.•**•..•**•..•**•..•*ETHAN*•..•**•..•**•..•*
Aos poucos, a ala hospitalar foi ficando mais livre. Os mais graves continuaram internados e o restante foi rapidamente atendido. Já devíamos estar no meio da noite quando eu cheguei no quarto. Não saberíamos como tudo ia ser dali para frente. O chefe de segurança falaria com todos no dia seguinte.
—Os soldados que estavam indo ao hospital não voltaram ainda —Ouvi uma voz abafada no corredor dizer, no corredor.
Olhei para Cecil, que se aproximou da porta.
—O que houve? —Perguntou quando abriu a mesma.
—O grupo com os feridos não retornou ainda. Iremos enviar equipes de busca ao amanhecer.
Senti meu coração acelerar e o corpo gelar. Um medo repentino me tomou. Fiquei de pé e fui até a porta.
—Por que não enviam agora? Tinham... tinham feridos com eles —Sugeri, falando mais rápido que gostaria.
—Não podemos mandar mais soldados nessa escuridão. Pelo menos foi o que o comandante disse.
Ah, claro. Bufei e tentei passar por eles. Cecil me segurou pelo braço.
—Não posso deixar você sair, cara.
—E se eles morrerem? —Perguntei, tentando me livrar do braço de Cecil.
O medo só aumentava e milhares de teorias e paranóias surgiram na minha cabeça.
—Relaxa. Dagenhart está bem. Ela foi bem treinada —Um deles falou.
Meu corpo estava quente. Eu sentia um misto de raiva e vergonha. Acho que a raiva vencia.
—Não sabemos o que aconteceu ainda, mas... —O outro começou.
—E como podem me dizer que ela está bem?! —Meu tom de voz aumentava. —Não podemos abandonar ninguém.
—Fica quieto, Selecionado. Temos que seguir ordens e não questioná-las —O terceiro falou.
Senti uma dor de cabeça repentina. As pernas falharam mas eu não cheguei a cair, apenas cambaleei. A minha visão turvou e uma luz inundou meu campo. Fechei os olhos por conta da dor que a claridade causava. Esperei longos segundos para depois ouvir:
—Pode abrir os olhos agora, Ethan —Ouvi uma criança falar.
Hesitei, já imaginando de quem seria aquela voz.
—Uziel? —Perguntei à criança, na esperança de acertar meu palpite.
—Amitiel —A criança riu.
Não pude deixar de sorrir um pouco. O anjo parecia um garotinho de, no máximo sete anos. Ao seu lado, jazia Uziel, na forma de uma mulher ruiva.
—Precisamos que você veja algo, rapaz. Precisamos que entenda. Não podemos te falar diretamente. Não podemos interferir em sua vida —Uziel tinha uma expressão preocupada. —Ajude-a, Ethan.
Ela estendeu a mão e a sensação de paz me inundou e, mais uma vez, a luz tomou meu campo.
—Me tira daqui, seu imbecil! —Ouvi Kaya gritar.
Abri os olhos e a vi amarrada em uma cadeira com correntes apertadas. Dois homens de traje renithiano a observavam, com sorrisos sinistros nos lábios. Notei que ela falou com um deles e não comigo. O lugar era escuro, cheio de manchas e facas. Os homens ostentavam espadas grandes.
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Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra
RomanceDe quantos recomeços é feita a vida? O que é mais difícil: a guerra do coração ou da nação? Kaya Dagenhart é uma soldada do Exército de Lithia, um reino rico e cheio de histórias envolvendo anjos e nefilins. Sempre teve certezas sobre tudo na vida...