02 - por que você não vem aqui e repete isso na minha cara?

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"Acredite e aja como se fosse impossível fracassar." Charles Kettering

POV Toni

Eu não dormia há vinte e quatro horas.

Levanto da cama e checo o frigobar em meu quarto procurando mais energético e eles infelizmente acabaram, bufo frustrada lembrando que preciso comprar mais. Meus tios viajam em alguns instantes e vão deixar toda a responsabilidade da máfia nas minhas mãos e nas de Jughead, sei que meu primo está zero preocupações com isso, na verdade nada nunca o preocupava e isso me fazia sentir uma inveja imensa dele. Mas ao meu ponto de vista não havia como preocupações serem inexistentes, Southside Serpents era muito além do que uma máfia, era uma família onde todos os membros cuidavam uns dos outros, e estando no comando agora caberia a mim cuidar para que tudo mantivesse a ordem.

— Onde vocês vão pegar o jatinho? – Escuto Jughead perguntar lá fora.

— Aeroporto, não conseguimos uma pausa aqui querido. – Gladys Jones responde e eu saio do quarto dando de encontro com ela instantaneamente.

— Toni meu bem, bom dia! Achei que não tinha acordado ainda. – Ela diz sorrindo para mim gentil como sempre é, eu achava sensacional o fato de ela parecer ao mesmo tempo uma mãe fofinha e uma super criminosa da máfia, quando eu for mãe vou querer ser igualzinha.

— Acordei já tem um tempinho, tia. – Minto, afinal de contas não quero preocupar ninguém com meu nervosismo.

— Todas as malas estão no carro – FP Jones surge vestindo um sobretudo preto, tenho a impressão de que ele cortou o cabelo — Algo mais pra levar, amor?

— Nadinha, agora vamos que temos férias pra tirar! – Gladys finaliza esfregando as mãos animada, entramos no carro rapidamente, ele é luxuoso mas não o reconheço. Deve ser um novo, pra variar.

[...]

Ao chegarmos no aeroporto percebo que não tomei café da manhã, caminho até uma cafeteria e pego um chá quente, quando volto FP me puxa para um canto, nessa vista consigo enxergar os aviões subindo e desaparecendo entre as nuvens.

— Eu sei que você está nervosa, te conheço desde que você nasceu, mas não precisa ficar, certo? Você é capaz.

Respiro fundo antes de responder.

— É tanta coisa em jogo, tio. Todo o nosso império, entende? Eu seria maluca de não estar nervosa.

Ele me encara e sorri.

— Toni, me escute com atenção. Quando seus pais nos confiaram a honra de sermos seus padrinhos, eu e Gladys não conseguíamos segurar nossa felicidade, era como se eles tivessem nos dado uma filha – consigo notar que seu tom está emocionado, ah céus... eu vou acabar chorando — E quando seus pais... partiram... boa parte do meu coração foi enterrada junto com eles.

Nesse momento eu sinto as lágrimas quentes como chá descerem por minha bochecha, meu tio também está chorando.

— Mas nós criamos você, te vimos crescer e o quanto você é brilhante, suas habilidades são incríveis, eu não confiaria o império que construí junto aos seus pais em suas mãos e nas de Jug se vocês não fossem capazes.

Eu sorrio porque ele tem razão.

— Obrigada, tio. Isso vale muito pra mim! – Nesse momento eu sinto Gladys envolver seus braços ao meu redor me abraçando, ela diz para mim e Jughead:

— Comportem-se vocês dois, ok? E cuidado nas festas! Vocês, Fogarty, Sweet e Heather são impossíveis! Qualquer problemas nos liguem, qualquer mínimo problema, ouviram? Ouviu Jughead Jones? Toni Topaz?

Sim, chefe – Respondemos juntos.

Mais abraços são contados e ordens de "tomem cuidado" foram dadas até eles subirem no jatinho sem parada certa, eu sorrio com o sentimento do que vem pela frente ser tão incerto quanto o destino da viagem dos meus tios, mas a sensação é ótima.

[...]

— E aí, preparada pra comandar, tampinha? – Jug me pergunta e eu soco seu braço de brincadeira.

— Você sabe que nasci pronta pra isso.

Ele faz uma reverência antes de me responder ainda brincando — Sabe que não precisa se preocupar, né? Estamos juntos nessa.

— Eu sei – Respondo com um sorriso de canto, afinal é verdade.

O momento poderia ter sido muito mais bonito se eu não tivesse escutado uma certa frase e pior ainda, a voz a quem pertencia.

Hey Vee, você está sentindo esse cheiro? – Ela diz de forma irônica, sua amiga faz uma cara de nojo antes de responder:

Sim, C. Me parece cheiro de imitadores baratos, não é?

As duas começam a rir e meu sangue ferve. Me viro por completo com fogo nos olhos e digo bem alto:

Por que você não vem aqui e repete isso na minha cara?

Cheryl Blossom. Como explicar a nossa "relação?" Nos conhecemos desde crianças, frequentamos o mesmo colégio, moramos na mesma cidade, fomos as mesmas festas. Nossos pais sempre disseram que o Northside era problema e não devíamos dar espaço a eles. Bom... essa regra eu segui a risca, durante todo o colegial um dos meus passatempos favoritos além de dar uns amassos em líderes de torcidas era irritar aquela ruiva, fosse nos treinos de cheerleader, ou nas festinhas da escola, deixar Blossom com raiva era algo que me dava bastante alegria.

Após eu quase gritar ela dá longos passos e fica próxima a mim, sua amiga Veronica Lodge a acompanha, era outra garota que eu não suportava, não que ela estivesse sempre a sombra de Cheryl, muito pro contrário, cada uma tinha um sol para si.

— Qual parte quer que eu repita, Topaz? A que vocês copiaram nosso roubo de rubis na cara lavada?

Reviro meus olhos e dou minha risada mais debochada.

— Você é bem patética, Blossom.

— Se enxerga, Topaz!

— Se a gente copiasse os roubos de vocês – estreito meus olhos enquanto falo — Não seríamos tão ricos, seríamos?

Cheryl se aproxima ainda mais de mim, os cabelos vermelhos não se comparam com as chamas de ódio que seus olhos demonstram, eu não me intimido e me aproximo também, porém Jughead puxa meu braço.

— Ok, Cher... Chega – Lodge se intromete falando muito baixo — Tem algumas pessoas olhando já e você não vai querer discutir quem rouba bancos melhor em um local público, vai?

Ela respira fundo e lança um olhar de ódio puro para mim e Jughead antes de sair do aeroporto pisando duro. Aquela garota conseguia fazer uma cena quando queria, ein? Fico feliz que a tirei do sério igualzinho a época da escola, afinal era a minha especialidade e parece que nada mudou então.

— Você é muito doida, sua anã – Jughead diz me repreendendo.

— Ah, cala boca! Você viu que ela que começou!

— Certo, mas sabe o que vai melhorar seu humor, ein? Isso mesmo, uma festinha...

— É, pelo menos hoje é sexta...

— Esse é o espírito. Vamos falar logo com todo mundo! Fangs e Sweet tem que ver as bebidas, sabe se a Heather está na cidade?

Era incrível a animação que meu primo tinha para festas e tecnologia.

— Okay, vamos nessa... afinal das contas uma festa nunca matou ninguém.

By Blood - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora