Capítulo 4 - Um convite da Família Heath

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Christen e eu resolvemos almoçar naquele quiosque mesmo. Descobri que ela era apaixonada por culinária e prestou atenção em cada passo do preparo de nossos pratos.

    "Uma vez, estava sozinha em casa e morrendo de fome, mas não queria pedir comida." Resolvi confessar que era um desastre na cozinha. "Nunca fritei um ovo, mas decidi fazer um Bife Wellington." Ela gargalhou.

"Só o prato mais difícil!"

"Mas eu não sabia disso!" Tentei me justificar. "Resumindo: acabei comendo pizza." A risada dela era tão gostosa, que eu queria continuar contando minhas enrascadas para fazê-la rir. E foi o que fiz, até a hora que ela precisou ir. A família ia comemorar as bodas dos pais dela, motivo de sua viagem.

Nos despedimos no lobby do hotel e ganhei outro beijo no rosto. Tentei não corar, mas foi impossível e ela sorriu. Talvez soubesse o efeito que causava em mim.

"Foi com ela que você dormiu?" Me assustei com a voz do meu irmão mais novo atrás de mim. 

"Não dormi com ela" Revirei os olhos.

"A mamãe jura que sim." Deu de ombros. "Eu não te julgaria, ela é gos..." Dei um tapa em sua cabeça.

"Não termine essa frase." Ele se desculpou.

"Eu quis dizer que ela é muito bonita."

"Melhor." Eu odiava ver meu irmão agindo como um desses caras babacas, então sempre fazia questão de puxar sua orelha em situações assim. "Eu concordo, mas acabei de a conhecer."

"Mas não é como se você tivesse muito tempo com ela."

"O que você quer dizer?" Ele não pode responder, porque o restante da família se juntou a nós.

"Olha só, vamos jantar juntos?" Foi Perry quem sugeriu, mas para nossa surpresa, meu pai negou e abraçou minha mãe por trás.

"Hoje a noite é nossa." Eles se beijaram e, se tivéssemos ensaiado, o coro de "eew" não teria sido tão bem sincronizado. Os dois riram, a reação era sempre a mesma quando os dois insinuavam qualquer coisa do tipo.

Decidi que pediria o jantar no quarto e jogaria videogame. Olhando as opções, encontrei um dos meus jogos favoritos e quando dei por mim, já tinha concluído mais da metade e eram três da manhã. Talvez eu tenha me empolgado, mas eu estava de férias, podia curtir um pouco.

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    "Como estão as coisas com sua... Como vocês chamam hoje em dia?" Meu pai perguntou no café da manhã. Eu sabia que ele falava sobre Christen, pois nós tínhamos passado todos os dias da última semana e meia juntas. Antes que meu irmão pudesse o fazer, eu tomei à frente e respondi.

    "Ela é minha amiga, e as coisas estão bem, obrigada." Não deixei muito espaço para que eles pudessem continuar falando. Mas não adiantou nada.

    "Ela é sua amiga, porque você é boba." Ele disse, como se estivesse dando conselhos. "Você está tão envolvida com ela e ela com você. Só precisa ir lá e beijar a garota." Fez referência à "Pequena Sereia", meu filme favorito quando criança.

    "Eu te vi conversando com ela." Katie entrou na conversa. "Ela está muito a fim de você."

    "Você deveria a convidar para jantar com a gente." Minha mãe sugeriu, sem tirar os olhos de seu prato. Percebi que ela tentava não fazer grande caso daquilo, para não me pressionar.

    "Ela também está com a família aqui, não sei se ela pode." Respondi no mesmo tom. Sabia, sem precisar olhar para os outros integrantes da família, que eles estavam todos atentos e tentando não dar risadinhas. Às vezes eu sentia como se vivesse num ensino médio particular.

Uma margarita e uma lua azulOnde histórias criam vida. Descubra agora