OS DIAS VOAM - CAPÍTULO 37

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Eu fui embora

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Eu fui embora... fui embora sem olhar para trás. Fui embora deixando uma ilusão disfarçada de amor. Eu fui embora e abandonei tudo que passei nos últimos meses. Eu sei, foi difícil! Eu passei mais de três anos em um lugar sem afeto, sem carinho, sem o apoio ou visitas diárias de amigos e família. É óbvio que quando sai de lá, não eram apenas três anos de carência, era uma vida. Perdi minha mãe e meu primo para a morte. Perdi meu pai para os conflitos. Afastei minha amiga e irmão por mágoas e me apeguei a única pessoa que eu tinha convivência e o perdi pra vida. Isso é, eu já lhe tive um dia?

Quatro meses se passaram desde que me mudei para cá. Metade do período... passou rápido e lento.

Eu gosto daqui! É um lugar calmo e tranquilo. No geral, só há o som do silêncio e é ótimo para meditar. As primeiras semanas não foram nada fáceis e em uma crise de choro, acabei contando para Carol tudo o que houve e agora, ela sabe de toda a história. Também me desculpei por ter mentido para ela no dia do jantar, mas ela é sempre maravilhosa e me entendeu. Cat que se cuide! Carol está na disputa acirrada do posto de melhor amiga.

O maior desafio para mim, foi a primeira semana. Primeiro que foi a fase do desligamento e adaptação. Segundo é que eu tinha que ver Alana todos os dias. Eu não olhava para ela, não falava com ela, não me sentava perto dela. A evitei de todas as formas, mas ela não fazia o mesmo. Me provocava, citava meu nome em tudo, falava alto para que eu a ouvisse falar de Ralph para as outras garotas. Mas eu a ignorava e fingia não ver nem ouvir.

Pouco mais de uma semana depois do início, ela trancou o curso e desistiu e não sabemos o porquê. Hellen jurou pra mim que não deu uma surra nela como havia jurado ela antes, então, não se sabe quais foram suas motivações.

Por mais que eu evite esses pensamentos, às vezes, eu me lembro dele. As lembranças veem e é como reviver tudo aquilo. É estranho estar em um quarto tão grande sem sua presença invasiva... e até os menores espaços, ficam vazios sem sua presença marcante. Não é saudade... é costume!

Pedro me procurou algumas vezes desde que viemos para cá. Ele me agradeceu por conseguir sua vaga novamente e não fiz mais que minha obrigação. Foi minha culpa ele quase ter perdido tudo. Apesar de estarmos aqui por nosso trabalho em equipe, todos ficamos em setores separados. Todos os quartos são individuais e no mesmo corredor, mas os horários de pesquisa são diferentes, então, dificilmente, nos encontramos.

Eu havia tirado o anel que Ralph me deu uma noite antes de tudo acontecer, pois foi a única coisa dele que eu trouxe. Mas aqui, as pessoas são bem curiosas e perguntam muito e pra não precisar responder perguntas desnecessárias, continuo usando como qualquer outro anel.

Vi algumas coisas sobre ele em revistas e jornais. Nada proposital, mas meus olhos não evitaram de ler o que tinha escrito. Ele anda muito presente em bares e eventos e em uma das colunas, ele aparece ao lado de Sophie e Richard e meu coração para por um segundo. Será que ele contou o que houve para eles? Só fico tranquila quando falo com meu pai e ele me diz que tudo anda melhor que nunca e isso me tranquiliza. Ralph e Richard apesar de irmãos, nunca foram muito amigos e talvez por isso, ele não tenha contado dos acontecimentos. Mas isso não me deixa na zona de conforto. Não confio em Ralph, muito menos em Richard ou Sophie e passe o tempo que passar, nunca vou me esquecer das ameaças que sofri no dia do jantar de noivado. Se tem alguém que eu odeio nesse mundo, é o maldito Richard que ameaçou minha família.

Os dias aqui passam depressa e sei que falta apenas metade do curso para que eu seja obrigada a voltar para ''casa'' e eu não quero nem imaginar como será isso. Com certeza, será uma convivência mais que insuportável. Talvez, eu alugue um apartamento no centro e fique por lá mesmo. Faz tempo que deixei de me importar com o que falam de mim nos jornais.

Logo na primeira semana, fui chamada a secretaria e foi me entregue alguns papeis para que eu assinasse. Era o divórcio! Eu li e assinei, achando que essa novela tinha acabado... doce engano! Uma semana depois me foi passado que o pedido de divórcio havia sido cancelado e mais nenhuma informação me foi passada. O que será que aconteceu?

Aqui no campus institucional, temos direito a quatro visitas por mês, mas não podemos, de forma alguma, sair do instituto. Todas as visitas, são nos finais de semana. Os visitantes podem vir na sexta a tarde e ir embora no domingo a noite. Carla e eu éramos as únicas que não recebiam visitas, então, fazíamos companhia uma para a outra, junto ao bebê, que está nos últimos meses e descobrimos que é uma menina, mas ainda não tem nome. O pai do bebê também tentou entrar em contato, mas Carla o impediu. Em nossas conversas, ela desabafou e me contou que ele era agressivo e até tentou fazer com que ela tirasse o bebê, mas por opção, ela quis continuar com a gestação e ser mãe solo. A propósito, Jean e eu somos os padrinhos e a gente já até escolheu o presente pela internet, já que não podemos sair do espaço do campus. Compramos um berço e já foi entregue também, já que está na reta final da gravidez e a qualquer momento, a baby vem dar um alô. E sim, a Carla vai ter a bebê dentro do campus e receberá toda a assistência necessária que uma mamãe merece. E estamos ansiosos, inclusive, o nome da mocinha será escolhido em grupo. A mamãe, o dindo e a dinda.

 A mamãe, o dindo e a dinda

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Perdendo-me Em TiOnde histórias criam vida. Descubra agora