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Marina

Eu estava me acostumando a ter todos os dias Gael acordando ao meu lado, a sentir todos os dias o cheiro e o calor dele ao meu redor, me acostumando ao fato de ele ser a primeira coisa que meus olhos vêem todos os dias.

E na medida que aquilo me deixava absolutamente feliz, também me deixava aterrorizada. Até porque nunca se sabe o que acontecerá amanhã. E se acontecesse alguma coisa que nos separasse? Sendo egoísta, como é que eu poderia continuar normalmente a vida, se eu já havia me acostumado tanto à presença dele? Ao seu toque, seus beijos, seus sorrisos, sua voz?

Olhando agora para ele, dormindo profunda e serenamente, o rosto suavizado pelo sono, a boca levemente aberta, os cabelos apontando para várias direções, tudo o que eu conseguia pensar era que eu não queria perde - lo de jeito nenhum, eu não suportaria. Não suportaria perder o amigo, o melhor amigo que a vida já me deu, o meu amor, não suportaria. Porque sabendo disso ou não, já compartilhamos uma vida inteira juntos. E nada mudaria isso. E eu tinha medo de que algum dia, algo quebrasse esse elo que nos liga. Meu peito doía só de pensar.

Sem fazer movimentos bruscos para não acorda- lo, tirei suavemente sua mão da minha cintura e me virei vagarosamente na cama me sentando e me inclinei para a cômoda ao lado, abrindo uma gaveta peguei a pequena câmera que eu havia deixado ali.

Me posicionei procurando o melhor ângulo e a melhor luz, puxei um pouco das cobertas para baixo revelando seu peito largo e nu para as lentes. Ajustei a câmera e apertei o botão.

Um de seus braços servia de travesseiro para sua cabeça, o outro repousava na cama no lugar onde eu deveria estar, parecia desamparado, a luz pegou perfeitamente seus cabelos que iluminados ganhavam um tom quase loiro, os lábios rosados pareciam sorrir mesmo no sono. Eu mesma sorri satisfeita ao ver o resultado do meu trabalho, mais tarde eu revelaria e guardaria no meu cantinho. No momento me preocuparia em tirar todas aquelas dúvidas e incertezas da cabeça, aquilo não me levaria lugar algum, a vida é feita de riscos e eu ia me jogar de cara.

Me deitei ao lado de Gael encostando minha testa na sua, posicionei novamente a câmera e fechei os olhos tirando uma foto nossa, também ficou boa. Guardei novamente o objeto e me inclinei para beijar seus lábios de mansinho, funcionou melhor que um despertador, Gael acordou instantaneamente.

- Bom dia amor.

Sorri largamente ao ouvir a expressão. Eu esperava poder dizer aquilo com a facilidade que ele tinha em breve, mas ainda não. Por enquanto eu me contentava apenas em demonstrar com ações que ele era, sim, meu amor.

- Oi.

Sussurrei alisando seus cabelos, ele fechou os olhos por um momento novamente.

- Você está bem?

Seus olhos se abriram e ele afastou alguns fios de cabelo do meu pescoço. Eu não sabia se estava bem ou não, ainda estava super mal pelos meus pais, antecipando a decisão que tomariam e se eles iriam ficar bem. Mas eu não estava de todo tão mal. Então assenti para ele.

- Sim, acho que sim.

Completei e ele sorriu um pouco. Se inclinou e beijou meu pescoço resvalando o nariz na minha pele me deixando arrepiada. Não pude deixar de lembrar da noite passada.

O medo de me machucar de novo e sofrer como minha mãe estava sofrendo me assolou de maneira tão intensa que não pensei duas vezes em fazê - lo prometer que nunca faria aquilo comigo. Eu sabia que estava sendo injusta, conhecia Gael bem demais e ele não seria capaz de algo assim, vi o incômodo, a chateação nos olhos dele mas não voltei atrás. Eu precisava ouvir aquilo da boca dele, e ele falou. E então o ataquei.

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