.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.
O último mês foi um inferno. Eu me convenci, depois de Pietro espancar Ethan, de que eu precisava tratá-lo bem se quisesse sair dali. Eu precisava ganhar a confiança de Pietro para poder conseguir nos libertar. Passei a não citar Ethan, por mais difícil que fosse, não tentava escapar, conversava com ele sobre tudo e tentava ser ao máximo educada e amorosa com ele. Falei em me tornar rainha e em festas esnobes e fúteis. Foi difícil demais mas eu consegui.
Pietro "permitiu" que eu dormisse em sua cama, duas semanas atrás, ao seu lado. Quando me disse isso, abracei-o e agradeci, como uma louca apaixonada. Ele estava muito feliz, o que fez eu me sentir um pouco culpada. Naquela tarde, fui sorrateiramente até a cozinha e roubei uma faca. Encaixei-a entre a barra da calcinha e minha pele e subi. Me preparei como uma esposa submissa: passei creme, arrumei o cabelo e a faca. Deitei na cama e fingi que estava dormindo. Ele chegou e deitou-se ao meu lado, tocando meu braço e acariciando-o, como se não acreditasse que eu realmente estava ali. Esperei que parasse e que sua respiração ficasse pesada. Virei-me lentamente e empunhei a faca. Ele estava sem camisa, o que deixava seu peito livre para meu golpe. Eu poderia também cortar sua garganta.
Preparei-me para o golpe e, quando a faca estava a milímetros de sua pele, senti sua mão agarrar meu braço.
—Sabia que isso tudo era plano seu —Ele empurrava meu braço para afastar a faca de si.
Eu gritei com a frustração e o esforço. Pietro rapidamente tirou a faca de mim e colocou o corpo sobre o meu. Ouvi passos acelerados no corredor e bateram à porta. Pietro, no entanto, estava focado em mim.
—Eu só queria que me amasse —Colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.
—Eu... só estou confusa, Pietro —Eu disse, as lágrimas escorrendo involuntariamente. —Eu te amo mas você me fez tanto mal...
Minha sorte era que ele estava louco. Pietro me trancou naquele quartinho por mais alguns dias e logo me deixou sair. Apesar disso, tinha, obviamente, perdido a confiança que tinha antes. Eu precisava de outro plano. Ainda não podia sair do castelo e ninguém me ajudaria. Todos eram funcionários fiéis. Ou não.
Semanas depois, completando um mês que eu estava presa naquele lugar, quando eu estava brincando com Dalila, vi uma figura cruzar o corredor apressada. Eu conhecia aqueles passos... Fui até o corredor.
—Marlon?
A pessoa parou. Pude ver seus cabelos grisalhos e suas costas curvadas. Era ele! Virou-se para mim lentamente e sorriu quando me viu.
—Senhorita Dagenhart!
Corri até ele e o abracei.
—Precisamos conversar —Sussurrei em seu ouvido já que tínhamos olhos em todos os lugares.
Ele anuiu e sussurrou de volta:
—Estarei na biblioteca.
Nos desvencilhamos.
—Quanto tempo! —Continuei fingindo sob os olhos dos guardas.
—Sim, há muito que não a vejo. Como está?
—Estou muito bem. Tenho sorte de ter um homem como Pietro —Ô se tenho!
—Muito bem... espero encontrá-la por aí.
—Igualmente. Tenha um bom dia —Despedi-me e voltei para o quarto de minha filha.
Estava ansiosa para a tarde. Tínhamos muito a conversar.
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Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra
RomanceDe quantos recomeços é feita a vida? O que é mais difícil: a guerra do coração ou da nação? Kaya Dagenhart é uma soldada do Exército de Lithia, um reino rico e cheio de histórias envolvendo anjos e nefilins. Sempre teve certezas sobre tudo na vida...