Capítulo 8 - Coisa boa não vem

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   Estávamos no meio do treino quando o mensageiro chegou. Parei de explicar, de novo, como Ethan deveria usar a espada para não deixar o oponente tomar ou derrubá-la.

   —Está fazendo um ótimo trabalho, senhorita Dagenhart —O velho falou. —Preciso do senhor Luzern agora. Vamos conversar sobre os seus dons.

   Ethan ofegava. Enxugou a testa com as costas da mão e perguntou:

   —Não posso fazer uma pausa, senhor?

   O mensageiro riu.

   —Meu nome é Marlon. E, sim, pode. Mas me encontre no pátio daqui a cinco minutos. Os outros já estão lá.

   —Okay, tio Merlin!

   O velho saiu rindo e Ethan largou-se no chão logo em seguida.

   —Fora você ainda vai ter esse cara pra me treinar —Resmungou, com o rosto colado no chão.

   —Quer comer algo?

   Ele olhou para mim e franziu o cenho, boquiaberto.

   —Você se importa comigo? —Fingiu voz de choro.

   Revirei os olhos.

   —Não posso te matar de exaustão e fome.

   —Tô emocionado —Sentou-se e continuou: —Quero, sim.

   Eu busquei um pão e uma fruta para ele e o encontrei no pátio pouco tempo depois. Os outros Selecionados já expunham seu primeiro vestígio do dom. Fogo, ar, telecinesia e força imensurável. Além de água, claro, que era o dom de Ethan. Todos ao redor olhavam confusos e surpresos, incapazes de acreditar no que viam. Os outros já pareciam bem avançados, já que eu não tinha visto ainda ele usar seu poder.

   Entreguei o pão a Ethan e falei:

   —Boa sorte.

   Ele anuiu e deu uma mordida enorme no pão. Depois, correu para o centro do pátio. Ouviu Marlon falar e, após um esforço, com os olhos fechados, vimos um feixe de luz pequeno acender em suas mãos e, depois de alguns gestos, uma porção de água apareceu perfeitamente esférica em sua frente. Assim que abriu os olhos, sorriu. Notamos que seus olhos exibiam as íris amarelas brilhantes, assim como as dos outros. No meio das rajadas de vento, pequenos incêndios, madeira voando e pedras sendo esmagadas, Ethan sorria para sua esfera de água suspensa à sua frente. Até ele acertar meu rosto com ela.

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   Depois de me enxugar, entrei no castelo. Estava uma agitação só. Soldados trocavam de turno e cochichavam entre si. O rei estava em uma reunião com o rei de Renith e todos estavam nervosos com isso. Procurei por Pietro no salão. Ele conversava com alguns soldados das mais altas patentes. Esperei que terminasse antes de me aproximar.

   —Como estão as coisas?

   Ele suspirou antes de responder:

   —Não sei. É isso que me incomoda.

   Também suspirei e apontei para o lado de fora com a cabeça. Seguimos até lá e nos afastamos o máximo possível do salão.

   —Queria te ver mais vezes —Levou a mão ao meu rosto e me puxou para um beijo lento.

   Interrompi o mesmo e falei:

   —Cuidado, Pietro. Podem nos ver.

   —Por que tanto medo? Talvez seja bom que nos vejam. Cansei de me esconder. Estamos juntos há anos.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora