Fui acordada alguma vezes enquanto usava o ombro de minha irmã e a jaqueta do meu pai para tirar um cochilo na sala de espera. Na terceira, era o médico. Ele foi breve, disse que meu irmão estava bem e tinha sido liberado para dormir.
Teria que ficar no hospital, em observação por enquanto, porque ainda poderia aparecer alguma outra reação à concussão. Mas também disse que os exames não apontaram nada e que poderíamos ficar aliviados.
Fomos permitidos ir até o quarto brevemente, antes que ele dormisse. Jeffrey sorria cansado, estava com a perna engessada e elevada. Ele tentava parecer bem, mas seus ombros tensos mostrava que não estava, porque, além dos machucados, ele também ficava assustado perto de enfermeiros e médicos. Enquanto ele tomava a última medicação da noite, segurei sua mão e ele relaxou.
"Quem sabe assim você não para de se pendurar nas coisas, né, macaquinho?" Perry puxou a orelha do mais novo, literalmente, o que gerou um olhar de repreensão de nossa mãe.
"Deixe seu irmão descansar, filha." Meu pai bagunçou o cabelo do garoto com a perna quebrada e passou o braço sobre meu ombro. "Mas você está devendo uma para sua irmã." Ele apontou para mim e fiquei confusa.
"Seu pescoço, maninha." Katy explicou. Corri para o banheiro e pude ver uma marca se formando do lado direito. "Parece que Christen é um pouco possessiva."
"Avisa se precisar ser salva, Tobin, eu estou com a perna quebrada, mas vou ganhar muletas!"
"Até parece que ela quer ser salva, pirralho." A mais velha voltou a me zoar. "É capaz de ela ter pedido por isso." Estava exausta e não conseguia pensar em uma resposta à altura, então optei por mostrar o dedo do meio para eles, esquecendo que minha mãe estava bem ao meu lado. Sei pigarro me fez fechar os olhos percebendo que tinha cometido um erro.
"Não foi assim que te criamos, Tobin." Apesar de minha mãe ter chamado minha atenção primeiro, foi meu pai quem falou. "Pela manhã conversaremos sobre isso." Assenti, vendo meus irmãos prenderem o riso. Sinceramente, eu não precisava passar por aquilo.
Demos boa noite para Jeffrey e meu pai, que faria companhia para ele e voltamos para o hotel. No elevador, Perry passou o braço pelo meu pescoço e ameaçou dar uns soquinhos.
"Vê pelo lado bom, Tobin. Tudo isso que fazemos com você, vamos podemos fazer pior com Jeffrey. Lembra que ele não teve a conversa ainda." Ela ergueu as sobrancelhas sugestiva. Pobre garoto, não teria um segundo de paz. Eu faria certeza disso.
Cheguei em meu quarto me arrastando e entrei fazendo cada movimento em câmera lenta para não acordar Christen, que estava em um grande nó com a coberta. Acendi um abajur para poder tirar uma foto, apagando rapidamente assim que consegui um resultado satisfatório.
Tirei as roupas de um jeito preguiçoso, largando-as sem muito pensamento e me juntei à californiana na cama. Ela resmungou algo, tentando sair do emaranhado no qual tinha se enfiado e puxou-me para perto quando obteve sucesso.
O Sol já clareava o quarto pelas frestas da persiana quando consegui cair no sono, dessa vez sem interrupções.
Senti o cheiro de café e depois de ouvir a porta fechando. Passei a mão nos olhos e vi Christen empurrando um carrinho com comidas para o desjejum.
"Bom dia!" Ela sorriu, servindo e bebida de cor escura para gente. "Quase tarde, no caso." O relógio na cabeceira da cama mostrava que já passava das onze horas, mas não fiquei surpresa, eu precisava dormir. "Eu contei para minha família o que aconteceu com seu irmão e eles já estão no hospital. Meu pai tem um amigo que é neurologista e já passou a ficha completa, atrás de uma segunda opinião..." Ergui a mão pedindo para que ela pausasse.
"Como você tem todas essas informações?" Eu não lembrava de ter dito nada. Peguei meu celular, talvez tivesse enviado mensagens.
"Sua irmã me contou, porque se dependesse de você, eu nem saberia que o machucado do seu irmão é grave."
"Mas eu falei!"
"Que ele estava no hospital, mas a gente vai para o hospital por diversos motivos."
"Eu sou ruim com comunicação, desculpa." Eu já tinha acordado levando bronca, maneiro!
Ela passou a mão sobre meu rosto, "Está desculpada, mas você precisa melhorar nisso."
"Minhas amigas dizem isso o tempo todo e minhas irmãs também." Fiz uma careta. Elas estavam certa, eu sabia, mas era mais difícil do que parecia.
"Mudando de assunto, mais ou menos, estava esperando você acordar para podermos ir para o hospital."
"Aconteceu alguma coisa com meu irmão?" Pulei da cama em desespero e as mãos de Christen encontraram meus ombros me acalmando.
"Não aconteceu nada, fiquei calma! Só precisamos fazer o rodízio".
"Rodízio? Chris, eu não to entendendo nada do que você está falando!" Ela sorriu de leve e me entregou uma xícara com o líquido morno, que aqueceu minhas mãos.
"Organizei um rodizio para que todos possam ajudar e ficar de plantão com o seu irmão e ainda assim termos tempo para qualquer outra coisa que quisermos fazer. Ele sempre terá um Heath e um Press com ele e recebemos as novidades no grupo e..."
"Grupo?"
"Sim!" Ela continuou de forma natural. "Criamos um grupo para que nossas famílias possam se comunicar e ficarmos atualizados sobre o Jeff. Aqui, olha."
Peguei o celular desacreditada, ela tinha feito duas famílias inteiras se unirem e arquitetou um plano para que meu irmão se sentisse acolhido. Tudo enquanto eu dormia.
Passei as mensagens e vi fotos de Jeff com os nossos pais e os de Christen em uma selfie, vi laudos médicos e áudios do neurologista amigo de Cody que reavaliou o quadro de meu irmão.
Olhei para ela e meu peito se enchia de admiração e amor, eu não me contia ao lado dela. Ela continuava falando sobre como funcionavam os rodízios e como meus pais tinham a prioridade sempre e poderiam mudar a ordem quando quisessem, mas que precisaria da colaboração de todos para que eles não ficassem mais de um turno ou se desgastariam demais e que eles ficavam sempre para as visitas médicas e resultados de exames.
"Obrigada!" Ela me olhou com uma expressão confusa e balançou a cabeça em negativa. "Obrigada por tanto, meu amor!" Fui em direção aos seus lábios e ela me recebeu sem hesitar. Nosso beijo foi delicado e cheio de sentimentos, mas não muito longe, eu tinha urgência em senti-la em meus braços e a abracei. Meu rosto em seu pescoço e seus braços em volta de mim me traziam segurança.
"Não precisa agradecer, meu amor!" Ela sussurrou em meu ouvido. Ficamos ali mais alguns segundos no nosso pequeno nó, até ser interrompida por ela. "Mas vamos comer e ir ao hospital, é a nossa vez e Perry deve estar exausta da noite no sofá!"
"Antes, só falta uma coisa!" Peguei seu celular e alterei o nome do grupo. Rodízio do Jeff era muito estranho para eu aceitar. Devolvi para ela e seu sorriso se abriu.
"Preath!" Ela disse antes de me olhar.
"Parece mais apropriado", no mesmo segundo, diversas mensagens apareceram na tela.
Kate H: "Bom dia, Tobs!"
Sr. H: "Oi, filhota!"
Papai: "Bom saber que aprovou a ideia, Tobin"
Pirralha: "Acho que elas casaram oficialmente"
Eu: "Estamos a caminho!"Respondi do celular de Chris e travei a tela antes de roubar mais um beijo rápido e enfiar a torrada inteira na boca, que foi muito reprovado pela garota.
Oi, gente, tudo bem?
Mas o que foi essa mega janela sem capítulo por aqui? Desculpe!!
Esses dias têm sido o caos: eu me recuperando da internação,
kymmie se adaptando ao novo emprego, minha mãe chegando de viagem,
eu atolada de coisas no trabalho...Mas além disso, passamos da metade da história
e estamos melancólicas, tristes por acabar.
Estamos com várias ideias e nos organizando para isso,
então, por enquanto, eu imploro:
tenham paciência com a gente E NÃO DESISTAM DE NÓS!Amamos vocês, de verdade.
FELIZ NATAL!
Boas festas e tals
Nos vemos semana que vem?
Beijos
-A.
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Uma margarita e uma lua azul
FanfictionTodos os anos, Tobin passa suas férias de verão em algum lugar diferente do mundo como uma tradição familiar. No ano de seu 18º aniversario, eles embarcam para as Bahamas e o que parecia ser apenas mais um mês em familia, pode ter se tornado o verão...