26/01/2031

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Wow. Ja faz mais de dez dias desde a ultima vez que escrevi.

Bom, não aconteceu muita coisa então acabei esquecendo de pegar o caderninho para escrever. Hoje lembrei porque me peguei pensando sobre isso e na falta que tem feito.

Da última vez, o pessoal voltou quase de noite. Parece que está havendo uma grande falta de alimentos nas grandes cidades, por isso tudo está muito caro e difícil de conseguir. Desde aquele dia ninguém saiu mais do sítio.

Dona Lurdes comprou sementes, algumas roupas, sacos de farinha, fubá, trigo, azeite e temperos. Além de água e vinho.

Ela disse que, por não sabermos quanto tempo mais esse caos vai se manter, é melhor prevenir com coisas menos perecíveis e roupas para uma eventual necessidade.

Não consigo entender o motivo dessa alta caótica dos preços... Parece um filme de terror apocalíptico o que estamos vivendo, é bem surreal. Graças a isso, os assaltos tem transformado cidades maiores em verdadeiros mares de sangue, mercados estão sendo deixados vazios... Todo mundo tem sofrido muito.

De alguma forma, me sinto muito mal por estar, tecnicamente, curtindo uma vida mais pacífica com um cara legal e uma família gentil em quanto tem literalmente gente morrendo lá fora. Tá uma porra de uma desgraça enorme e nós aqui, seguros e até conseguindo rir e fazer piada de políticos.

Só tem uma coisa errada por aqui. 

Minha preocupação com a Laura só cresce. Ela tem estado cada vez mais depressiva, tenta falar com a Clara todos os dias até não ter mais forças. Come pouco, acorda gritando, já tentou fugir e se mutilar algumas vezes.

Estou... Chocado. Dói ver uma mulher como ela nesse estado de desespero. Depois de tantas palestras motivacionais de autocontrole e serenidade diante das dificuldades... É quase uma ironia bem triste que ela não estaja nem mesmo disposta a ouvir ou ser ajudada. Eu venho tentando exaustivamente, mas estou num beco sem saída e começo a chorar junto quando ela fala qualquer coisa. Só consigo abraçar ela e dizer que vai ficar tudo bem.

Vai ficar tudo bem.

Eu repito tanto isso que nem sei se eu mesmo acredito.


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2033 [EM EDIÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora