minha avó, a própria mãe dele!, porque ela me deixou com assadura uma vez."

"Como assim?" Ela riu alto. Assenti, entendendo o espanto. Quando vovó contava aquela história, era sempre cheia de indignação.

"Ele sempre foi muito protetor." Virei na cama me deparei com Christen já na mesma posição que eu, com aqueles olhos claros e toda a atenção voltada para mim. "Mas ele nunca me deixou numa bolha. Sempre me deixava cair e depois cuidava dos meus machucados, não sei se porque ele gostava ou se era porque eu tentava esconder da minha mãe, mas é quase como uma coisa nossa, sabe?" Ela concordou com a cabeça.

"E quando alguém te machucava?"

"Ele parecia outra pessoa!" Meu pai sempre era muito calmo e poucas vezes o vi perdendo a paciência, e quando acontecia, era assustador. "Uma vez cheguei em casa meio triste, o diretor tinha e chamado a atenção, porque 'o que eu vestia não era feminino o suficiente'. No dia seguinte, ele me levou até a porta da sala e disse que resolveria tudo.

"Todo mundo conta que ficaram com medo dele derrubar as paredes por causa dos socos que ele dava. Eu não acho que ele queria bater no diretor, só estava muito, muito bravo. Tirando Alex e a Allie, que já o conheciam, ninguém quis ir lá em casa depois disso, nem chegavam perto de mim, para ser sincera. Elas são as duas amigas mais próximas que tenho por isso, mas nunca fui alvo de nada também."

"Eu não faria diferente." Ela sorriu sem mostrar os dentes.

"O que você quer dizer?" Seus dedos colocaram uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e ela acariciou minha bochecha.

"Você é muito preciosa, não é justo que ninguém te trate como menos que isso." Escondi o rosto no travesseiro, eu não estava pronta para aquilo. Era algo que meus pais diriam e eles eram extremamente enviesados. Ela me conhecia apenas há alguns dias e falava aquilo com tanta sinceridade que fazia meu coração ficar mais quentinho.

Não tive outra escolha senão a beijar. Aproximei nossos corpos para facilitar o contato de nossas bocas e deixei-me ser guiada por ela. Era um beijo lento, cheio de desejo, mas sem segundas intenções.

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora