Capítulo 4 - Perdendo a cabeça

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Elijah era um cara legal. Os treinos com ele estavam indo muito bem. Estávamos em uma das salas de treinamento fornecidas para os soldados. Não serviam de muita coisa para nós já que costumávamos treinar ao ar livre.

Mas claro que aquilo estava bom demais. Eu nunca ficava com trabalho fácil.

Adil se aproximou de mim em um dos treinos e disse que uma treinadora estava tendo problemas com o Selecionado designado a ela. E ele queria que eu ficasse com o meliante.

—Por quê? —Perguntei, cruzando os braços.

—Você é a única com temperamento compatível com o dele.

—Quem é a treinadora dele?

—Nicole. Você aceita? —Perguntou, apressado.

Desde quando eu tinha escolha? Nicole era, sim, muito... calma. Ela não tinha pulso para ser treinadora. Sempre soube.

—Sim.

—O Selecionado é Ethan Luzern, ele espera na sala 4 —E saiu, me deixando estupefata.

Puta merda. Tinha que ser ele. Claro. A vida adorava pregar umas peças em mim. Saí marchando rumo à sala 4. As salas eram pequenas, por isso estávamos treinando separados, por enquanto. Tinham apenas alguns aparelhos para apoiar as espadas e bonecos para demonstração. Abri a porta e notei que ele não estava ali. Mas poucos minutos depois, a porta foi aberta. Ele franziu o cenho.

—Acho que entrei na sala errada.

—Não, não —Falei, com um sorriso cínico. —Sala certa.

Manteve o cenho franzido e depois de alguns segundos em silêncio, falou:

—Não me diz que eu assustei a loirinha.

—Você encheu o saco da garota e agora eu vou ter que treinar você.

—Não vai precisar se esforçar muito —Sentou-se no chão. —Não vou treinar.

Encarei o infeliz por longos segundos. Ele pareceu sem graça.

—Você parece uma criança birrenta —Eu disse, por fim.

—Ah, então você aceitaria normalmente se uma mulher chegasse na sua casa dizendo que um cara que sempre viveu do luxo, tem milhares de soldados e cobra seu imposto precisa de você para ajudá-lo?

—Em primeiro lugar, é uma profecia. Nós não questionamos. Em segundo, você não está servindo ao rei mas ao reino. Todos acreditam na profecia.

—Isso tudo é uma mentira!

—Diga isso ao povo. Todos põem fé em vocês, veem vocês como heróis.

—Eu não quero ser um herói! —Pôs-se de pé, ficando de frente a mim.

—Não interessa o que você quer —Aproximei-me dele, afundando o indicador em seu peito. —Interessa que você foi escolhido então para de choramingar e treina. Eu sei que você quer fugir daqui —Diminuí o tom. — Mas deixa de ser burro. Se você quiser fugir dessa bosta, precisa ganhar confiança do rei.

Ele pareceu surpreso com todas as coisas que eu falei. Tanto que demorou um pouco para responder.

—Como assim?

—Todos os olhos estão voltados para você agora, querido —Falei e tirei sua espada da bainha. Admirei o cabo azul e as asas talhadas. Uau. —Ganhe a confiança dele, lute nessa guerra, faça o que ele quer —Coloquei a faca na sua mão — e depois você foge. Dica de uma garota que planeja sair daqui desde a adolescência.

Os Dons de Lithia: Entre o Amor e a Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora