Capítulo 41: Aquele pedido e aquela verdade também.

57 5 34
                                    

O final de semana passou voando e segunda-feira já tinha um dia cheio. Tinha faculdade, aulas de resumos pois faltava três semanas para a minha prova e depois meu trabalho.
Eu amava meu trabalho, eu vendia instrumentos musicais e alguns discos quando se tinha disponibilidade. As vezes eu também cuidava do caixa e do controle do estoque.
Na loja éramos um trio: Adam, Hillary e eu, mas sabe por mais que tivesse ali poucos meses ainda não sentia que podia confiar nos meus colegas de trabalho, as vezes também tinha a sensação que eles tinham pena de mim em me olhar com esse barrigão que só fazia crescer cada vez mais.
Mas ainda era de manhã cedo e eu estava indo para a minha aula até encontrar Roger com aquele seu casaco vermelho, aliás, comentei que já era inverno? Pois é, estávamos no inverno e naquela manhã está uma manhã de 12º e ainda não havia começado a nevar que era muito estranho.
— Oi Rog! - Ele beijou minha bochecha e seu nariz estava vermelho.
— Eai mulher grávida!
— Com frio?
— Um pouco talvez... Mas você vai pra aula?
— Irei, nossa última semana, certo?
Roger me olhou triste e era a última semana depois só a semana do Natal e geralmente a Imperial suspendia as aulas um dia antes da véspera e voltava dia 26 só com alguns gatos pingados e voltava realmente dia 03.
— Iremos ceiar na casa dos pais de Domique e gostaria de ir?
— Não sei, Roger! Iremos fazer umas coisinhas lá em casa e o Brian não é muito religioso, mas irei para a casa dos pais dele e contar sobre isso.
Massageei a barriga e ele riu a ponto de sair um ronco de suas narinas.
— Ah sim, fiquei sabendo que você já disse ao seu pai sobre o baby.
— Dominique deve ter dito a você certamente e sim, eu contei a ele até que ele não surtou muito, porém ele disse que me apoia.
— Sim, a Dom me disse e eu fico contente que tudo está dando certo para você. - Seu sorriso era bem largo e eu estava feliz mesmo.
Quando cheguei de viagem com o Brian liguei logo para Ronnie e depois Dominique para contar as boas novas e quando disse que meu pai havia aprovado elas simples deram uivos de felicidade.
— Tchau, Rog, vou ter que ir pra aula e até mais. - Nos abraçamos e eu depois segui meu caminho.
...
Na aula senti uma fisgadinha na barriga, nada de anormal até então, aliás era meu filho que estava ali.
— Preciso muito que vocês decorem essas fórmulas, por favor, gente! As provas finais estão chegando e só poderão entregar o TCC se forem aprovados. - Disse a minha professora e o meu estômago me deu uma embrulhada de tão nervoso. — Nossa prova será dia 10 de janeiro e por favor, galera, vamos se esforçar mais, sei que esse ano de 84' está sendo pesado e massante para alguns, mas pensem que 85' pode ser um ano melhor e incrível.
Meus olhos se encheram de lágrimas e até porque ano de 1985 ano que meu filho iria nascer, também seria o ano que iria me formar e em julho de 85 iria fazer 1 ano que conheci o Brian e depois fazer 1 ano de namoro, várias e várias coisas. Fora que as formaturas de Dominique, Freddie e Veronica estava próximo também, meu coração se enchia de euforia e felicidade e de tanta felicidade meu filho se mexeu.
A sineta tocou e todos saíram finalmente e eu fiquei na sala ainda arrumando meu material e a professora veio até a mim.
— Oi, minha querida, pude notar a sua barriga, você está grávida?
— Estou, estou de cinco meses.
— Olha, se você quiser ajuda em algo pode me chamar, sabe como é né? Mulher sempre se ajuda nessa hora.
— Sei, sim, mas acontece que ainda não preciso de ajuda, lhe agradeço de todo o coração.
Ela sorriu de bom grado e foi o tempo da sineta tocar mais uma vez e iria ter mais duas aulas de análise combinatória coisa na qual eu odiava.
...
Depois de algumas horas finalmente havia chegado a hora do almoço e eu não via a hora de chegar no refeitório e "menu do dia: ensopado de carne com legumes" e perceber que não iria comer tão cedo. Odiava legumes e no campus a comida conseguia ficar duas vezes pior.
No caminho do banquinho senti duas mãos tapando meus olhos.
— Quem é?
— Advinhe!! - Aquela voz era irreconhecível.
— Jim Hutton!
Tudo clareou novamente e ele sorriu para mim e eu para ele.
— Jim, quanta saudade!!
— Eu também, Mel! Mas e aí? Vai almoçar?
— Acho que não e você?
— Acho que ficarei só no suco de pêssego mesmo, não sou chegado em ensopado.
— Também não, Jim! Mas e essa rosa amarela em sua mão?
Ele ficou vermelho e riu no canto da boca.
— Quero pedir o Freddie em namoro hoje depois do almoço!
Arregalei meus olhos em tom de surpresa e ele sorriu para mim um pouco corado inclusive.
— Eu acho essa ideia fantástica na verdade, Jim! Eu adoro o jeito que o Freddie fica ao seu lado.
— Eu gosto muito dele e nesses dias a gente tem se falado tanto ultimamente que acho que esta a cada dia mais difícil de esconder o quanto gosto dele.
— Eu fico feliz por vocês!
Senti um pequeno chute e eu massageei a barriga para o bebê se acalmar pelo menos um pouquinho.
— Que foi, Mel?
— O bebê tá chutando! Sente só! - Ele colocou a mão e o bebê chutou mais uma vez e ele sorriu bem amigável.
— Vai ser um ótimo jogador de futebol!
— Roger, Veronica e Deaky acham que é menino e Dom, Brian e Freddie apostam em menina.
— Bom, eu aposto menino! E você o que quer?
— Vindo com saúde e tendo os olhinhos do Brian para mim está ótimo.
— Vocês tão firmes mesmo, né?
— Sim, para meu primeiro namorado estamos muito bem.
— Ainda não descobriu que aconteceu naquela noite do baile?
— Ainda não, tem um vazio na minha cabeça, sabe?
— Do que eu sei é que nessa noite Freddie terminou com a Mary e...
— Mas isso foi depois da apresentação deles?
— Foi, daí ela ficou lá fora por um tempo. Só sei que tocou uma música dos Beatles e do nada surgiu o John com as mãos vermelhas de sangue e chorando muito.
Sentia meu coração dar um aperto só por imaginar o John chorando coisa que é raro de ser ver. As únicas vezes que vi ele chorando foi por não conseguir passar em um exame e da outra foi que estávamos um pouco alterados e ele acabou chorando dizendo que era feliz por ter bons amigos.
— Sabe, Jim eu não quero mais saber que houve para eu bater a cabeça, mas eu fico feliz que está dando certo entre você e Freddie pois meu amigo merece.
Nos abraçamos bem forte e eu me senti tão em paz que me sentia feliz.
— Por falar no Freddie e a equipe aí vem eles.
Nos separamos do abraço e veio Dom, Roger, Freddie e John, mas onde estava Veronica que não estava com eles?
— Oi gente!
Freddie beijou o lado esquerdo da minha bochecha e John a da direita e eu tinha sorte por me sentir tão amada.
— Vocês não foram almoçar? - Disse John puxando as mangas de seu casaco.
— Eu não tô com fome, Deaky! Ei cadê Veronica?
— Ela ficou na biblioteca estudando mais um pouco, preocupado com ela pois as vezes ela nem se alimenta direito. - Disse ele e eu o abracei de lado que só fez sorrir.
— Bom... Já que todos estão aqui, queria falar algo. - Disse Jim e ele estava um pouco corado.
— Jim, my dear, que pretende? - Disse Freddie acendendo um cigarro atrás de mim.
— Eu gosto mesmo de você, Freddie! E eu queria que você entendesse isso um pouco e sabe de uns tempos pra cá você tem se tornado cada vez mais especial em minha vida e eu sou sortudo em tudo isso. Quer namorar comigo, Freddie?
Todos fizeram cara de espanto e Freddie quase largou seu cigarro quando ouviu aquelas palavras. Jim extendeu a rosa amarela a Freddie e ele a pegou dando um sorriso. Será que Jim havia esquecido? Freddie era muito tímido e eu tenho quase a absoluta certeza que ele queria chorar.
— Bom... Eu... Porra... Me pegou desprevenido, my dear. - Freddie estava muito corado.
— Aceita! Aceita! - Pedia Dom e eu para que Freddie aceitasse logo de imediato.
— Eu aceito ser seu namorado, só que com uma condição... Que nunca me faça me afastar dos meus amigos.
Jim assentiu e eles selaram um beijo e eu estava chorando.
— A vantagem de estar grávida que eu choro por tudo. - Roger me abraçou de lado e eu me senti confortável.
— Bom, já que estamos todos comprometidos, preciso muito falar com você a sós, Melina! - Disse Freddie e ele estava tão sério que seus olhos eram vidrados em mim.
Levantamos e fomos caminhando em outro rumo e conforme íamos distanciando o Freddie ia estalando os dedos que me deixava um pouco mais nervosa.
— Que aconteceu?
— Bom, eu já sei que houve com você no baile e eu sei que aconteceu para você desmaiar.
— E?
— Foi a Mary, ela disse que lhe empurrou, mas não imaginava que você fosse bater a cabeça e...
— AQUELA COBRA PEÇONHENTA!!
— Calma, Mel! Já passou, darling!
— Calma nada, Freddie! E se eu perdesse meu filho? E se eu... - o ar foi faltando em meus pulmões e eu fui ficando levemente tonta.
Freddie foi me segurando enquanto eu quase ia caindo em seu pleno gramado.
— Melina? - Eu fui voltando a si e nem eu sabia o porquê tinha ficado daquele jeito.
— Oi, só senti uma leve falta de ar, essa mulher me deixa doente, mas como ficou sabendo disso ?
Tomei um gole de água que tinha de minha garrafinha e ele com aquela cara de preocupado.
— Na verdade eu sei desde do dia que aconteceu e...
— Não acredito que você me escondeu todo esse tempo Freddie Bommi Bulsara, não acredito. - Comecei a chorar e ele tentou me abraçar e eu recuei.
Minhas lágrimas saíam quentes de meu rosto e eu tinha a sensação que tinha sido traída pelo meu melhor amigo e era uma dor desconsertante.
— Melina... Hey... Vem ca!
Fui me afastando cada vez mais e eu queria correr dele.
— Vai se foder, Bulsara! Me esquece e não fala mais comigo.
Sai correndo aos prontos e fui diretamente para a saída, precisava ir para casa e depois voltar novamente para a instituição para a minha aula de reforço.
Eu estava em pedaços e sentia meu peito doer tanto que parecia que tinha sido rasgada e agora? Será que poderia confiar nele? Será que seria capaz disso? Freddie o que você fez? Respirei bem fundo e procurei me recompor no caminho de casa e eu sei que precisava muito ficar sozinha e em paz.

Nota da autora: E então atualizei 🤧 espero que tenham gostado e eu sei que ficou curta, prometo melhorar no próximo capítulo.

O professor Onde histórias criam vida. Descubra agora