Capitulo 1: A+

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Tudo começou naquele verão de 84' em que eu recebera uma notícia em eu precisava tirar notas acima da média, caso contrário, reprovaria e eu perderia a minha vaga na faculdade.
A reitoria havia me indicado um professor particular, juro, odiava cálculos  e era isso que estava quase me reprovando, simplesmente por que eu odiava com veemência fórmulas.
No mural havia tantos folhetos de viagens e excursões, mas eu sabia que ia não estaria nos meus planos, pois ia ficar o verão inteiro sentada e estudando.
- Melina vai ficar para a festa do Swen?- olhei para ela com um olhar de profunda tristeza, até porque eu não poderia nem me divertir direito.
- Veronica , acontece que eu tenho que estudar! Eu preciso tirar A+ no exame, caso o contrário, adeus vida acadêmica.
- Vai fazer reforço?
- Irei! Eles me indicaram esse professor! .- mostrei o pequeno papel entre os meus dedos e que ela pegou e começou a rir.
- Mel, o sr. May é um carrasco! Vai por mim! Ele pega muito no pé para aprender.
- Foi ele que ensinou o Roger, não foi?
- Aham e o Roger era um 0 a esquerda. Se ele conseguiu  passar, você consegue.
Caminhamos pelo campus e eu senti uma vontade de chorar, sabia que não ia conseguir, meus planos de formar pareciam impossíveis.
- Mel você vai conseguir, tenha calma!
A sineta tocou e alguns estudantes saíram para o campo e eu senti alguém me puxar pela cintura. Virei e era Freddie.
- Vai fazer o que mais tarde? - Perguntou ele.
- Irei estudar, tenho que tirar A+ no exame.
- Porra, Mel! Hoje eu queria um carinho daqueles.
Freddie e eu éramos amigos há bastante tempo, acontece que quando ninguém tá perto, a gente fica. Damos uns beijos e uns amassos, porém nunca passou disso.
Eu era virgem, Freddie não. Eu não me sentia segura de querer transar com ele, ia ficar estranho e também eu tinha princípios que dizia que seria muito mais apropriado eu perder a virgindade com o amor da minha vida. Ele dizia que era besteira pois nada mais era que uma ideia machista que a sociedade tinha posto nas mulheres.
Mas o carinho que ele dizia seria nossos amassos próximo aos dormitórios.
- Freddie, eu nao estou nos meus melhores dias. Acontece que realmente quero passar de semestre.
- Eu sei, eu tenho que...
- Fala galera! - Chegou Roger com John e fomos sentando no gramado e ele foi acendendo um cigarro. Veronica já estava abraçada com John.
- Roger o sr May é tão carrasco assim?
- Na verdade não, eu acho estranho a gente chamar ele de senhor May, ele aparenta ser uns anos mais velhos que a gente, por que ?
- A Mel tá quase reprovando em cálculos e ela precisa da ajuda dele. - respondeu Veronica acendendo um cigarro de um cheiro esquisito.
- Você deveria ter falado comigo, Darling! Eu poderia lhe ajudar. - disse Freddie e eu já sabia as segundas intenções dele por trás do ajudar.
- Olha, acontece que o sr. May é de boas, só não vacila muito com ele, ele fica muito irritado. - disse Roger, pegando o cigarro dos dedos de Veronica.
- Soube que ele curte os Beatles.- disse o John que estava com a cabeça deitada no colo de Veronica que a mesma fazia um cafuné em seu cabelo.
- Pelo menos tem um bom gosto.- disse com a voz um pouco fria.
- Vai dar tudo certo, Mel! Confia! O cara é profissa e olha eu tirei B+,nem na escola eu tirei B+.
Todos nós gargalhamos e a sineta tocou fazendo os estudantes retornarem para suas salas habituais.
...
No relógio da biblioteca marcava as 15h00 e eu já estava ficando impaciente pois ele estava demorando. Já imaginava um senhor de idade bem avançada e super chato, porém também lembrei que Roger disse dele aparentar ser novo e ser un pouco mais velho.
...
A maçaneta girou e ele adentrou na biblioteca. Ele estava com uns livros tipo enciclopédias, uma bolsa tipo pasta e alguns papéis soltos. Quando ele virou, pude ver sua aparência.
Um rosto fino, seus olhos eram da cor de avelãs e seus cabelos cacheados e meu Deus, ele era lindo e realmente, Roger tinha razão, ele aparentava ser novo. Ele estava até de colete, de um tal possível terno, pois ele estava impecável, parecia que ele tinha fugido de um casamento e que ele era o noivo.
- Srta Stewart? -. Ele me chamou olhando para um daqueles papéis soltos.
Estendi a mão e ele foi se aproximou de minha mesa e deu um sorriso educado e eu senti uma vergonha horrível.
- Sou o sr. May, seu professor de cálculos. - ele sorriu e estendeu a mão direita para me cumprimentar.
Apertamos as mãos e ele se sentou ao meu lado colocando a enorme bolsa em cima da mesa e eu sentia meu rosto fervilhar de vergonha. Vergonha que  eu nem sabia de onde tinha vindo.

O professor Onde histórias criam vida. Descubra agora