Capítulo 42: Susto atrás de susto

58 6 35
                                    

Cheguei em casa e fui direto tomar um banho quente na banheira, precisava pelo menos acalmar meus pensamentos e sentimentos que estavam uma verdadeira bagunça. Brian ainda não havia chego e eu então aproveitei e coloquei uma ópera para relaxar mais um pouco.
Ainda estava muito magoada com Freddie e eu precisava ficar longe dele por alguns momentos, mas pensar nele me provocava algumas lágrimas e eu chorava um pouco decepcionada. Tentava lembrar da vez que eu conheci.
# Flash back on #
Caloura na universidade e eu precisava me entrosar com alguém, na verdade, mais alguém pois fiz amizade com a minha colega de quarto Veronica.
Caminhando pela quadra tinha três rapazes sentados em banquinhos e de frente para um balcão e ao me aproximar percebi que tinha uma placa dizendo: "Faço sua caricatura por 5£ e todo dinheiro coletado irá para a caridade"
O rapaz da extremidade esquerda tinha um cabelo loiro dos olhos bem azuis, o do meio um cabelo castanho bem escuro e um pouco comprido e o do lado dele um de cabelo castanho claro.
- Oi, gostaria de ser desenhada!
O rapaz do meio sorriu e cutucou no loiro que ergueu a caixinha de sapato para mim e coloquei uma cédula de 5£.
- Sou o Freddie Bulsara! - O do meio entendeu a sua mão direita e eu sorri um pouco tímida. - O loiro se chama Roger e o outro é John, estamos trabalhando para caridade.
- Prazer, meninos! Hoje é meu primeiro dia aqui e eu não conheço nada!
- Bom, somos três desajustados também! - Disse então o Freddie e eu sorri amigávelmente e o mesmo pegou um bloco de notas e um lápis.
- Pode sentar no meu banquinho e perdão, qual seu nome?
- Melina Stewart, sou da turma de contábilidade. - Freddie deu um sorriso e cobria os dentes, que coisa estranha.
Sentei-me no banquinho e ele começou a rabiscar no papel.
FLASH BACK OFF
Minhas lágrimas escorriam incessantemente e eu parei imediatamente quando ouvi a porta abrindo.
- Oi, amor! Cheguei mais cedo hoje! - Era Brian que veio e selou meus lábios.
- Oi amor, vim tomar um banho de banheira!
- Quer companhia? - Ele sorriu para mim maliciosamente.
- Não, querido! Só me deixa ficar só alguns minutinhos aqui que depois eu saio, okay?
- Ok! - Ele me beijou novamente e saiu do banheiro.
Não queria ainda contar a Brian sobre que eu descobri, queria contar, mas não agora.
...
Terminei de meu banho e coloquei um roupão e me encaminhei para o quarto resolvi que não iria para a aula de reforço e só iria mesmo trabalhar, minha cabeça está tão cheia que era capaz de eu não absorver nada do conteúdo.
Cheguei no quarto e tomei um susto pois tinha uma enorme caixa de papelão que me deixou bastante assustada.
- Que isso?
- Bom, como ainda não sabemos o sexo do bebê então me adiantei a comprar um berço branco.
- Awn, amor, vai ficar lindo! - As minhas lágrimas já se somavam no canto dos olhos.
- Eu acho que também vai ficar, irei monta-lo no sábado lá no outro quarto.
- Eu espero mesmo!
O beijei e ele abraçou minha cintura. Seus beijos me faziam eu chegar próximo as nuvens e eu era tão apaixonada que chegava a ser realmente surreal.
- Querido, não irei para aula, ok?
- Por que? Tá se sentindo nauseada?
- Talvez sim, só quero descansar um pouco antes de pegar no batente.
- Certo, querida! - Dei um sorriso e ele também sorriu.
Retirei o roupão e fui a cômoda pegar uma calcinha e camisola. Foi só eu me vestir e Brian não tirava os olhos de mim, parecia aquelas crianças curiosas e ele sempre ficava olhando para as minhas curvas que me deixava muito envergonhada.
Tinha ganhado peso na gestação, a minha barriga havia algumas estrias finas e nas minhas coxas algumas celulites que a cada mês ficava mais evidente.
- Que houve? - Perguntei a ele e ele parecia ter saído de algum transe.
- Estava olhando para seu corpo, mudou bastante.
- Eu sei, mudou muito, me sinto envergonhada e...
- Ei, você está muito linda, pode parar, certo? Você está uma mulher muito linda.
Ele se aproximou de mim e me deu beijo na minha testa e acariciou minha barriga.
- Dentro de você tem o nosso amor, okay? E isso já lhe deixa linda e maravilhosa. - Dei um sorriso fraco e ele ergueu meu queixo.
- Tenho sorte de ter você, sinceramente!
- Eu também tenho. - Nos beijamos a um certo ponto de ele retirar a minha camisola e nos deitarmos novamente na cama.
Cada mês que tentávamos fazer amor a barriga sempre fazíamos lembrar que não poderíamos extrapolar nas posições, mas graças a minha médica, ela indicou que existe uma posição muito confortável e perfeita na minha opinião.
...
- Preciso trabalhar, querido! - Estávamos deitados e Brian parecia imóvel.
- Falte hoje por minha conta, por favor!
- Ah é? Você irá me sustentar quando eu for demitida ? - Virei e ele riu bem descarado.
- Iria se deixasse, querida! - Dei um beijo em sua bochecha e segui para o banheiro para me jogar uma água.
...
Fiquei responsável pelo caixa dessa vez e Adam e Hillary ficaram no atendimento e em partes até gostava de ficar no caixa pois eu ficava boa parte sentada e contando dinheiro.
A loja estava bem movimentada e eu quase não pensava no Freddie pois o meu foco era exclusivamente do meu trabalho.
Até que entrou dois rapazes vestidos de preto na loja, Hilary ofereceu uns discos e um deles veio mais pra perto dos instrumentos.
- Gostaria de ver nossos instrumentos? Chegou hoje novas baquetas.
- Acontece que eu não quero nada não.
- E então?
- Vai me passando tudo que tem no caixa!! Agora, Maurice! - o outro homem apontou um revólver para Hillary e o outro apontou para minha barriga e eu fui sentindo o meu corpo ficar gelado.
- Mo-moço, calma, ok?
- Calma o cacete, pensa que não sei que vocês tem dinheiro?
- Dou tudo que o senhor quiser, mas por favor, não me faça nada comigo e nem com a minha colega, eu tô até grávida, por favor.
- Tô nem ai, dona! Só quero a grana!
Quando pra piorar veio Adam com uma caixa em mãos, ele vinha do estoque.
- Você rapaz, pode se juntar aqui.
Meu coração só faltava explodir e o outro cutucava mais forte com a arma em minha barriga.
- Caixa, agora!! - Disse o homem e eu fui pro caixa.
Eu tremia muito e quase não conseguia digitar o código para abrir o caixa. Até senti uma bofetada forte no meu rosto e eu quis chorar.
Senti o amargo na minha boca que era do meu próprio sangue. Digitei o código e o caixa abriu ele na rispidez tirou todas as cédulas do caixa e eu me segurando o máximo para não chorar pois meu rosto estava dolorido.
- Não tem mais?
- N-não, só temos isso!
Meu rosto ainda queimava e eu tinha medo de a qualquer momento ele fosse disparar o revólver e matar a mim e o meu bebê.
- Vamos embora, Maurice! Não tem mais nada nessa droga de loja!
Os homens saíram correndo para a porta da saída e eu fui respirando aliviada e até que eles finalmente foram embora.
Hillary e Adam foram para mais perto de mim e nos abraçamos e começamos a chorar de puro medo.
- Sua boca tá sangrando, Melina! - Disse Adam e ele ofereceu seu lencinho de bolso.
- Precisamos fechar e falar para o patrão que aconteceu.
Assenti a cabeça e eu estava tremendo tanto que mal sentia as minhas pernas e eu procurei me sentar um pouco. Me sentia levemente tonta e com uma angústia terrível no peito.
- Melina, só aguarde, ok? Que já iremos fechar.
- Vou ligar para meu namorado para ele vim me buscar.
- Ok! - Disse Adam e eu me encaminhei para atrás do balcão para ligar para Brian.
...
- Brian, amor, tem como você vim me buscar aqui na loja?
- Aconteceu algo?
- Por favor, só vem! - Minha garganta dava um nó gigante e eu queria tanto chorar em seu colo para me consolar.
- Seguinte já que o namorado da Mel vem buscá-la que tal irmos na polícia, até porque ele lhe agrediu. - Disse Adam e eu estremeci pois nunca havia entrado numa delegacia.
- O que você acha, Melina ? - Perguntou Hillary e eu sentia meu coração esmagar no peito.
- Vamos avisar para o patrão e depois iremos lá, por favor, eu tenho medo também.
- Irei ligar agora para ele, licença. - Adam passou por mim e eu fiquei ali fechando o portão com Hillary.
...
Brian adentrou na loja e eu ainda estava sentada no meu banquinho imóvel ainda um pouco anestesiada pelo ocorrido.
- Querida, que houve? Seu lábio tá inchado. - Eu o abracei mais forte que pude e senti sua mão acariciar meu cabelo.
- Fomos assaltados, levaram todo o dinheiro do caixa e eles acharam que eu estava mentindo e eu levei uma bofetada no rosto.
Aí foi a da vez dele me apertar em seu abraço e eu chorei mais um pouco.
- Querida, já passou, ok? Vamos pra casa.
- Temos que ir na delegacia, querido e eu gostaria muito que você nos levasse, o homem pode voltar em outros dias e Deus o livre fazer o pior.
- Certo!
Desceu Hillary com Adam e ambos estavam com os seus casacos em suas mãos.
- Querido este é o Adam e a Hillary, eles também trabalham comigo.
- Oi, prazer! Sou o Brian, eu levo vocês na delegacia.
Hillary e Adam assentiram e fomos caminhando até a saída um pouco ainda nervosos. Brian entrou no carro e eu ajudei meus colegas a fechar a loja com o grande portão de ferro.
- Seu namorado tem cara de ser um cara legal! - Disse Adam e eu sorri.
- Sim, ele é uma pessoa única e ele também toca guitarra.
- Uau!
Assim que terminamos de fechar as portas podemos finalmente entrar no carro e seguir para a delegacia.
... Algumas horas depois...
Brian gentilmente os deixou em casa e a situação na delegacia foi um pouco complicada pois eu tive que ficar dando mais depoimento pois eu tinha sido agredida. Quando realmente nos liberaram senti um grande alívio e não via a hora de chegar em casa.
Quando chegamos em casa tirei meus sapatos e fui direto para o quarto, além de estar exausta, estava ainda muito triste com Freddie.
— Quantas pessoas trabalham na loja com você, querida?
— Tem a Hillary que é funcionária nova, Adam que quando entrei ele estava de férias e tinha o Harry, só que parece que ele entrou de férias.
— Ah sim, eu pensei que seria só você e o outro rapaz lá.
— Era o Harry, o sortudo está de férias com a família.
— Por falar de sorte, encontrei com Freddie de manhã e ele estava muito abatido.
— Ele sabe quem me empurrou! - Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Quem?
— Foi a Mary, ela disse pra ele e ele omitiu todo esse tempo de mim e... - As lágrimas escorriam de meu rosto.
— Querida, vai ver que ele não sabia como te contar, releva.
— Relevar? Brian e se eu perdesse meu filho hein? Ia relevar? - Comecei a me alterar e meu sangue ferveu.
— Melina, vai ver que ele estava vendo um jeito de te contar e outra ele sabe do seu jeito e além de tudo isso foi há semanas, relaxa.
— Relaxar?? Brian, ela e você continuam sendo amigos, certo?
— Isso não vem o caso, Melina!
— Vem sim, ótimo, não da pra confiar no meu melhor amigo e nem no meu namorado.
Sai do quarto e bati forte com a porta e fui para a sala.
Sentei-me no sofá e chorei de raiva e nesse momento tive raiva de ser um poço de hormônios pois tudo eu chorava e era difícil querer conciliar sentimentos. Telefone tocou e eu atendi.
— Alô? - Eu só ouvia ruídos estranhos no outro lado da linha. — Alô?
— Melina... Você é a pessoa mais importante na minha vida.
— Quem é?
— Você é tudo na minha vida... Tudo.
— Freddie, é você?
Ouvi mais alguns chiados e agora tinha quase a certeza que poderia ser Freddie.
— Sim, sou eu e eu não quero jamais perder a nossa amizade, Melina e além do mais sou padrinho do seu filho e...
— Freddie, eu quero que você entenda uma coisas, estou muito magoada com você, beleza? Muito mesmo, você conseguiu me ferir em cheio e eu achei que você não mentisse para mim, nunca menti para você e você simplesmente foi omisso e ficou escondendo todo esse tempo isso, então vai dormir.
— Melina, por favor!
— Agora não, preciso pensar sobre isso, tive um dia super difícil e eu preciso pensar, beleza? Boa noite.
Desliguei o telefone e a porta do quarto se abriu e era Brian com um rosto vermelho.
— Querida, eu odeio brigas!
— Eu também, mas...
— Nem mais e nem menos, venha cá!
Levantei e ele me puxou pelo braço me fazendo o abraçar.
— Não podemos mais brigar, Mel! Eu me sinto horrível!
— Eu só não quero que esse relacionamento fique assim, mas eu não te quero defendendo ela, por favor, ela faz muito mal para mim e outra, hoje foi um dia tão puxado que eu só queria dormir, entende?
— Entendi, sim!
Minhas lágrimas escorriam de meu rosto e eu torcia muito para que toda aquela mágoa fosse embora do meu peito.
...
1 semana depois...
Tudo estava se encaminhando bem e até verificar novamente o mural e dentro de dois dias iriam ter apresentações de TCC e abaixo tinha a lista de alguns alunos que iam se apresentar e quem eu conhecia era apenas três: Freddie, Veronica e Dominique.
As apresentações eram abertas no auditório, qualquer um poderia assistir, só tinha que no mínimo ficar em silêncio e torcer para que tudo ocorra bem na apresentação.
— Buuh! - Me assustaram a ponto de eu saltar para trás e eu ver quem era e era Roger.
— Não faça isso, Rog! Eu tô grávida e eu poderia parir está criança nesse exato momento.
— Me desculpa, já está chegando as festas e as entregas dos TCC.
— Sim, verdade.
— E também o seu aniversário!
— Isso também, porém não é importante.
— Como não, Melina? Você irá fazer 24 anos e mais uma primavera para você. - Caminhamos em passos lentos por aquele corredor, tinha que ir no alojamento conversar com Veronica.
— Nada de mais, só gosto de comemorar o de vocês.
— Então dia 20 de dezembro irei lhe sequestrar e passamos o dia juntos comendo pipoca e tomando refrigerante em meu apartamento.
— Essa eu duvido e a propósito, você tem visto o Freddie?
— Quase nunca, por que estou ocupado com a Dominique procurando apartamento para ela e quando chego ele já está dormindo. Ele ainda vai na casa dos pais na quinta e sempre trás aqueles biscoitos com nozes que a mãe dele faz, por que?
— Por nada, Roger! Só queria mesmo saber dele e que também nunca mais o vi.
— Ele tá trabalhando naquele aeroporto e quase nem está arrumando tempo para ensaiarmos na nossa banda.
— Se caso ver ele, entrega esse envelope a ele. - Era um envelope marrom e comum. Há dois dias havia escrito uma carta a Freddie queria muito que ele apenas fosse ler.
— Entrego!
— Aliás, só passa debaixo da porta do quarto dele, que acho que pela caligrafia irá saber que  fui eu.
Roger me abraçou bem forte e me pegou totalmente desprevenida e eu acho que ele deve ter imaginado que eu iria chorar, mas pela primeira vez eu estava bem e não queria chorar.
— Roger, eu não estou chorando!
Nos separamos do abraço e eu senti o bebê mais uma vez mexer.
— Olha, eu sei que está ruim essa situação do Freddie e você, mas ainda somos bons amigos e eu acho que vocês deveriam parar de graça e voltarem a se falar.
— Acontece que eu tenho princípios e eu queria muito que ele me respeitasse, mas por favor... Entregue. - O nó na garganta novamente ia se formando.
Roger ficou mais sério e ajustou mais seu cachecol em seu pescoço para finalmente continuarmos a andar até próximo ao alojamento.
— Tchau, Rog! Até depois!
— Até!
Entrei no alojamento e encontrei minha amiga dormindo em meio de tantos livros e que bagunça estava tudo.
...

Nota da autora: A fic está quase chegando ao fim, porém eu quero tudo que se encaixe até o final 🤩 espero de coração que gostem deste capítulo 💜 até a próxima, pessoal.

O professor Onde histórias criam vida. Descubra agora