Ven olhou para todos os cantos do quarto que foi acomodado, seu olfato lhe dizia que era um cômodo que passava muito tempo trancado. Poderia ficar surpreso pelo doutor ter permitido sua estadia em sua casa com tão pouco tempo de conversa, lembrava do semblante exausto que estampava sua face. Ele não estenderia nenhuma conversa, seja com quem fosse. Retirou suas roupas desgastadas, sujas e fedidas, não duvidava que sujou o sofá do doutor quando sentou horas antes. Seu cheiro não estava nada agradável, não precisava de olfato aguçado para constatar. Sua pele soltava óleo quando passava o dedo sobre o rosto, pensou até em tomar um banho, ponderando sobre o quanto seria desagradável falar com o humano novamente. Sem querer lidar com o doutor, deitou-se no chão frio, adormecendo rapidamente. Sonhou com os laboratórios da Mercile, em como limpavam os ferimentos com álcool puro, era desagradável, queimava as narinas; acordou com a mesma sensação de queimação no nariz sofrida no sonho. Abriu os olhos desnorteado, uma grande quantidade de aromatizante impregnava o quarto, o cheiro de canela e mel queimava seu sistema respiratório quando puxava o ar. Levantou com vontade de socar o responsável pela sensação sufocante, olhou para os lados frustrado deixando o suspiro derrotado sair, não poderia socar ninguém ali. Permaneceu sentado pensando no que fazer nos momentos seguintes, atentou seus ouvidos, apressou em colocar suas roupas quando escutou o passos se aproximando da porta. Suas roupas não estavam onde as colocou, encontrou apenas um pijama de flanela que cheirava a novo. Vestiu as calças rapidamente esperando a porta se abrir, não se preocupou em colocar a camisa, afinal, eram dois machos.
Jimin estava indeciso se queria mesmo entrar naquele quarto, o espécie estava á cinco dias dormindo, o corpo estava tão fedido que precisou lançar spray aromatizante no ar. Não poderia mais protelar, era importante que tivessem aquela conversa.
Bateu de leve na porta enquanto segurava a maçaneta. Respirou fundo quando teve autorização, fazendo careta pelo ardor que sentiu no nariz.- Não era para ter vestido o pijama antes de tomar banho - Jimin disse vacilante.
- Eu não queria assustar o doutor - Jimin ficou confuso, já tinha entrado no quarto enquanto o outro dormia e não se assustou com nada. Sentiu vontade de perguntar o que poderia o assustar, quebrou aquela linha de pensamento optando por não deixar sua curiosidade tomar o espaço do real motivo de sua presença, não era a hora para isso.
- Pois bem. Tem um banheiro a saída da porta à esquerda - apontou, deixando o mais Claro possível - Abasteci com produtos de higiene pessoal, todos de cheiro neutro.
O doutor saiu assim como entrou, sem mostrar nenhum tipo de sentimento próximo ao pessoal.
Ven não se lembrava de ter se sentido tão bem em relação a um banho antes, quando se despiu prendeu a respiração para não sentir o cheiro podre que saía de seu corpo, o esfregou com tanto vigor que sua pele ficou ardida e vermelha lhe causando um prazer desconhecido.
Jimin esperava com papéis e caneta em mãos, sua postura austera, profissional. Lembrava um pouco o líder de Homeland.
- Já podemos começar doutor- Jimin levantou seus olhos para o homem assustador diante de si, mesmo tão forte fisicamente ele parecia lutar contra uma fragilidade interna.
- Coma sua comida primeiro, depois conversaremos. Está na cozinha depois do quadro a direita - apontou para ante sala.
- Eu sei, estive lá quando invadi a casa- Jimin assentiu, se lembrava de ter um estoque maior de carne no congelador antes do espécie o agraciar com sua presença.
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- Doutor?!- o cirurgião levantou os olhos assustados, estava tão absorto no trabalho que por longos minutos esqueceu de sua intrigante situação atual- estou pronto, podemos conversar agora.
- Certo- soltou o ar - senta, preciso fazer perguntas necessárias.
- Que tipo de pergunta?- questionou com uma carranca, sentando em frente ao outro.
- Tipo sanguíneo? Possui alguma alergia? Alguma doença que comprometa a coagulação? Essas coisas que um cirurgião precisa saber para impedir que alguém morra na mesa.- AB, não possuo alergias ou doenças humanas, tenho poder de cicatrização muito maior que dos humanos.
Jimin ficou apreensivo, ele passou horas criado um plano de intervenções que levaria a quebra de ossos faciais para remoldar de maneira mais naturalmente humana possível. Toda cicatrização tem seu tempo, ele precisava deste tempo.
- Quanto tempo?- proferiu preocupado- Se um osso fino for quebrado, quanto tempo você iria levar para a cicatrização?
- Quanto tempo levaria um humano?
- Em média, de quatro a seis semanas. Alguns mais, outros menos, depende do osso quebrado.
- Se um humano leva quatro, eu levo uma semana e meia.É assim que meu corpo funciona, fomos criados para ser fisicamente melhor.
Jimin fez um bico, ficando pensativo. Tudo estava bem, apenas teria que fazer tudo em um tempo ridiculamente menor do que estava acostumado. Aproveitou enquanto o espécie dormia para analisar sua face, fazer medição e estudar o quê poderia ser feito. Estava tudo em suas mãos, cada passo que daria estava devidamente anotado, ele só teria que diminuir o tempo.
- O que pretende fazer, doutor?
Respirou fundo. Um médico sempre dava ao seu paciente a explicação de tudo que faria, o paciente só entraria na cirurgia se concordasse com todo procedimento. Era o certo a se fazer.
- Quebrar seus ossos faciais, colocar um molde interno para que eles cicatrizem no molde colocado, eles precisam passar pelo encaixe para que a remodelação fique natural.
- A cicatrização acelerada sera um problema? - Ven começou a ficar desesperado com a possibilidade de seus planos serem frustrados.
- Como eu disse, os ossos precisam se encaixar na remodelação, nervos, tecidos - suspirou- se isso acontecer de maneira acelerada ficará como se tivesse batido sua cara em um caminhão. E correções não seriam viáveis.
- O que fará doutor?
Jimin o encarou parecendo frustrado.
- Entrar em uma luta de boxe com o tempo! - engoliu o ar - Montei uma equipe de confiança, reduzida, mas leal. Em duas semanas estaremos prontos, você passará por exames durante este tempo, não quero que morra na minha mesa - estendeu os papéis que segurava para o espécie- aqui estão papéis que você deve assinar, eles provam que tudo que for feito será sobre sua autorização e vontade. Sabe assinar?
- Sim- respondeu folheando o monte de papéis, franziu o cenho ao ver fotos suas ali, fotos dormindo.
- Você dormiu por quase cinco dias, pensei até que estava em estado de coma, nem se uma bomba explodisse você acordaria pelo que vi.
- Dormiria mais, se não tivesse empregnado a casa com o cheiro horroroso.Jimin soltou um riso zombeteiro.
- Não se a casa fosse invadida por urubus.
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Vengeance, Renascimento (NE)
FanfictionQuando fui liberto da Mercile, pensei que seria livre. Então me colocaram em uma gaiola maior como Homeland... Deveríamos ser uma família, como uma família pode se sustentar com seus pilares feitos de dor? A verdade é que, apenas tentamos nos curar...