.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.
-Sabia que era uma péssima ideia -Sussurrei abaixada dentro do caçamba em que entramos.
-Não seja pessimista -Ethan sussurrou de volta.
Estávamos entre sacos e cestos, prontos para serem cheios no centro da cidade. Debaixo de uma lona, nós dois nos espremíamos no espaço pequeno.
-Você me deve uma, Luzern. Deve muito.
Ele riu baixo e passou a mão por meu ombro, me puxando para perto.
-Vou te fazer ficar confortável.
Dei um tapa nele.
-Ai! Eu só estava brincando. Sei que você é todinha do príncipe.
-Cala a boca.
O caminho foi longo. A estrada é esburacada e o transporte também não é rápido. A cada sacudida, alguma parte de meu corpo batia em um pote ou nas paredes.
-Falei que era melhor ficar pertinho de mim -Ele disse enquanto se segurava na borda da caçamba.
As mechas cacheadas caíam sobre seus olhos, que insistiam em buscar os meus. Ele parecia me provocar até quando apenas me olhava. Um sorriso igualmente provocador surgiu em seu rosto. Meu coração acelerou. Não entendo bem o porquê.
Seu sorriso idiota foi arrancado de seu rosto quando paramos subitamente.
-Vamos sair antes que alguém nos veja -Levantou uma parte da lona. -Primeiro as damas.
Passei por ele e saltei da caçamba. Me certifiquei de que ninguém nos olhava e mandei ele descer.
-Para onde agora? -Perguntei.
Ethan agarrou meu pulso e me conduziu até a praça. Depois, entrou em uma rua à esquerda e, então, à direita. Estávamos chegando no centro da cidade. Mesmo sendo bastante cheio e agitado, o lugar era vivo, sonoro e tinha inúmeros cheiros - nem sempre bons - que me traziam memórias. Pietro e eu tínhamos um plano de fuga para o centro quando éramos mais novos também. Pedíamos ajuda aos cozinheiros, que nos levavam com eles para fazer compras. Sorri comigo mesma.
Continuamos a correr até pararmos em frente a um pequeno estabelecimento com uma placa dizendo: "Horta do José". Sorri diante da simplicidade do lugar.
-É aqui -Ethan falou, encarando a porta de madeira.
-Então entra.
-É assim? Você não vai falar nada para me incentivar? -Ele fingiu estar ofendido.
-Vai logo! -Empurrei-o.
Ethan pareceu arrumar a roupa antes de abrir a porta. Segui atrás dele e enchi meus pulmões com o cheiro de frutas. Pequenos cestos de palha estavam cheios de maracujás, laranjas, abacaxis, melões, mangas, entre outras. Além disso, alguns outros recipientes estavam com alfaces, couves, etc. Um senhor grisalho estava de costas para nós, varrendo o local.
-José? -Ethan chamou.
O homem virou-se para nós e um sorriso gentil colocou-se em seus lábios quando viu Ethan.
-Luzern! -Veio até ele e o abraçou. -Quanto tempo, garoto! Por onde esteve? -Segurou-o pelos ombros para analisá-lo. -Está forte!
-Eu... meio que...
O senhor olhou para mim e sorriu novamente.
-Casou?
-Não... -Ethan hesitou. -Ainda não.
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Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra
RomanceDe quantos recomeços é feita a vida? O que é mais difícil: a guerra do coração ou da nação? Kaya Dagenhart é uma soldada do Exército de Lithia, um reino rico e cheio de histórias envolvendo anjos e nefilins. Sempre teve certezas sobre tudo na vida...