Capítulo 14 - Um novo jogo

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A primeira coisa que percebi na manhã seguinte foi que eu dormi de bruços e acordei com beijos sendo dados em minhas costas. A segunda, foi o horário; era muito cedo para estar acordada, dado a hora que fomos dormir. 

Resmunguei para Christen, que agora beijava minha nuca. Por que diabos alguém acordava cedo? A não ser que... Abri os olhos rápido, agradecendo pelo persiana que não permitia entrar luz. Virei o corpo para a garota mais bonita dos 50 estados e fui agraciada com seu sorriso. Aquela visão foi suficiente para afastar meu mau-humor matinal e qualquer pensamento sujo que tive.

"Bom dia!" Disse em voz baixa e me deu um beijo na bochecha. Respondi, com a voz rouca e beijei-a também. Nos lábios, no entanto, não perderia nenhuma chance de sentir seu beijo.

Ficamos aproximadamente uma hora enrolando e enroladas na cama. Nenhuma das duas tinha vontade de levantar, e por isso ficamos conversando ali mesmo, com cara de sono. 

Até que meu estômago fez um barulho alto e, antes que eu pudesse ficar envergonhada, o dela respondeu no mesmo tom, o que fez as duas rirem e decidirmos usar, mais uma vez, o serviço de quarto.

"As minhas irmãs disseram que está tudo certo para hoje a noite." Ela disse, mordendo sua torrada após mexer em seu celular. Olhei para ela confusa. "O jantar com meus pais... Não se lembra?" Dei um tapa em minha testa.

"Fugiu da memória por um momento." Confessei, sentindo as bochechas queimarem. "Muita coisa aconteceu ontem a noite..." Ela concordou e seu rosto ruborizou também. 

"Muitas coisas..." Repetiu. Não pude evitar o sorriso bobo e nem recusar o desejo que sentia de a beijar. E foi o que fiz, afastando sua mão que levava a torrada até a boca, levando os meus lábios ao seu encontro no lugar. 

Sua reposta foi um sorriso e assim eu soube que não era algo passageiro, como tinham dito minhas irmãs. Eu não sabia o que era estar apaixonada. Pelo menos até então. Não entendia o coração acelerado apenas por poder beijá-la; ou mesmo a vontade incontrolável de o fazer. E, por um segundo, odiei Christen Press e as Bahamas por ter certeza que jamais sentiria algo próximo daquilo.

Eu sabia que as chances de nos encontrarmos depois eram mínimas, mas eu tinha esperanças. E, mesmo que esse encontro nunca acontecesse, Christen seria para sempre o meu maior amor de verão.

"Consigo ver as engrenagens rodando na sus cabeça." Ela arrancou-me de meus pensamentos. "O que se passa?"

"Tanta coisa..." Não sabia por onde começar, por isso optei pela resposta vaga. Deveria ser sincera com ela e dizer que não conseguia não pensar em como seria depois? Ou fingir demência e só lidar com a situação quando ela se fizesse presente?

"Mais um pouco e acho que sai fumaça pelos seus ouvidos." Brincou e eu não consegui não rir. Ela me conhecia há tão pouco tempo, mas já sabia até quando eu estava perdida dentro de mim mesma.

"Eu vou sentir sua falta." Confessei. Seu sorriso era uma antítese lado a lado com seus olhos. Eram lindos, sem sombra de dúvidas, mas um passava a ideia de felicidade, o outro, era quase como um lago de tristeza.

"Vai mesmo?" Tentou brincar. Era seu jeito de pedir de forma que sutil para que não falássemos disso agora. Alcancei sua mão mais próxima e deixei um beijo sobre os nós de seus dedos.

"Não..." Entrei em seu jogo. "Para ser sincera, estou tentando achar um jeito de tirar do meu quarto." Pôs a mão sobre o peito fingindo estar ofendida. 

"Então eu só fui um caso de uma noite, Heath?" Neguei, esforçando-me para não dar risada.

"Eu te ligo?" Disse, como alguém que mente mal. Não que eu soubesse mentir. Mas não era tão ruim quando eu tentava. Ela puxou um travesseiro e acertou em meu rosto. 

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora