Capítulo 11 - Manhã seguinte

439 51 27
                                    




ALERTA DE GATILHO: ANSIEDADE


Ouvi meu nome, a princípio distante, mas cada vez mais perto. Uma voz rouca tentava me acordar. Abri os olhos devagar, tentando ajustá-los a luminosidade da manhã. Christen falava alguma coisa, que minha confusão matinal não me permitia distinguir.

Lembrei de como ela chegou ao meu quarto na noite anterior. Dos beijos na porta, que chegaram à cama, e de como os beijos rapidamente se tornaram mais quentes, abrindo caminho para que nossas mãos passeassem por nossos corpos.

Eu queria dizer que a maior parte da noite foi passada em claro, mas eu estaria mentindo. O dia foi longo e, depois do luau, eu já estava cansada; o auto-convite de minhas irmãs acabou com o resto de energia que eu tinha. Alguns minutos de beijo e eu senti que começava a brigar com meu corpo para que não desmaiasse.

Christen, que estava tão cansada quanto eu, percebeu que eu não duraria muito tempo, e acalmou os ânimos até finalizar com um beijo de boa noite. Virei de costas para ela e fui abraçada, com sua mão sobre a minha barriga por baixo da camiseta.

"Toby? Você ouviu o que falei?" Voltei para a manhã, ainda apertando os olhos por causa da claridade. Neguei com a cabeça. Que horas eram? "Eu preciso ir, tenho que voltar para o quarto antes que minhas irmãs acordem." Percebi que mudamos de posição durante a noite e agora eu estava deitada sobre seu peito, com os braços e pernas a abraçando. Neguei mais uma vez, voltando a fechar os olhos. Não queria que ela fosse embora. Senti seu corpo tremer embaixo de mim, ela estava rindo. Beijou minha cabeça. "Eu tenho mesmo que ir." Sua voz baixa e o carinho nas costas estavam fazendo um ótimo trabalho em me colocar de volta para dormir.

"Não vai, não." Esforcei-me para falar, minha voz saindo muito rouca. "Está quentinho aqui..."

"Ô, meu bichinho..." Sua voz agora saiu chorosa. Deu outro beijo e começou a se mexer embaixo de mim. Tirou primeiro meu braço, minha perna e depois se levantou da cama. Senti seus lábios sobre os meus e suas mãos acariciando minha bochecha. "Te vejo daqui a pouquinho." Tão rápido quanto ela saiu do quarto, eu voltei ao meu sono pesado.

    Acordei algumas horas depois, percebendo primeiro a dor de cabeça. Era sempre assim depois de uma noite com minhas irmãs. Estiquei-me em busca da garrafa de água que eu sempre mantinha no criado-mudo.

    Lembrei-me que Christen tinha vindo para o meu quarto quando já era tarde e que ela tinha dormido comigo. Fiquei confusa quando não a encontrei na cama, nem no banheiro. Cenas de um horário que chegava a ser criminoso estar acordado me veio à mente. Algo sobre suas irmãs... Mas o que elas poderiam precisar tão cedo no dia?

    Não queria descer para tomar café, preferia usar o serviço de quarto, mas a sugestão da garota da Califórnia de fazermos isso juntas, me fez jogar água no rosto e descer.

    Chegando ao restaurante, encontrei com meus pais já indo embora e nenhum sinal de meus irmãos; não esperava encontrar as mais velhas e o sexto membro da família Heath tinha saído para fazer uma trilha, meu pai me contou. Antes de os dois irem embora, cada um me deu um beijo na testa. Eu seria obrigada a comer sozinha, uma das coisas que eu mais odiava.

    Estava lendo o cardápio, decidindo o que ia pedir, quando um par de mãos cobriu meus olhos. Não precisava pensar muito para saber quem era. Se fossem minhas irmãs, elas teriam sido muito mais agressivas. Virei o corpo para encontrar aqueles olhos lindos, acompanhados de um rosto muito sorridente.

    "Bom dia!" Recebi um selinho rápido, enquanto ela puxava uma cadeira.

    "Bom dia!" Respondi em igual entonação. "Que horas você foi embora?" Sua risada aqueceu meu coração, mas me deixou preocupada. Minha mãe conta que desde pequena eu era um problema pela manhã. Todos os natais começavam com um apanhando de vídeos gravados por minha irmãs nos quais eu falava coisas sem sentido; eles eram sobre os temas mais variados, desde camarões até o fato de a Antártida ser o maior deserto do mundo.

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora