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Gael

Haviam várias sensações passando por mim naquele momento. Arrependimento por ter tratado Heitor de forma tão rude e violenta. Preocupação por quem quer que estivesse rondando a minha casa colocando em perigo uma das coisas mais preciosas da minha vida, Marina.

E muitas outras, mas a que prevalecia era o sentimento de estar completo só por ela estar ali, dormindo em meus braços.

Já era quase meia noite e eu ainda não havia pregado o olho, tudo que eu queria era me demorar mais ali, observar aquele rosto lindo descansando, as pálpebras balançando suavemente, a boca levemente aberta, os cabelos espalhados pelo meu braço.

Eu sabia que eu tinha muitas preocupações e problemas para resolver mas tudo que eu queria era ela, toda para mim, de corpo e alma, totalmente entregue.

Já havia deixado claro minhas intenções para ela aquela noite, já tinha dito o que eu queria ou pelo menos dito uma parcela bem pequena e ainda assim ela estava ali, dormindo tranquilamente em meu peito, não havia ido embora alegando ser tudo um erro como eu temia que fosse fazer. Estava ali.

Mas também não havia se pronunciado sobre isso, não disse uma única palavra e aquilo me atormentava. Eu teria que dar o seu tempo, claro que teria, mas talvez aquilo me consumisse vivo.

Porque ver ela todos os dias, vê - la sorrir, tocar suas mãos e seu rosto, ouvir sua voz, sentir seu olhar em mim, havia bastado por um determinado tempo até eu descobrir que queria mais e eu tinha um pavor absoluto de aquilo não bastar mais. E se ela não me quisesse eu ficaria sem chão.

Ela pensava em mim, disso eu sabia com certeza. Eu via em seu olhar, podia capturar todos os sentimentos passados ali com clareza. E quando ela olhava para mim tudo o que eu podia ver era insegurança, desejo, mas também dúvidas. E o que mais me maltratava era saber que ela tinha alguma dúvida em relação a mim.

Um pequeno resfolegar me tirou de meus pensamentos me fazendo focar na mulher ao meu lado. O rosto antes tranquilo estava franzido e seu lábio inferior tremia.

Imediatamente as minhas suspeitas de antes se concretizaram, ela tinha sim ficado abalada com o que aconteceu, só não queria mostrar para mim no estado em que eu estava.

Seu pequeno corpo estremeceu e ela soltou mais uma respiração entrecortada. Eu só queria saber como fazer aquele pesadelo passar, deveria acorda - la? Ou apenas a abraçar?

- Vá embora.

Ela disse numa voz desesperada e sem pensar duas vezes me virei para ter melhor acesso ao seu corpo, passei meus braços ao seu redor e a embalei feito um bebê sussurrando palavras carinhosas. Seu corpo ainda estremeceu e eu segurei mais firme.

- Calma amor, eu estou aqui, estou com você. Sou eu.

Não suportava ver ela naquela agonia e pelo jeito eu estava sendo um completo inútil ao tentar tira - la de lá.

Distribui beijos em seu rosto, suas bochechas, queixo, olhos, testa, menos no único lugar que eu mais queria, mas eu não me aproveitaria da situação e com certeza não faria aquilo sem a sua permissão, por isso apenas continuei abraçado a ela, afagando seus cabelos.

Aos poucos ela foi se acalmando, o corpo que antes estava tenso se tornou macio em torno do meu e ela deu um pequeno suspiro se acomodando ao meu lado, deixei que ela fizesse isso, encontrasse a posição mais confortável para si por mais que aquilo me deixasse louco.

Seu rosto se abrigou na curva do meu pescoço, um de seus braços enrolou meu quadril, suas pernas foram parar entre as minhas.

- Gael.

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