Permaneça ( COMPLETO )

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Gael

Eu realmente entendia a desconfiança de Marina em assumir nosso relacionamento no ambiente de trabalho, haveria uma série de mexericos e fofocas que talvez nem eu estivesse preparado para lidar.

Mas eu queria enfrentar aquilo, só para tê - la sempre ao meu lado. Eu só esperava que ela confiasse em mim para cuidar de tudo. Faria qualquer coisa para que ela ficasse confortável.

E como se não bastasse a mulher complexa que eu tinha que lidar todos os dias, Heitor me alertou naquela manhã que houve movimentos estranhos na entrada da propriedade. Parecia haver alguém sempre a espreita, como se estivesse esperando o momento certo de agir. Os seguranças estavam totalmente alertas agora, tentando descobrir quem era o sujeito, se haviam mais com ele e o que queriam. Minha cabeça começava a latejar só de pensar naquilo tudo, a única coisa que eles não podiam fazer de jeito nenhum era chegar perto de Marina, nunca mais.

Decidi não contar aquilo para ela, não queria lhe dar mais uma preocupação, já tinha coisas demais com o que pensar.

No momento estava falando com o pai no telefone. Independente de qualquer coisa, eu não podia nunca deixar de admirar sua beleza. Completamente deslumbrante com aquela trança elaborada caindo nos ombros.

- Podemos nos encontrar na hora do almoço? Tenho mais ou menos uma hora então daria tempo. Se for resolver alguma coisa pode dormir da casa de Gael, se por acaso ficar muito tarde.

Ela olhou para mim buscando confirmação. Acenei com a cabeça.

- Ótimo, combinado então. Até mais.

Ela desligou o telefone e deu um suspiro preocupado. Se virou para mim no banco do carro.

- Não sei como vou conversar com ele se estou com tanta raiva, talvez eu só piore as coisas.

Era uma possibilidade. Mas Marina tinha o pé no chão, sabia controlar as emoções por mais que fosse difícil.

- Você não vai fazer isso. Pode apostar. Só respira fundo e vai dar certo.

Ela assentiu e então parou, parecendo pensar um pouco. Vicente parou o carro no sinal vermelho.

- Sabe, fim de semana é seu aniversário.

Sim, eu sabia disso. Mas não estava especialmente animado. Era apenas a mesma coisa todos os anos, mudaria apenas o fato de que Marina estará ao meu lado não apenas como amiga, mas como algo mais. Ainda não havíamos rotulado nada, mas eu pretendia fazer isso em breve.

- E?

Perguntei curioso com o que ela falaria.

- Nós podíamos fazer algo diferente.

- Tipo o que?

- Susanna me convidou para ir a fazenda. Estava pensando de irmos no dia do seu aniversário. Estou com saudades de lá. E a gente pode passar algum tempo sozinho naquela cabana que brincávamos quando éramos crianças. Ela ainda existe?

Pensei nas inúmeras vezes que nos escondemos naquela cabana deixando nossos pais preocupados. Muitas vezes nos encontravam apenas a noite, caíamos no sono e a bronca era garantida.

- Existe. Mas foi reformada. Agora é basicamente uma casa pequena, de dois cômodos.

Ela pareceu animada. Não entendi muito bem.

- Viu? Seria ótimo. Queria passar mais tempo com você. Topa?

A idéia de ficar o meu aniversário inteiro, trancado em uma casa com Marina me alegrava bastante.