Capítulo 57 - Infinito

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.•**•..•**•..•**•..•*ETHAN*•..•**•..•**•..•*

   Dez dias se passaram depois da vinda de Marlon. E mais uma vez eu não sabia de nada. A impaciência me atacava diversas vezes. Eu perguntava ao guarda se alguém tinha ido me visitar. Nada. Nem mensagens nem cartas. Pensei em pedir ao guarda para que ele me ajudasse mas eu não tinha nada para oferecer, ele jamais me ajudaria.

   Mesmo com a visita de Marlon, eu não tive certeza de como Dalila e Kaya estavam. Ele foi muito vago. Apenas me assegurou que elas estavam... livres a esta altura. Quanto tempo seria "logo"? Espero que eu esteja certo.

   —Não se encha de esperanças, Luzern. Ninguém nunca aparece por aqui —Wendel disse, deitando novamente.

   Eu sabia que ele estava certo. Ninguém nunca viera o ver e minhas visitas não foram programadas.

   Então, como um aviso louco dos anjos, guardas surgiram à frente de minha cela.

   —Ethan Luzern —Começou a que estava à frente —, sua prisão foi revogada pelo Conselho Real —E começou a abrir a cela.

   Wendel sentou-se rapidamente. O alívio que tomou meu peito foi tão grande que eu soltei um suspiro alto.

   —Achei que o rei te odiasse —Wendel disse.

   —Não acho que ele seja mais um problema —E estendi a mão para ele. —Boa sorte.

   Ele aceitou o cumprimento.

   —Pra você também.

   Ergui a cabeça e dei mais um suspiro antes de deixar a cela.

.•**•..•**•..•**•NARRADORA*•..•**•..•**•.

   Kaya não tivera mais notícias de Pietro ou de Ethan. Estava em casa novamente mas não se sentia em casa. Ethan não estava lá. Além disso, seu encontro com Marlon a deixara perturbada. As verdades que lhe foram contadas eram surpreendentes.

   Marlon lhe disse tudo o que escondera de todos durante anos: ele era o receptáculo de Amitiel. Por isso sumia e aparecia quando bem entendesse, por isso tinha poderes mais complexos. E o nefilim era seu filho.

   —Eles mataram meu filho —Disse ele a Kaya, dias antes, com lágrimas nos olhos. —Não podia deixar isso passar. Por isso ajudei Lithia. Meu amor por Eleanor era grande demais.

   Kaya escutara tudo abismada. Estava sentada em uma das cadeiras empoeiradas, com Dalila no colo - tinha ido buscá-la. Ela estava encantada por Marlon. Se esticava para ele, a fim de que ele a colocasse no braço. Ele assim fez e, com um movimento simples com as mãos, fez uma ilusão com borboletas surgir. A menina riu.

   —Boboleti —Balbuciou a pequena.

   Marlon sorriu.

   —Consegue imaginar sua vida sem ela?

   —Seria doloroso demais —Kaya concordou, sem conseguir nem pensar naquilo. —Então os anjos têm sentimentos?

   —A maioria dos seres é capaz de aprender a sentir —Explicou, ainda brincando com Dalila. — Eu não sabia bem o que era ter sentimentos até conhecer Eleanor.

   —Achei que anjo não tivesse gênero.

   —O amor não precisa de gênero definido, Kaya.

   —E por que você estava aqui?

   —Curiosidade, querida. A Terra sempre foi um lugar surpreendente. As coisas "lá em cima", como vocês dizem, não são tão... humanas. Vocês são únicos —Cutucou a bochecha da menina. —Quando Eleanor engravidou, foi como se minha vida tivesse começado naquele momento, sabe? E perder meu filho foi insuportável.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora