Capítulo 5

10K 1K 274
                                    


Clifford House, 15 de Março de 1878.

Prezado Lorde St. Davids,

Escrevo-lhe para agradecer o lindo buquê que me enviou esta manhã, flores sempre me farão sorrir e este aroma delicado me transpôs diretamente aos jardins de Hill Park.

Quanto a sua pergunta, não, peônias não são as minhas favoritas, creio que terá de continuar adivinhando...

Lady Emmaline Hill

No dia seguinte, Emmaline pegou-se diversas vezes pensando em um par de olhos verdes ou como certa voz aveludada parecia envolvê-la parecendo um cobertor macio, podia ouvi-lo falar o dia inteiro

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

No dia seguinte, Emmaline pegou-se diversas vezes pensando em um par de olhos verdes ou como certa voz aveludada parecia envolvê-la parecendo um cobertor macio, podia ouvi-lo falar o dia inteiro. Lamentava ter ficado quase parada feito uma estátua, mal completou três sentenças, balbuciando qualquer coisa sobre a novidade de Londres e gostar do campo e flores, provavelmente ele agora estava pensando que era alguma solteirona do campo desesperada por um casamento que não podia sequer carregar uma conversa.

Ela nunca tinha visto um cavalheiro tão fino ou elegante, o Barão certamente era bonito, mas o Visconde de St. Davids tinha uma espécie de magnetismo perigoso que a atraia, não pôde deixar de olhar para ele um segundo sequer. Voltou para casa corando o tempo todo pensando em sua oferta de desbravar Londres juntos, Emmaline não sabia o que tinha lhe passado pela cabeça em ter aceitado, provavelmente uma insanidade momentânea, por outro lado, prometeu que iria aproveitar ao máximo a Temporada, afinal seria sua primeira e última, e essa proposta apareceu do nada em forma do mais belo Lorde, Louise estava tão empolgada e a Marquesa não viu mal algum. Teve que aceitar, foi quase o mesmo que acenar um osso para um cão que ficou esfomeado por anos.

O primeiro passeio estava marcado para acontecer esta tarde, antes de se despedirem de Derby House, a dupla de lordes se comprometeu a levar as jovens debutantes para um passeio pelo Hyde Park. Emmaline aguardava ansiosamente pelo horário marcado, reconsiderou por diversas vezes e chegou a cogitar enviar um bilhete desmarcando, mas tinha uma parte de si que desejava ver o Visconde novamente apesar de saber o quanto era inútil desejar que as coisas fossem diferentes.

Ouviu as portas da sala de música se abrirem, costumava ficar ali durante o dia, o sol que entrava pela janela era perfeito para bordar e deixar os pensamentos fluírem, no momento ela terminava um bordado delicado de uma das peças de seu enxoval. Quando se virou viu o pai parado no meio da saleta, desde que chegaram a Londres mal via o Conde de Clifford, sempre ocupado com o Parlamento, seus clubes e investimentos, por isso surpreendeu-se por ele a procurar espontaneamente.

- Papa, não há sessão no Parlamento hoje? Há algo em que possa ajudá-lo?

- Emmaline, Lorde Gowe virá jantar conosco essa noite. Virá inspecionar sua noiva, avaliar se você é do seu agrado. Não me envergonhe, os contratos serão assinados logo após a apresentação – com essas palavras, o Conde virou-se e saiu como se nunca tivesse chegado.

Cartas para um Visconde | LIVRO 1 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora