Capítulo 26 - Infinita escuridão

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   Perto da fronteira. Foi tudo o que consegui arrancar dos guardas quando perguntei sobre o rei. Afinal, era uma "informação sigilosa". Segui procurando, buscando alguém que estivesse disposto a me ajudar. No fim do dia, encontrei Arthur perto na cozinha do castelo e ele quase me matou de tantos abraços.

   —Anjos, eu achei que você tinha morrido! —Falou, enquanto me apertava. —Foi uma agonia enquanto você estava fora.

  Me soltou e eu pude respirar, finalmente.

  —O chefe de segurança deu uma de revoltadinho, não queria mandar equipes de busca.

   —Fiquei sabendo. Vou contar ao rei. Preciso de ajuda para achá-lo.

   Peguei um pouco do pão que os cozinheiros preparavam e recebi um olhar de desaprovação de um deles.

   —Não tivemos muita informação sobre onde eles estão —Arthur fez o mesmo e saímos da cozinha antes de sermos esfaqueados. —Eles vão acabar nos matando qualquer dia desses.

  Eu ri e engoli o pedaço.

   —Achei que você pudesse vir comigo para procurá-los —Falei.

   —Você pretende sair quando?

   —O mais cedo possível.

   —Então vamos lá.

   A noite foi longa. Pegamos apenas o necessário para alguns dias e seguimos nos esgueirando. Seguimos a pé já que não podíamos chamar atenção. Pedi cobertura a Ethan e a Marlon. Foi complicado. Com o meu punhal preso ao tornozelo e a espada na bainha, avançamos sobre a escuridão do pátio do castelo. Qualquer movimento seria nos entregar e provavelmente seríamos presos. Ou mortos. Minha visão ainda se adaptava. Tínhamos que cruzar cerca de 100 metros para chegar à saída. É pouco mas parecia uma milha para mim. Cuidadosamente, dei o quarto passo. Sim, eu estava contando.

   Arthur seguia bem atrás de mim, com medo de respirar muito forte. Os cascalhos estalavam sob nossos pés e eu xingava mentalmente os que faziam um barulho maior. Os sentinelas cochilavam em seus postos. Mesmo assim, nos escondíamos atrás de árvores e caixas no caminho. Chutei várias raizes no caminho.

   Sessenta e sete...

   Estávamos na metade do caminho, passando bem em frente ao posto de um dos guardas. Era pequeno, como uma guarita. Estava bem iluminada. Me agachei e esperei algum ruído. Arthur esticou-se e sinalizou para que eu continuasse. Ok. Passei ainda agachada perto da porta do posto e prendi a respiração. Olhei discretamente para dentro do posto. O homem estava quase deitado na cadeira, com os braços apoiando a cabeça. Parecia dormir. Bem, eu esperava que sim.

   Segui em frente, lentamente, quase rolando sobre os cascalhos. Escondi-me atrás da árvore mais próxima. Arthur prosseguiu, assim como eu, bem devagar, com passos curtos. Mas dessa vez não deu muito certo. O homem levantou-se e Arthur, ao invés de correr, pegou o punhal no tornozelo. Merda.

   —O que está fazendo aqui, Bern? —O homem perguntou.

   Ouvi o mesmo empunhar sua espada. Merda. Arthur arrumou-se de pé e escondeu o punhal sob a manga da sua roupa.

   —O comandante me encarregou de abastecer sua tenda hoje à noite.

   —E como eu não fui informado disso? —O homem indagou.

   —Bem, se não dormisse tanto, ficaria mais informado —Meu amigo debochou.

   Sério, Arthur? Agora?

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora