Capitulo 10: O sábado

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O lado bom do sábado que você pode acordar tarde sem se preocupar, na verdade era um dos dias da semana que eu mais gostava por isso. Mas daí eu ouvi o meu telefone tocar.
- Alô?
- Precisamos conversar! - Veio um frio na espinha e eu estava reconhecendo aquela voz um pouco pesada.
- Quem é?
- Brian!
- Olha, Brian! Não tenho o que conversar com você, sério!
- Poderíamos tomar um café? Eu pago, eu preciso me explicar.
- Café? Okay! Eu vou, só porque hoje é sábado e eu amo os sábados.
- Posso te buscar daqui a pouco?
- Pode! Daqui uns 20min eu te espero no portão de entrada, ok?
- Ok!
Desliguei o telefone e fui tomar um banho.
...
O caminho para ir para a cafeteria era uma caminhada de 30 min e fomos o trajeto todo em silêncio. Chegando lá pedi meu café com leite e algumas torradas com manteiga de ervas, uma de minhas paixões.
- Então... é... Eu... - Ele coçava sua nuca e eu beribecando o meu café. - Queria dizer que eu sinto muito se você se sente culpada, eu também me sinto.
- Hum.- Mordi uma torrada e eu mastigava bem lentamente, pois eu queria ouvir ele falar, ele se explicar.
- Melina você realmente mexe comigo e eu estou com uma ressaca moral muito da desgraçada. - Ele apertava os olhos, parecia que ele queria chorar ou coisa do tipo.
Com os meus olhos semi-cerrados o encarava, eu não sabia mais o que dizer.
- Porra diz alguma coisa! - Agora vi que ele estava ficando irritado.
- Brian, ontem foi muito bom, não irei negar até porque mentir é feio, acontece que precisamos esquecer, falou ? Você tem sua vida e eu tenho a minha. Preciso estudar para passar na matéria e querendo ou não, ainda temos muito que remar para eu conseguir aprender mais um pouco das fórmulas que não entram em minha mente. Se você está com uma ressaca moral, imagine eu. Eu tô muito envergonhada e honestamente não pode se repetir jamais.
- Eu sei que não irá, quero que a gente continue sendo amigos e apenas amigos, até eu me restabelecer e se alguém do centro acadêmico descobrir, eu literalmente perco o meu emprego.
- Querendo ou não o segredo é nosso, se eu te expor eu vou ser exposta e eu amo ser invisível.
- Amigos? - Ele estendeu a mão e eu lembrei daquela mão apertando minha coxa, dela segurando minha costa.
- Amigos!!.- Cumprimentei e eu senti meu corpo ficar anestesiado de alguma forma.
O efeito que ele tinha sobre mim era uma coisa que eu nunca e jamais senti por alguém. Era a primeira vez que eu estava apaixonada por uma pessoa e que infelizmente era impossível, tudo era distante e eu me punia por não ser corajosa o suficiente para dizer o que sentia.
- Ainda está de pé a nossa ida ao teatro ?
- Está, sim! Espero não me arrepender.
Ele me olhou um pouco irritado, porém ele não falou nada e eu acho que nem iria falar. Flashes dos beijos ainda eram frescos em minha memória e os pêlos ficavam em pé. Por que ele provocava isso em mim? Por que ? Só foi uns beijos e... que beijos.
- Então, eu venho te buscar as 20h00
- Oi? - Me perdi em pensamentos.
- Venho lhe buscar às 20h00, certo?
- Certo! - Dei uma piggareada para limpar minha garganta e os seus olhos fixos em mim, um olhar perdido e confuso. O que pensava? O que queria dizer?
- Me passe o açúcar, por favor! - Ele estendeu a sua mão e o entreguei.
Nossas mãos se tocaram e eu sentia meu coração na minha garganta e os olhos deles olhavam para meus lábios e para os meus olhos. Flashes do beijo em frente a lareira vieram na minha cabeça e eu sentia meu corpo quente outra vez.
- Preciso ir embora, Brian! - Levantei e que sem querer derrubei algumas coisas no chão. - Que droga!
Ele me ajudou a recolher e colocou uma nota de 20£ em baixo da xícara e foi andando atrás de mim.
- Eu sei que se passou em sua mente, Melina!
Dei uma risada bem irônica e olhei para trás e ele estava parado com as duas mãos na cintura. Depois que pude notar que ele estava de bermuda e uma camisa simples branca com algumas estampas.
- Sabe? E que pensei?
- O mesmo que eu pensei, o nosso beijo.
Engoli seco e os seus olhar ainda perdido me encaravam e eu já nem sabia o que dizer.
- Passei a noite em claro pensando sobre isso, Melina!
- Você deveria esquecer, Brian!
- Eu quero, mas eu não consigo.
- Acontece, Brian .- Cheguei mais próximo a ele quase sussurrando para ele. - Você é a porra do meu professor, não quero que você perca seu emprego e outra, Mary Austin.
Seus olhos se encheram de lágrimas e eu me afastei, não queria ver ele chorando, não hoje e nem agora. Sentia meu coração ficar apertado ao ver ele naquele estado de querer chorar.
- Continuaremos sendo amigos, Brian! Apenas bons amigos que irão curtir ao concerto de ópera.
Ele piscou e a lágrima escorreu e eu senti meu coração apertar e até o nó na garganta se formou.
- Claro, claro.
Ele foi se afastando e me deu as costas. Ele abaixou a cabeça e colocou as duas mãos no rosto e eu não sabia que fazer. Só me aproximei e o abracei por trás, igualzinho como fazia com Freddie, com John e até mesmo o Roger.
- Até mais tarde, Brian.
Desmanchei o abraço e segui o meu caminho rumo para um lugar desconhecido, não queria ir para o alojamento pois eu já sabia que se eu fosse para lá iria morrer de tédio e eu queria mesmo curtir esse sábado de uma maneira positiva.
...
Havia passado o dia fora, além do mais eu também sabia me divertir, mesmo que estando sem meus amigos. Eu precisava me arrumar pois iria sair com Brian.
Mal adentrei no quarto e eu ouvi o telefone tocar, corri para atender e eu rezava com as minhas forças que fosse o Freddie.
- Oi?
- Não vai dar para irmos aquele concerto, mudança de planos.
- Como assim? Já havia separado o meu vestido.
- Infelizmente, baby!
- Você está furando comigo e então significa que nem para igreja gostaria de ir?
- Não sei, ainda nem pensei sobre. Dorme bem, desculpa.
Desliguei o telefone e eu fiquei irritada, irritada pra caralho.
Ring ring ...
Telefone tocou novamente.
- Oi?
- Oi darling!
- Oi, Freddie!
- O que porra você foi fazer na casa daquele homem, Melina? - Roger deve ter contado tudo a ele, como sempre. Mas eu não ficava com raiva do Roger por ele sempre fazer isso, além do mais éramos todos amigos e não haveria problema, mas era eu que deveria contar ao Freddie.
- Ah oi Freddie, eu tô bem tá? Comi ovos cozidos agora.
- Não muda de assunto, Melina Stewart!
- Eu? Freddie, da minha vida cuido eu e para que eu iria te contar isso ? Hein ? Para você me crucificar?
- Eu nunca te crucificar, só quero seu bem e sim, é verdade então?
- Sim, eu tô apaixonada por ele.
- COMO ASSIM, PORRA ?
Agora eu vi que tinha falado de mais para ele, talvez Roger só tenha omitido algumas coisas, pois sabia que algumas partes poderiam de alguma forma magoa-lo.
- O que Roger te contou?
- Que você tinha ido na casa dele e que vocês se beijaram, mas como assim você está apaixonada por ele, Melina ? Você está louca?
- Talvez e ei, não grite comigo, você não é o meu pai.
- Desculpa, porra Melina eu não gosto dele.
- Porque você não o conhece direito, Freddie aconteceu, queres que eu faça o que?
- Ficamos nessa de amizade colorida há tempos e do nada você se apaixona por um cara sem me consultar.
- Que eu saiba amizade colorida não tem compromisso e outra eu não preciso de sua autorização para merda nenhuma da minha vida, Freddie! Eu sou de maior e eu decido o que serve ou não para mim.
- Então quer dizer que eu nunca serviria para ti, não é mesmo?
- Freddie, somos amigos, porra! A-M-I-G-O-S e nunca passará disso até porque você é como um irmão para mim.
- Você que quis assim, sinceramente, não quero estar a parte disso quando ele for para cima de você e de brinde ainda querer romper... hum...
- Minha virgindade? É isso que quer dizer?
- Sim, você sempre disse que queria perder com alguém que amasse e se sentisse segura, quer mais segurança que eu ?
- Freddie na boa, você está um porre ou pior uma ressaca horrível, você simplesmente surta e diz que não gosta dele e quer que eu fique ao seu lado concordando. Primeiro: eu tô aqui conhecendo ele aos poucos e sei que ele é legal. Segundo: a vida é minha e a virgindade é minha e terceiro: se ele for o cara certo para minha vida, você infelizmente Freddie não pode fazer nada, certo? Eu tenho a sensação que você quer transar comigo.
- Eu sempre achei que era o cara certo para você.
- Freddie pelo amor de Deus, isso é tão ridiculo essas coisas que você diz, você é meu amigo, entende? Somos apenas isso e nunca passará disso.
- Acontece que eu sempre gostei de você, Roger sabe disso e John sabe também.
- Eu também gosto de você, porém odeio essas suas atitudes.
- Não, você não entendeu, darling! Eu gosto de você assim como um homem ama sua mulher.
Eu me senti um lixo e como nunca percebi isso antes?
- Eu não sei que lhe dizer... Não sei mesmo.
- Foda-se fiquei nesse sentimento encubado por meses e que caralho... - ouvia a sua voz pesada, provavelmente ele estava chorando e eu me sentia culpada. - Ah tchau.
Ele simplesmente desligou.
Eu nem sabia que dizer depois dessa ligação, sentia minha cabeça pesada e dolorida. Meu coração apertava de saber que lá do outro lado Freddie chorava por minha causa e eu não poderia fazer nada a não ser derramar também lágrimas. Freddie não chorava na frente dos outros, nem na minha, pois ele fazia papel sempre de durão forte e tudo, entretanto conosco ele era até melancólico, ácido, sincero, com coração gigantesco e emotivo.
Que merda de dia, que merda de noite. Eu amava os sábados, mas esse sábado foi um verdadeiro dia de merda.
...

Notas da autora: Cheguei ao capítulo 10 e eu queria muito saber a opinião se vocês: Estão gostando ? Que acharam da fic até aqui?
Vai chegar a segunda fase da fic e eu estou aceitando sugestões 😌 obg meuszamo

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