Capítulo 60 - PS: não brigue comigo

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.•**•..•**•..•**•..•*ETHAN*•..•**•..•**•..•*

   Kaya é difícil. Nossa, como foi difícil conseguir que ela saísse de casa! Eu precisava arrumar aquilo senão não seria tão especial. Ela dizia que odiava surpresa e segredinhos. Melhor ainda.

   Arrumei a casa rápido. Afinal, não sabia se o plano de Rainara tinha dado certo. Como já era tarde, presumi que sim. Peguei algumas rosas e a caixa e coloquei tudo onde achava que deveria estar. Varri, lavei a louça, troquei os lençóis... deixei tudo limpo o suficiente para impressioná-la. Sorri diante do resultado.

   E odiei. E amei. E odiei de novo. Mudei tudo de posição. Destroquei e troquei. Será que ela vai gostar?

   Eu sabia tanta coisa de Kaya mas, naquele momento, ela era uma total desconhecida. Eu já não sabia se ela ia gostar daquilo, se ia gostar daquela cor, daquela toalha, daquela arrumação. Então eu mudei tudo. De novo e de novo.

   Fiz meu jantar enquanto planejava o que ia dizer, qual seria meu discurso. Expliquei-me para a parede e para os pratos. Achei uma bosta. Mas tudo bem. Eu tinha tempo.

   Comi e passei o resto da noite treinando. Precisava fazer dar certo. Mas nada mudaria se a resposta fosse a que eu não esperava, mudaria? Tudo bem, eu podia lidar com qualquer coisa que viesse. Era uma bobagem formal. Eu só queria vê-la sorrir - mesmo que ela ficasse com raiva antes.

   Dormi inconfortável. Eu estava inseguro - se não deu ainda para perceber. Acordei cedo e preparei o café da manhã. Arrumei as frutas e pães, olhe de novo para a caixa. É... tudo certo. Tomei um banho, me perfumei e arrumei o cabelo. Esperei-a na sala. Ou talvez fosse melhor na cozinha? No quarto?

   A porta abriu. Porra. Ela chegou.

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   A noite foi bem legal, na verdade. Eu e Rainara bebemos um pouco e rimos muito. Conheci um lado dela que nunca tinha visto: um lado brincalhão e radical. Conversamos sobre tudo - menos sobre a surpresa. Acabamos dormindo cedo mesmo sem ter nenhum compromisso no dia seguinte. Eu estava cansada. Acabei dormindo quando fui colocar Dalila para dormir. Rainara me acompanhou.

   Tomei café da manhã com Rainara e me preparei psicologicamente para voltar para casa. Eu iria descobrir o que era que ele estava me escondendo. Me despedi dela e ela se ofereceu para ficar com Dalila por um tempo.

   —Ué... Por quê? —Perguntei, desconfiada.

   —Bem... vocês retornaram há pouco tempo. Eu nunca mais fiquei com ela —Disse, dando um sorriso amarelo. —Por favor, querida?

   Estreitei o olhar mas acabei concordando. Dalila adorava Rainara - "Nala", como ela chamava - e eu precisava focar 100% na missão "descobrir-o-que-Ethan-estava-me-escondendo". Fui pisando duro para casa, preparando a briga mentalmente. Respirei fundo algumas vezes antes de abrir a porta. Me surpreendi com o que vi. Demorei um pouco para reagir porque meu corpo não sabia como processar minhas emoções. Entrei e fechei a porta, analisando toda aquela cena: nem parecia nossa casa. Então era aquilo que ele estava escondendo! E Rainara, aquela... Miseráveis.

   Tudo estava arrumado; a mesa da cozinha cheia de frutas e pães e... um bilhete. Peguei o papel que estava cuidadosamente dobrado sobre a mesa e o abri.

   "Tire as sandálias e relaxe antes de seguir em frente. Ah, e... poderia recolher as rosas enquanto anda para o quarto?

    PS: não brigue comigo."

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora