O que é o certo?

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    O que estava fazendo? Se perguntou irritado. Chorando com uma criança medrosa, completamente vergonhoso. Passou por treinamento militar, meses no treinamento  anti-bombas antes de passar para a área médica. Não era nenhum garotinho manhoso. Seus pais teriam vergonha de vê-lo prostrado aos prantos. Não iria mais permitir ser humilhado.
  Jungkook estava nas mãos da ONE. Não sabia a sua situação, se estava preso, se sabiam quem era. Levou as mãos para o rosto molhado, enxugando a prova de seu descontrole. Seu estômago doía, a fome o enfraquecia. Recostou o corpo dolorido na parede mofada; a ideia de que, todo aquele cenário fora propositalmente montado provocou um sorriso de descrença. Prendeu os cabelos com os dedos, se convencendo de quê a experiência o faria bem no futuro.
   
A porta da sala abriu, o barulho de ranger machucando seus ouvidos. Tencionou. Uma mulher passou, carregando uma vasilha e uma garrafa transparente de água. Olhou para ele de cima a baixo. Uma nova espécie, constatou.

- Não tente nada. Sou forte o suficiente para derrubar um macho humano - avisou - também não diga gracinhas.

  Jimin se irritou, desde que ela entrou, ele não mostrou nenhum interesse. Suas palavras não tinham cabimento.

- Tome - empurrou a vasilha com arroz e algumas coisas misturadas para ele - Dra Trisha disse que aí tem vitamina suficiente para o seu corpo.

  Jimin percebeu que a mistura se tratava de farelos que davam para crianças desnutridas em lugares miseráveis. O riso descrente passou por seus lábios novamente.

- O que foi? Asiáticos não gostam de arroz? - a moça disse, parecendo inocente.

Resolveu dar um crédito para a ignorância de sua frase.

- Acredito que o fato de eu ser um asiático não foi o motivo da Dra Trisha me mandar arroz. Ela mandou por que é carboidrato e rico em glicose. Mas ela esqueceu que, estou há dias à base de água. Se eu comer isso aí, vou vomitar e provavelmente ter desinteria. Meu corpo terá uma sobrecarga de glicemia. Quer me ajudar? Traga biomassa de banana verde com aveia.- a garota olhava espantada por sua arrogância.

- Não trarei isso para você - se irritou - Esta com fome? então coma. Os humanos não eram tão gentis conosco.

- Pode me trazer um copo de leite também.

  Jimin se recostou novamente, depois de a ver se retirando com a vasilha em mão. Começou a cantarolar, uma música infantil dos seus tempos de criança.

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    Samy caminhou apressada pelos corredores, seu sangue todo fervia de raiva. Suas mãos pulsando para socar o humano. Ainda carregava a vasilha de arroz, orgulhosa de si mesmo por não ter jogado em alguma parede pelo caminho.

  Pediu pelo rádio comunicador para que Grand levasse a Dra Trisha para o refeitório. A morte do humano poderia acarretar muitos problemas para a ONE, e seria isso que aconteceria se ele não se alimentasse.
  
  Se acalmou ao chegar no refeitório, ali não se sentia subjulgada como sentiu diante do Doutor. Ele possuia algo forte em seu olhar, como alguém dominante naturalmente.  Ficou agradecida por ele não ser espécie. Ter sentidos aguçados o faria perceber o quanto ficou tentada em  arrumar seus cabelos desgrenhados, e cuidar de seus lábios inchados. Se pegou perguntando se ele achava as fêmeas Nova espécie atraentes. Não desejava um companheiro, no entanto, o humano despertava algum instinto adormecido em si.
  
Diferente dos outros espécies, Samy não nasceu sobre os olhares da Mercile. Foi gerada por uma viciada que aceitava qualquer coisa para bancar seu desejo por entorpecentes. A mulher a jogou no bueiro logo após seu nascimento, por acreditar que se tratava de um castigo divino. Um homem a tirou do meio das fezes podres,  quando percebeu se tratar de uma aberração a entregou para uma curandeira. A bruxa atendia seus clientes a apresentando como um demônio que foi capturado, os grunhidos chorosos de Samy os inclinavam a acreditar mais no conto. 
Muitos humanos apareciam e saíam acreditando que seus pecados e culpas foram transferidos para a menina. Quando cresceu, sua força ficou evidente, os dentes pontudos assustavam qualquer pessoa que se aproximava. Aos quinze fora trocada para suprir uma dívida. Ensinada e colocada em um ringue, sempre de máscara cobrindo todo o seu rosto, venceu lutas sangrentas com homens e mulheres. Todos queriam vencer a Samara: demônio do poço. Quando a força-tarefa da ONE a encontrou, sua cabeça estava suspensa pela focinheira presa no teto, suas mãos dentro de casulos de ferro, um castigo comum para as suas tentativas de se impor.  Homeland se tornou o lar, amava tudo ali.
  
  Até ver o Doutor, não acreditava que precisava de mais nada.
Colocou a tigela no balcão. Dra Trisha olhou dela para a vasilha.

Vengeance, Renascimento (NE)Onde histórias criam vida. Descubra agora