Capítulo 24 - Ninguém nunca me perguntou

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Minhas mãos estavam presas em uma algema que as cobria completamente, para evitar que eu usasse meu dom. Seis guardas me supervisionavam: quatro dentro e dois fora da cela. Alguns dias se passaram. O único contato que eu tinha com o lado de fora era a luz que refletia no corredor. Uma vez ao dia me davam banho e eu tinha direito a três refeições mas era raro quando isso acontecia.

Eu não consegui dormir. Quando cochilava, a visão reaparecia, eu ouvia os mesmos gritos e via Kaya sofrendo. Eu tentei usar meu dom mas eu estava fraco. Além disso, eu não conseguia ativar meus dons. O plano deles funcionou.

Depois de alguns dias preso, parei de ter essas visões. Não sabia o que isso significava. Então, fiquei preocupado mesmo assim. Ela poderia ter... Não. Eu não poderia pensar naquilo. Tinha que permanecer positivo.

Eu estava cansado e não tinha nenhum plano. Não conseguia me mover ou pensar direito.

—Luzern —Chamou um dos soldados quando eu estava cochilando —, o comandante Basel quer falar com você.

Só era o que me faltava.

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Amaya quem saiu de fininho na noite seguinte. Ela tinha, assim como o irmão, seus motivos. Pela primeira vez em dias, Pietro dormiu profundamente. Bem, ela não queria que ele soubesse. Amaya amava e confiava nele mas... ainda era cedo. E, como dizem, escondido é melhor, certo? Talvez não.

Era difícil driblar os guardas. Mesmo assim, Amaya conseguia o que queria com facilidade. Passou facilmente pelo corredor e chegou à saída, pisando levemente no chão. Subiu a barra da camisola e correu pelo gramado. Quando estava sozinha, Amaya era livre. Quando estava com ele, Amaya não era herdeira do trono.

Sorriu ao sentir a brisa em seu rosto e a mesma balançou seu vestido. Ao brilho da lua, a princesa sentia-se indomável. Por uma hora, ela teria chance de ser quem ela sempre quis ser: uma pessoa simples.

E no fim de seu caminho, perto da estrada de terra, estava ele. Murilo era um rapaz simples, era o que a inspirava a ser o que ela queria ser, nem que fosse por poucos minutos. Ela enterrou-se em seus braços, enterrou a cabeça em seu pescoço e aspirou seu perfume. Perfeito. Aquilo era perfeito.

—Como você está? —Ele perguntou, ainda sem desfazer o abraço.

Ela suspirou.

—Eu queria fugir daqui —Confessou.

—Não pode fugir do destino, Amaya.

—Eu posso mudá-lo, Murilo. Eu quero ficar com você, eu quero ser livre.

Murilo era o único que não temia o fato de Amaya ser uma princesa. Trabalhava no castelo, como ajudante das governantas e dos mordomos. Ela não teve sorte com seus relacionamentos antigos porque, quando descobriam que ela era herdeira, ou se afastavam, ou tornavam-se interesseiros. Foi diferente com ele. Mas disso vocês já sabiam.

—Sabe que não posso deixar você estragar sua vida.

Ela desvencilhou-se dele.

—Por favor, você sabe que eu nunca vou aceitar isso. Fui criada para ser rainha mas não vou me casar com um desconhecido.

Ele passou a mão pelo cabelo dela e a aconchegou na nuca da mesma.

—Vamos só aproveitar? —Pediu.

Ela assentiu e beijou seus lábios. Perder-se nos sentimentos nunca foi uma grande dificuldade para eles dois. Logo, estavam trocando sensações novas, grudados um no outro. Aquela paixão era a única coisa verdadeira na vida de Amaya, só que, até aquele momento, nem ela sabia disso.

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Ao invés de me levarem até o comandante, ele quem veio até mim. Pediu privacidade aos guardas. Eu deveria ficar nervoso com a presença dele mas eu só sentia raiva de mim mesmo por não conseguir usar meus dons contra ele.

—Aproveitando a estadia?

—Mais do que você imagina —Falei, dando um sorriso forçado e debochado.

Ele cruzou os dedos sobre o colo. Eu odiava aquele homem. Só nesses poucos segundos, imaginei infinitas maneiras de matá-lo.

—Você vai ser meu Selecionado —Disse, sem rodeios.

—O quê?!

Ele deu um sorriso de lado, como se já esperasse essa reação. Começou o discurso:

—Sua Majestade não sabe coordenar os dons. Prefere confiar que "os anjos" cuidarão de tudo —Disse, em deboche. —Mas eu sei o que devemos fazer. Sou eu o comandante, o que vai à luta. Ele apenas dá ordens sem fundamento.

Típico. O militar estava querendo dar ordens sem influência do rei, queria dar uma de revolucionário, queria ser obedecido. Eu deveria estar surpreso, mas não. Na verdade, eu o encarava como se já estivesse esperando por aquilo. Clichê.

—Espera que eu aceite?

—Você não precisa aceitar nada. Estou dizendo que você vai ser meu Selecionado.

Revirei os olhos.

—Não pense que é o primeiro. Um amigo seu já está me ajudando.

Opa, isso me surpreendeu. Quem faria algo assim? Tipo, ele resistiu?

—Quem?

Ele apenas riu em resposta e ficou de pé.

—Você deveria aceitar —Preparou-se para sair da cela. —Ou sabe que eu vou te forçar.

Ele saiu e me deixou ali, sozinho com os meus pensamentos - e os guardas.

Aceitar? Eu nem considerei essa alternativa. Ainda estava pensando em como poderia matá-lo.

Mais uma vez, voltei a analisar o que eu tinha: seis guardas, barras de ferro super resistentes e dons que não funcionavam. Tentei acioná-los mais uma vez mas não consegui. A fraqueza tomou meus músculos, como uma fadiga enorme e crescente. Eu não estava funcionando direito.

Os outros estavam lá fora... por que eles não se importaram de me procurar? Será que o rei voltou? E os guardas que cuidavam de mim antes? Todos são pau-mandados? Bem, eu estava cansado de tantas suposições.

Fechei os olhos mais uma vez e tentei dormir. Achei que tinha conseguido, já que ouvi a voz dela:

—Ethan?!

Nenhuma imagem formou-se em meu sonho, então, abri os olhos para confirmar meu delírio. Mas não.

Ela estava ali.

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    Oi, meus xuxuzinhos,

E aí, o que acharam?

Basel escrotooo! E esse romance da Amaya? Não sei vocês, mas eu amei.

    Espero que estejam gostando.

Até segunda! ❤️

    Obrigada a quem está acompanhando 💙

    Não esqueçam de dar a estrelinha e comentar bastante! ✨

Beijos de luz ✨,

Anaaclarag 💙

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora