31 - ironias do destino

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"Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino." Marguerite Yourcenar

Não lembro bem a hora que cheguei em casa, apenas me joguei na cama e dormi com a roupa que usei na festa, para falar a verdade, eu não conseguia me lembrar de nada nos últimos dias, tudo tinha a sensação de um enorme borrão sombrio e triste

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Não lembro bem a hora que cheguei em casa, apenas me joguei na cama e dormi com a roupa que usei na festa, para falar a verdade, eu não conseguia me lembrar de nada nos últimos dias, tudo tinha a sensação de um enorme borrão sombrio e triste.

Totalmente sem noção de tempo acordei tarde e desci pra tomar café na hora do almoço, minha cabeça latejava sem parar, "deve ser chifre, ein?" penso e dou uma risada triste da minha própria piada sobre mim mesma. Pego um copo de suco e viro de uma vez junto com a aspirina, encho o copo novamente e acendo um cigarro entre meus dedos, em questão de minutos Veronica se materializa na cozinha.

— Bom dia, Cher. – Está tão silencioso aqui que sua voz parece estar em um megafone.

— Bom dia, Vee.

— Você está com uma cara péssima. – Ela fala sem rodeios, eu levanto uma sobrancelha em desaprovação, pelo menos o roupão que eu usava era de seda legítima.

— Mas que porra de bom dia é esse?

— São só os fatos, Cheryl. E que diabos, você fumando uma hora dessas? Tá parecendo uma chaminé!

— Eu preciso me acalmar, entendeu? – Solto a fumaça entre meus dentes em direção à Veronica, ela a dispersa agitando as mãos.

— Coração partido não se cola com nicotina não, se cola com...

— Cala boca, Veronica! – Eu a interrompo — Nem me fale de putaria.

— Ué, por quê? Você não foi pra uma festa ontem? Deve ter jogado a água e passado o rodo, não era a antiga Blossom que havia voltado?

— Não consegui ficar com ninguém. – Veronica começa a gargalhar de forma debochada, acho que mereço isso.

— Por conta da Toni? – Ela responde com dificuldade já que estava rindo.

— Sim... eu sou uma filha da puta, né? A garota me larga e vai embora mas eu não consigo beijar, quem dirá foder alguém que não seja ela.

— Isso se chama amor, Cher.

— Que se foda. – Pressiono o cigarro contra o cinzeiro na mesa.

— Termina esse suco, precisamos conversar sobre isso.

Levanto as mãos em rendição e bebo todo o líquido do copo, Veronica respira fundo e me encara, o que está acontecendo? Ela só assume essa expressão quando vai me contar algo muito sério. Conforme Lodge conta a história preciso acender outro cigarro, não é possível que isso seja real é? Eu devo ter bebido muito e estou delirando, ou ainda não acordei e aquilo não passa de um pesadelo. Nossos pais mandaram matar os pais de Toni no passado? Nunca! Somos mafiosos? Sim, mas não imagino meu pai e meu tio fazendo algo desse nível tão baixo. Vou juntando as peças lentamente e enfim percebo, é por isso que ela foi embora, não é? Quem não iria? Os acontecimentos recentes começam a me afogar, mesmo com tudo isso Toni se despediu de mim e mandou eu me cuidar, no seu lugar eu teria colocado fogo na casa dela sem pensar duas vezes.

By Blood - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora