Capítulo 22 - O jogo continua

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"Você bem que podia dormir comigo hoje, não é?" Sugeri, jogando a cabeça para o lado e fazendo minha melhor cara de cachorro pidão, segurando sua mão. Recebi um carinho na bochecha e um riso fofo.

"Regra número 2 em competições: não se deixe cair nos encantos do inimigo." Christen disse quase de forma robótica. Mas deixou-se ser puxada, para sentar no pé da cama comigo.

"Bom, acho que é um pouco tarde para isso, não?" Pisquei para ela, que achou graça mais uma vez. "Além disso, eu não sou sua inimiga!" Ela deu de ombros.

"Regras são regras."

"E foram feitas para serem quebradas." Ergui as sobrancelhas em sugestão. Mas mudei de assunto, não queria ser a pessoa insistente ao ponto de ficar chato. "Qual é a primeira regra?"

"Não é óbvio?" Deitou na cama e aproveitou a superfície reta para esticar as costas. Neguei com a cabeça, atenta a cada movimento seu. "A primeira regra é vencer, Toby." Olhei para ela chocada.

"Que tipo de regra doida é essa? Não tem como vencer sempre." Ela apenas deu de ombros e me puxou para deitar ao seu lado. Dei um beijo em sua bochecha e me ajeitei sobre seu peito. "Achei que não podia dormir comigo..."

"Não posso e não vou. Minha família não me deixaria em paz até o próximo verão se passasse a noite com você."

"Eu estou tão exausta que eu juro que não faríamos nada além de dormir."

"Não é sobre isso, Tobin. É sobre foco. Meus pais não podem sonhar que eu estou aqui agora."

"Que saco, hein..." Ela riu triste.

"Bem vinda à minha vida!" Não pude discorrer sobre meu descontentamento, porque estava morrendo de sono e dormi assim que tivemos cinco minutos de silêncio.

Acordei horas depois com batidas na porta do meu quarto e sem Christen. O dobro de tristeza para aquele início de dia.

"Papai falou para usarmos preto." Perry não me deu bom dia, apenas entrou e se jogou onde antes eu dormia tranquila.

"Segundo ele, será para o velório dos Press, porque vamos acabar com eles." Katy entrou logo em seguida, se jogando na cama também.

"Ele parecia muito orgulhoso por ter chegado nessa frase de efeito." Jeffrey veio por último, sua locomoção atrasada por conta da muleta.

"E vocês estão aqui, porque...?" Fechei a porta e puxei uma cadeira para ficar de frente para eles, que ocuparam todo o espaço no colchão.

"Nossa, maninha, achei que tinha um pouco mais de amor nesse seu coração." A mais velha fingiu tristeza.

"Até tem, mas é todo da Christen." Os três riram, enquanto Jeffrey fingia dar uns amassos em um ser imaginário e fazia barulho de beijo. Empurrei a perna dele, que gritou de dor. "Filha d-" Perry não o deixou terminar, olhou para nós dois com o mesmo olhar repreensivo que nossa mãe.

"Só viemos te chamar para tomar café da manhã, aproveitamos para te encher a paciência."

"Nada novo sob o sol..." Joguei uma almofada em cada um, que desviram com facilidade. "Vou me trocar e podemos descer."

Na mesa do café da manhã, papai estava empolgado, pensando nos diversos cenários da final. "Poderia ser um jogo de poker."

"Com dez pessoas na mesa, querido?" Mamãe o questionou, como se fosse uma criança.

"Então banco imobiliário também não é uma opção..." Falou para si mesmo, riscando seu caderninho.

"É bom que não seja, já que Chris consegue vencer você." Jeffrey comentou como quem não quer nada, mas seu sorriso dizia que era uma clara provocação. Papai, no alto de seus 50 anos, respondeu mostrando língua.

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora