.•**•..•**•..•**•..•*KAYA*•..•**•..•**•..•**•.
Ah, ele não fez isso.
Só pode ser brincadeira.
Eu vou matá-lo.
Diante todo o reino, em um "anúncio importante", ele segurava minha filha, erguendo-a para o povo ver. Eu e Ethan estávamos na praça, assim como toda a cidade. Senti o ar faltar e agarrei-me no braço de Ethan. Minhas pernas estavam falhando, eu ia cair. Ou subir lá para socar aquele desgraçado. Minha filha se remexia em seu colo, agoniada. Meu coração doía. Ethan também tinha o olhar vidrado neles. Eu sentia a raiva emanar dele. Ou talvez fosse a minha raiva falando mais alto.
—É a nossa filha —Sussurrei, frustrada.
Pietro sorria enquanto anunciava:
—Esta é Dalila Dagostin, a herdeira do trono de Lithia.
E minha filha começou a chorar. Até ela sabia que algo estava errado. O povo celebrava, aplaudia. Todos amavam a família Dagostin, e uma criança sempre representava novas gerações, novas ideias. Mas era minha filha.
O povo começou a saudá-la, gritando "Viva Lithia".
—Eu não aguento mais ver isso. Vamos embora —Pedi a Ethan.
—Precisamos tirá-la de lá.
—Nós vamos, Ethan. Mas não podemos fazer nada agora. Vamos morrer se tentarmos.
Ele estava rígido, parado, encarando a cena. Pietro estava radiante. Idiota. Imbecil. Vou matá-lo. Sei que Ethan estava pensando o mesmo porque, quando segurou minha mão, apertou-a. Saímos da multidão, rezando para que nenhum dos soldados viesse encher nosso saco. Engoli o nó que se formou em minha garganta e respirei fundo. Eu ia resolver aquilo. Eu precisava resolver aquilo. Eu não era ninguém sem minha filha. Antes mesmo dela nascer, criamos uma conexão inexplicável. Eu sentia falta da minha menina. Precisava dela.
Então, no dia seguinte eu levantei cedo. Não dormi. O ódio não deixava. Ethan também estava acordado. Falei que eu ia resolver tudo e ele ficou com medo, disse que eu poderia ser presa ou morrer. Eu falei que tudo daria certo, que não precisava se preocupar. Saí antes que revidasse. Ele me seguiu até o castelo, em silêncio. Pensei que fosse discutir mas não o fez. Chegamos no portão, e Ethan apertou meu ombro.
—Tome cuidado, por favor.
—Eu vou —Suspirei. —Sabe que esse plano é péssimo, não sabe?
—Claro que sei. É terrível —Sorriu, sem humor nenhum. —Mas ele ainda ama você.
Franzi o cenho.
—Eu acho que não...
—Eu sei que sim. Você não é o tipo de mulher que se esquece facilmente.
Não pude evitar um sorriso de canto. Eu queria que Pietro me esquecesse. E que nos deixasse em paz. Sei que ele era o pai biológico da menina mas isso não lhe dava o direito de tirá-la de mim.
—Boa sorte —Desejou. —Vou estar aqui fora, te esperando.
—Achei que fosse querer entrar.
—Ele me odeia e ama você. Creio que seja melhor eu ficar aqui.
E, se eu fosse presa, teria alguém do lado de fora para fazer um plano. Realmente era melhor que ele ficasse.
—O que vai fazer se alguém... — Começou.
—Tenho minha adaga predileta aqui e Arthur está lá dentro. Vou deixá-lo a par de tudo.
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Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra
RomansaDe quantos recomeços é feita a vida? O que é mais difícil: a guerra do coração ou da nação? Kaya Dagenhart é uma soldada do Exército de Lithia, um reino rico e cheio de histórias envolvendo anjos e nefilins. Sempre teve certezas sobre tudo na vida...