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Marina

Aquilo era totalmente frustrante, eu odiava estar naquela situação com quatro das pessoas mais chatas e cuidadosas do mundo.

Depois de passar mais três dias em observação no hospital, tive alta e o médico me alertou para não fazer movimentos bruscos por causa das costelas, não ficar muito exposta à claridade, nem forçar muito o cérebro por causa da concussão, tomar cuidado com o braço e voltar lá daqui a quatro semanas, ter bom sono e uma dieta equilibrada e saudável, o resultado daquilo tudo era que eu tinha em casa quatro "enfermeiros" tagarelando sobre o que eu deveria fazer, comer, beber e etc. Aquilo era horrível. Eu fugiria.

- Essa posição no sofá não é muito desconfortável para as costelas dela?

Minha mãe perguntou arrumando mais um travesseiro nas minhas costas.

- Filha pode esticar as pernas, aqui, ponha aqui em cima.

E meu pai puxou a mesa de centro ruidosamente para perto de mim.

- Você precisa de algum apoio para o braço, evite ficar movimentando muito ele.

Bruna falou ao meu lado com um olhar preocupado.

- Trouxe sanduíche de queijo para você, não é muito pesado, vai te fazer bem.

Gael depositou um prato em meu colo e sorriu de um jeito doce. Ele não queria mais sair do meu lado, Bruna me contou que ele praticamente enlouqueceu quando eu fiquei cinco dias desacordada. E naquele momento parecia muito dependente de mim. Só que eu estava sufocando com aquilo tudo. E ainda não tínhamos tido tempo para conversar de verdade, pois estávamos sempre rodeados de pessoas.

- Eu não sou uma inválida.

Disse em alto e bom som e todos pararam e olharam para mim com espanto.

- Eu sei que vocês só querem cuidar de mim e agradeço por isso, mas precisam me deixar respirar. Quando eu tiver um problema eu vou falar e vocês podem cuidar de mim.

Os quatro pareciam estátuas, totalmente petrificados olhando para mim, suspirei pesadamente e peguei o sanduíche em meu colo, comecei a comer. Um instante depois uma enxurrada de pedidos de desculpas se fez ouvir na sala de casa, achei que não fosse acabar mais.

Então começaram a se dispersar, meus pais que ficariam mais dois dias em casa junto com Bruna foram acompanhados pela Sra Taylor para seu quarto. Gael saiu com a desculpa de que tinha um assunto para resolver com Heitor e me deu um breve beijo na testa. No fim ficamos apenas eu e minha irmã e enfim pude respirar um pouquinho mais.

- Olha, desculpa mesmo. Acho que nós estamos sendo apenas muito cuidadosos.

Ela pegou um pedaço do meu sanduíche.

- Eu sei, acho que estou muito estressada.

Minha irmã assentiu e ficou calada. De repente percebi que ainda não tinha perguntado como ela estava se sentindo com tudo aquilo, eu precisava saber como aquela situação a tinha afetado. Segurei sua mão e ela olhou para mim.

- Você está bem?

Perguntei suavemente e pude notar que ela sabia exatamente do que eu estava falando.

- Você está bem agora, então eu também estou.

Esperei por mais e ela suspirou se rendendo.

- É que eu deveria ter te ajudado sabe? Mas quando Allan me pegou daquele jeito...Eu fiquei tão apavorada que não sabia como reagir. E então ele pegou você e eu não paro de ouvir o barulho da sua cabeça contra o piso.

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